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Foto: Reprodução - Jornal Nacional - TV Globo |
A análise da quebra dos sigilos bancário e fiscal de
investigados revelou uma rede complexa e estruturada de lavagem de dinheiro
A Polícia Federal (PF) prendeu, em São Paulo, dois suspeitos de envolvimento com o PCC e a máfia italiana
Um prédio comercial
na Zona Sul de São Paulo. Um escritório na área leste de Roma. Dois endereços
que, segundo a PF, o doleiro Thareck Mourad usou para movimentar dinheiro vivo
como pagamento pela venda de drogas no exterior. A polícia informou que prendeu
Thareck Mourad na sexta-feira (28/03), em São Paulo. Ele é apontado como elo
entre o PCC e a 'Ndrangheta, um grupo mafioso italiano.
"Esse dinheiro
não transita no sistema formal, até porque isso levaria ao rastreamento e à
identificação. Então, esse pagamento é feito no sistema paralelo, que são essas
operações conhecidas como operações do dólar cabo, que são um sistema de
compensação com a entrega de um dinheiro no país e retirada em outro, sem que
esse dinheiro ultrapasse as fronteiras, sem ter a remessa física desse
dinheiro”, afirma o delegado Eduardo Verza.
As investigações
também revelaram que Thareck Mourad é ligado a William Barile Agati, que se
apresentava como empresário, mas é apontado como uma espécie de faz-tudo do
PCC. Ele foi preso em janeiro. Em uma foto, os dois aparecem juntos em Dubai.
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William Barile Agate e Thareck Mourad em Dubai - Foto: Reprodução Jornal Nacional - TV Globo |
O MPF do Paraná
acusa Agati e Mourad, junto com outras doze pessoas, de tráfico internacional,
associação para o tráfico e organização criminosa. Segundo os investigadores, a
cocaína vinha da Colômbia, Bolívia e Peru. Entrava no Brasil pelas fronteiras
com Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Do Brasil, os grupos criminosos
levavam os carregamentos até a Europa, para países como Espanha e Bélgica. O
envio era feito por portos e também de avião.
Policiais
brasileiros também prenderam Marlon dos Santos, outro integrante do PCC
suspeito de ligação com Agati. Os investigadores dizem que Marlon ajudava a
enviar drogas pelos portos de Paranaguá e de Santos e esteve em pelo menos uma
reunião com um integrante da máfia italiana.
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Marlon dos Santos - Foto: Reprodução Jornal Nacional - TV Globo |
A polícia e o
Ministério Público Federal (MPF) conseguiram identificar os integrantes da
quadrilha por meio de uma cooperação com investigadores da Itália. Eles tiveram
acesso a mensagens que os criminosos trocavam por celular dentro de um
aplicativo que não exigia cadastro com os nomes reais dos usuários. O grupo se
comunicava por apelidos.
Em uma conversa, os
criminosos falam que estão com dificuldade para decolar em um avião que iria
para a Bélgica com uma tonelada de cocaína escondida em compartimentos abertos
no piso e nos bancos.
A análise da quebra
dos sigilos bancário e fiscal de investigados revelou uma rede complexa e
estruturada de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais entre
empresas e contas de fachada, também chefiada por Agati, segundo a PF. Ele é
sócio de, ao menos, oito empresas de ramos variados.
A PF diz que ele
abriu com sócios uma empresa de R$ 3,5 milhões para construir um prédio em
Santo André, na Grande São Paulo. Só que esse prédio já tinha sido construído
nove anos antes.
SAIBA MAIS: PCC-EUROPA: EMPRESÁRIO É SUSPEITO DE OPERAR “ROTA FIXA” DO TRÁFICO A PARTIR DO PORTO DE PARANAGUÁ
A procuradora
responsável pelo caso diz que as organizações criminosas têm se associado para
operar no tráfico internacional e usado formas de lavar dinheiro, mais difíceis
de rastrear.
"São as pessoas
que passam como empresários aqui no Brasil e que não são incomodadas com
investigações de tráfico porque misturam recursos ilícitos com atuações lícitas
e fica difícil de fato você comprovar que aquele recurso ilícito veio do
tráfico. A não ser nesses casos como a gente conseguiu com o acesso a mensagens
do aplicativo que era comercializado mundialmente com finalidade ilícita”,
afirma Hayssa Kyrie Medeiros Jardim, procuradora da República.
A defesa de Tharek
Mourad disse que ele já havia sido solto por meio de habeas corpus e que os
autos expõem a arbitrariedade da nova prisão.
A defesa de William
Barile Agati disse que ele é inocente e que isso vai ficar provado ao final do
processo.
O Jornal Nacional
não conseguiu contato com a defesa de Marlon Santos.
Clique aqui e tenha
acesso a matéria do Jornal Nacional
Fonte: Jornal Nacional – TV Globo
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