Balanço de apreensões de 2024 refletem medidas de proteção
do mercado nacional, do consumidor e da segurança pública
No dia 27 de
fevereiro, foi apresentado pela Receita Federal do Brasil (RFB), o balanço de apreensões
realizadas em 2024 e as principais medidas da Aduana no enfrentamento ao crime
organizado.
A RFB está se
posicionando cada vez mais como um órgão atuante na segurança pública
brasileira, adotando medidas de aduana para o enfrentamento ao crime
organizado. Esse posicionamento vem tendo impacto sobre o número de apreensões
de mercadorias que são fruto de contrabando e descaminho, como cigarros e
outros artigos eletrônicos, além de combustíveis e drogas.
O secretário
especial da RFB, Robinson Barreirinhas, disse que, quando se fala da Receita
Federal, logo se pensa em imposto de renda e arrecadação de tributos, passando
despercebido da população que a RFB abrange também a aduana brasileira. “Se a
função principal da Aduana é a facilitação do comércio internacional, ela
naturalmente acaba trabalhando diretamente nisso, na proteção do mercado
nacional, na proteção do consumidor brasileiro e na segurança pública, porque
infelizmente é por meio de transações internacionais que o crime organizado,
muitas vezes, se financia aqui no Brasil”, comentou o secretário,.
Combustíveis e cigarros
O balanço mostra
que, somente em 2024, um montante de R$ 5 bilhões em combustíveis retidos pela
fiscalização entraram no mercado mediante ações judiciais. Para o subsecretário
de Administração Aduaneira da RFB, Fabiano Coelho, os combustíveis ilustram bem
a importância da articulação entre os órgãos públicos envolvidos nesses casos,
porque existe uma forte pressão do segmento econômico para a utilização desses
produtos.
“Todos nós
utilizamos isso, todos os dias, e a indústria também. Então, é uma forte
pressão para que haja a liberação, porque a cadeia logística precisa dar vazão,
não só para o consumo, como não existe capacidade de consumo e armazenagem.
Então, geralmente, as liberações judiciais são concedidas em função dessa
urgência, dessa necessidade, sem análise do mérito”, afirmou. Ele salientou que
o setor está sobrecarregado de irregularidades que precisam ser combatidas, não
só pela Receita Federal, mas também por outros órgãos públicos com competência
na área.
Já quanto à
apreensão de mercadorias fruto do contrabando e descaminho, a Receita Federal
registrou o montante de R$ 3,76 bilhões de reais, em 2024, com uma média
superior a R$ 3,5 bilhões em volume de apreensões nos últimos anos.
O carro-chefe é o
cigarro. Só o cigarro comum tem uma média, desde 2020, de R$ 1 bilhão anual em
valor de mercado apreendido. A Receita nota a conexão desse crime com milícias
privadas, que formam quadrilhas para tomar conta dessas rotas.
As apreensões de
cigarros eletrônicos saltaram de R$ 61,8 milhões em 2023 para R$ R$ 179,4
milhões no ano passado, graças a ações para evitar a continuidade desse ilícito
e a busca de integrações para a derrubada de sites, cassação da licenças e
outras medidas que fortaleçam o combate ao contrabando desses itens.
Contrabando e tráfico de drogas
O secretário
Barreirinhas contou ter acompanhado pessoalmente uma operação de repressão ao
contrabando de cigarros eletrônicos, em São Paulo, com a notificação do
responsável de que contrabando e descaminho é crime, inclusive com pena maior
do que a de furto no Brasil. “No dia seguinte, eu passei no estabelecimento e
estava tudo lá de volta. Por quê? Porque é uma sensação de impunidade”,
lamentou.
Para evitar esse
tipo de situação, a Receita publicou duas Instruções Normativas inovadoras. Uma
delas prevê a suspensão cautelar dos CNPJs de estabelecimentos pegos com
produtos contrabandeados. Outra proíbe o uso dos portos brasileiros para o
trânsito de cigarros eletrônicos. Além disso, com a suspensão do CNPJs, o órgão
vai informar aos municípios – que têm a competência em relação aos alvarás de
funcionamento – para suspender a licença dos estabelecimentos.
Sobre artigos
eletrônicos, em 2024, a Receita Federal registrou o montante de R$ 920 milhões
em mercadorias apreendidas. De acordo com o coordenador-geral de Combate ao
Contrabando e Descaminho, Raphael Eugênio de Souza, foi o melhor resultado do
histórico de apreensões desses itens pelo órgão federal, inclusive, passando
pela primeira o volume de cigarros, o que pode ser explicado pelo consumo maior
de cigarros eletrônicos.
Tráfico de drogas
Nas operações contra
o tráfico de drogas, no ano passado, a Receita Federal também bateu um recorde
em quantidade de apreensões, chegando próximo a 70 toneladas, com leve alta em
relação ao recorde anterior, que foi de 2020.
Maior repercussão penal
Segundo a
Subsecretaria de Administração Aduaneira, além das medidas envolvendo o CNPJ de
empresas envolvidas em contrabando, a alteração da Portaria 1750/2018 terá
outros impactos na repercussão penal.
Um deles é
fortalecer os elementos que compõem as representações mais relevantes,
contribuindo ainda mais com a atuação do Ministério Público Federal (MPF). A
ideia é que a fiscalização possa fornecer todos os elementos de prova para que
o MPF ofereça denúncia de uma forma mais embasada.
Também será possível
ampliar a efetividade, a partir da representação de crimes praticados em
conjunto com o contrabando e descaminho. Nesse caso, se durante uma
fiscalização se observar a prática de outros crimes, a alteração na lei permite
fornecer esses elementos para o MPF oferecer a denúncia de uma forma mais
completa. “A intenção agora é que todas essas informações já sejam enviadas
desde o início da representação, o que vai acelerar e dar maior abrangência ao
processo”, explicou o delegado da Alfândega de Guarulhos, Mário de Marco,
durante a coletiva.
Por fim, a Receita
busca melhorar a publicidade das informações, para que a sociedade acompanhe os
crimes representados com mais precisão. “Vamos ampliar a transparência ativa.
Hoje, a Receita Federal já divulga as representações criminais na internet, mas
de uma maneira não tão fácil de ser acessada. Nós faremos uma listagem dos
contrabandistas pegos pela Receita Federal e das representações feitas,
detalhando o volume apreendido e os valores apreendidos”, anunciou o secretário
Robinson Barreirinhas.
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