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domingo, 9 de março de 2025

PJ DE PORTUGAL REALIZA OPERACÃO PARA DESMANTELAR ORGANIZAÇÃO QUE TRAFICAVA DROGA PROVENIENTE DO BRASIL


A Polícia Judiciária suspeita que funcionários da Autoridade Tributária nas alfândegas tenham sido subornados pelo PCC

No dia 25 de fevereiro, a Polícia Judiciária (PJ) de Portugal, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, com o apoio da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Entorpecentes, realizou buscas na área metropolitana de Lisboa, em Setúbal, Sines e Leiria por suspeitas de corrupção nos portos visando o tráfico internacional da América Latina para a Europa.

A “Operação Porthos” contou com a presença de 150 inspetores e peritos de diversas unidades de apoio da PJ, e foi acompanhada por quatro magistrados do Ministério Público para a execução de 32 mandados de busca, dos quais 14 domiciliárias e 18 não domiciliárias, para recolha de elementos de prova complementares.

Objetivo da operação

O objetivo desta operação foi, sobretudo, desmantelar a rede de tráfico internacional de drogas que estaria montada. A DEA - Agência Antidroga dos Estados Unidos colaborou nesta operação com meios tecnológicos.

Agentes aduaneiros presos

A investigação, com mais de dois anos, detectou que os alvos mantinham uma rotina na sua teia de relações com as grandes redes de narcotráfico.

A operação, considerada histórica, conseguiu identificar pela primeira vez funcionários da Autoridade Tributária. Até agora, apenas estivadores tinham sido detidos por ligações suspeitas a poderosas redes internacionais de tráfico.

Segundo as autoridades, os quatro inspetores da alfândega, em cujas casas foi apreendido meio milhão de euros em notas, recebiam comissões até 20% pela droga que permitiam entrar no país sem fiscalização.

De acordo com uma fonte judicial, grande parte das comissões teria sido transferida para contas bancárias em Cabo Verde.

Três a quatro mil euros por cada quilo de várias toneladas de carregamentos que entraram no país todos os anos através dos portos marítimos.

PJ deteve quatro pessoas, das quais dois funcionários da Autoridade Tributária (AT), e realizou buscas em endereços de 15 pessoas. Entre os suspeitos estão funcionários da Autoridade Tributária (AT) e Aduaneira e funcionários dos próprios portos nacionais, nomeadamente de Lisboa, Setúbal e Sines.

Segundo a PJ, foram ainda apreendidos mais de meio milhão de euros em numerário, 10 veículos e cinco armas de fogo, além de equipamentos eletrônicos, computadores, celulares e documentação diversa.

Os inspetores detidos, depois de meses de investigação, eram conhecidos da Polícia Judiciária com quem haviam colaborado no passado em outras investigações.

PCC

Em comunicado, a PJ informou que a “Operação Porthos” investiga a beneficiação de organizações criminosas dedicadas à exportação de elevadas quantidades de cocaína a partir da América Latina.

“Estas organizações criminosas usam os portos marítimos nacionais como porta de entrada de produtos entorpecentes no continente europeu, dissimulados em diversos produtos acondicionados em contêineres”, acrescenta a instituição.

A investigação resulta da cooperação policial internacional e em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro.

A PJ suspeita que funcionários da Autoridade Tributária nas alfândegas tenham sido subornados pelo PCC – Primeiro Comando da Capital, do Brasil, e cartéis colombianos para deixar passar a droga. Os funcionários da AT deixariam sair dos portos, por via terrestre, em caminhões, contêineres com grandes quantidades de cocaína. 

Apreensão

No dia 24 de fevereiro, agentes aduaneiros apreenderam no Porto de Sines 264,4 kg de cocaína dissimulada num contêiner carregado de produtos alimentares proveniente do Porto de Paranaguá, no Brasil.

A droga apreendida foi entregue pela AT à Polícia Judiciária, que é o órgão de polícia competente para a investigação criminal do tráfico de entorpecentes, de acordo com a legislação daquele país.

A investigação vai prosseguir no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público.

Aquela autoridade confirma ainda que em investigação estão eventuais crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais.

Segundo as autoridades, m dos inspetores detidos, trabalhava no Porto de Setúbal onde, nos últimos anos, terá colaborado também com um dos maiores traficantes portugueses, conhecido como “Xuxas”, condenado há 4 meses a 20 anos de prisão. Ele é suspeito de ser pago pela rede criminosa para controlar a mercadoria dos navios provenientes da América do Sul e garantir que chegassem ao destino.

SAIBA MAIS: MP PORTUGUÊS DENUNCIA 18 ALIADOS DE 'ESCOBAR BRASILEIRO' POR NARCOTRÁFICO


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