A Polícia Judiciária suspeita que funcionários da Autoridade Tributária
nas alfândegas tenham sido subornados pelo PCC
No dia 25 de
fevereiro, a Polícia Judiciária (PJ) de Portugal, através da Unidade Nacional
de Combate à Corrupção, com o apoio da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico
de Entorpecentes, realizou buscas na área metropolitana de Lisboa, em Setúbal,
Sines e Leiria por suspeitas de corrupção nos portos visando o tráfico internacional
da América Latina para a Europa.
A “Operação Porthos” contou com a presença de 150 inspetores e peritos de diversas unidades de apoio da PJ, e foi acompanhada por quatro magistrados do Ministério Público para a execução de 32 mandados de busca, dos quais 14 domiciliárias e 18 não domiciliárias, para recolha de elementos de prova complementares.
Objetivo da operação
O objetivo desta
operação foi, sobretudo, desmantelar a rede de tráfico internacional de drogas
que estaria montada. A DEA - Agência Antidroga dos Estados Unidos colaborou
nesta operação com meios tecnológicos.
Agentes aduaneiros presos
A investigação, com
mais de dois anos, detectou que os alvos mantinham uma rotina na sua teia de
relações com as grandes redes de narcotráfico.
A operação,
considerada histórica, conseguiu identificar pela primeira vez funcionários da
Autoridade Tributária. Até agora, apenas estivadores tinham sido detidos por
ligações suspeitas a poderosas redes internacionais de tráfico.
Segundo as
autoridades, os quatro inspetores da alfândega, em cujas casas foi apreendido
meio milhão de euros em notas, recebiam comissões até 20% pela droga que
permitiam entrar no país sem fiscalização.
De acordo com uma
fonte judicial, grande parte das comissões teria sido transferida para contas
bancárias em Cabo Verde.
Três a quatro mil
euros por cada quilo de várias toneladas de carregamentos que entraram no país
todos os anos através dos portos marítimos.
PJ deteve quatro
pessoas, das quais dois funcionários da Autoridade Tributária (AT), e realizou
buscas em endereços de 15 pessoas. Entre os suspeitos estão funcionários da
Autoridade Tributária (AT) e Aduaneira e funcionários dos próprios portos
nacionais, nomeadamente de Lisboa, Setúbal e Sines.
Segundo a PJ, foram
ainda apreendidos mais de meio milhão de euros em numerário, 10 veículos e
cinco armas de fogo, além de equipamentos eletrônicos, computadores, celulares
e documentação diversa.
Os inspetores detidos,
depois de meses de investigação, eram conhecidos da Polícia Judiciária com quem
haviam colaborado no passado em outras investigações.
PCC
Em comunicado, a PJ informou
que a “Operação Porthos” investiga a beneficiação de organizações criminosas
dedicadas à exportação de elevadas quantidades de cocaína a partir da América
Latina.
“Estas organizações
criminosas usam os portos marítimos nacionais como porta de entrada de produtos
entorpecentes no continente europeu, dissimulados em diversos produtos
acondicionados em contêineres”, acrescenta a instituição.
A investigação
resulta da cooperação policial internacional e em causa estão suspeitas de
corrupção ativa e passiva, tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro.
A PJ suspeita que
funcionários da Autoridade Tributária nas alfândegas tenham sido subornados
pelo PCC – Primeiro Comando da Capital, do Brasil, e cartéis colombianos para
deixar passar a droga. Os funcionários da AT deixariam sair dos portos, por via
terrestre, em caminhões, contêineres com grandes quantidades de cocaína.
Apreensão
No dia 24 de fevereiro, agentes aduaneiros apreenderam no Porto de Sines 264,4 kg de cocaína
dissimulada num contêiner carregado de produtos alimentares proveniente do
Porto de Paranaguá, no Brasil.
A droga apreendida
foi entregue pela AT à Polícia Judiciária, que é o órgão de polícia competente
para a investigação criminal do tráfico de entorpecentes, de acordo com a legislação
daquele país.
A investigação vai
prosseguir no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público.
Aquela autoridade
confirma ainda que em investigação estão eventuais crimes de corrupção ativa,
corrupção passiva, tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais.
Segundo as
autoridades, m dos inspetores detidos, trabalhava no Porto de Setúbal onde, nos
últimos anos, terá colaborado também com um dos maiores traficantes
portugueses, conhecido como “Xuxas”, condenado há 4 meses a 20 anos de prisão. Ele
é suspeito de ser pago pela rede criminosa para controlar a mercadoria dos
navios provenientes da América do Sul e garantir que chegassem ao destino.
SAIBA MAIS: MP PORTUGUÊS DENUNCIA 18 ALIADOS DE 'ESCOBAR BRASILEIRO' POR NARCOTRÁFICO
A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
* Texto: O texto deste artigo relata acontecimentos, baseado em fatos obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis e dados observados ou verificados diretamente junto a colaboradores.
* Direitos Autorais: Os artigos e notícias, originais deste Portal, tem a reprodução autorizada pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e adicionado o link do artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.