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Foto: Reprodução TV Globo |
Ele era sócio de Edmilson de Meneses, o Grilo, membro da
facção. Juntos, enviavam cocaína para a Europa pelo Porto de Paranaguá
Segundo a Polícia
Federal, Barille chegou a movimentar R$ 2 bilhões no sistema financeiro
brasileiro. Ele se entregou à Justiça no início do ano.
O Programa
Fantástico, exibido pela rede Globo de Televisão no último domingo (23/02),
mostrou uma reportagem sobre o líder de uma organização criminosa (ORCRIM), que
atuava no Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná.
Segundo a Polícia
Federal (PF), o líder desse grupo criminoso chegou a movimentar R$ 2 bilhões no
sistema financeiro brasileiro. Ele se entregou à Justiça no início do ano.
Conheça o líder do tráfico chamado pela polícia de concierge do PCC
Willian Barille, de
37 anos, vivia como empresário numa área nobre da Grande São Paulo. Mas,
segundo as autoridades, ele é um megatraficante que conectava organizações
criminosas de vários lugares do mundo, incluindo a máfia italiana. Utilizando
um aplicativo de mensagens secreto, Barile mantinha uma rede internacional a
serviço do crime.
Em 2020, em
Florianópolis, Barille era o dono de uma mansão com vista para o mar. Ele
curtia a vida e os negócios ao lado de amigos e sócios.
Mansão de Barille em Florianopólis - Foto: Reprodução TV Globo
Segundo Eduardo
Versa, delegado da Polícia Federal (PF) e supervisor do grupo especial de
investigações sensíveis no Paraná, entre 2018 e 2022, Barille movimentou R$ 2
bilhões no sistema financeiro brasileiro. Ele diz que ainda existem indicativos
de investimentos no exterior, investimentos nos Emirados Árabes, investimentos
na Itália, investimentos em outros países da Europa.
Barille falava
várias línguas e se apresentava como um homem de sucesso, dono de nove
empresas. Mas a polícia descobriu que essas empresas eram usadas para lavagem
de dinheiro do tráfico.
"Nessas
empresas, a gente constatou vários indicativos do uso delas para lavagem de
dinheiro e diversas metodologias também, como aquisição de bens, como
estruturação contábil”.
Porto de Paranaguá
Para as autoridades,
Barille era um "faz tudo" do PCC, fornecendo contatos e logística no
Brasil e no exterior. Ele era sócio de Edmilson de Meneses, o Grilo, membro da
facção. Juntos, enviavam cocaína para a Europa pelo Porto de Paranaguá.
Edmilsom de Menezes, o Grilo - Foto: reprodução TV Globo
De acordo com as
autoridades, o grupo de Barille tinha acesso à área interna do porto e às
informações privilegiadas sobre a exportação.
Os criminosos
traziam a cocaína em caminhões, abriam os contêineres que já tinham sido
escaneados e inseriam a droga rapidamente. Os contêineres eram escolhidos a
dedo. Pertenciam a empresas idôneas e com boa reputação. E que, portanto, não
eram verificados fisicamente. Isso possibilitava o envio de grandes
quantidades. Centenas e centenas de quilos.
Droga sendo inserida dentro de conteiner no Porto de Paranaguá - Foto: Reprodução TV Globo
Processo de inserção da droga
O processo era
assim: o caminhão entrava no porto para descarregar um contêiner. Logo depois,
parava em um local determinado e um homem abria a porta do carona e levava a
droga para dentro do contêiner. No vídeo exibido pelo Fantástico, foram dez
malas com cocaína.
"Eles
necessariamente precisam de informações privilegiadas de funcionários do
terminal do contêineres", afirma Versa.
Barille tinha
contratado a quadrilha do atravessador Jefferson Barcelos de Oliveira, um
guarda civil municipal de Paranaguá, para fazer a logística criminosa. Barcelos
corrompia funcionários do porto e coordenava os carregamentos.
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Jeferson Barcelos de Oliveira - Guarda Civil Municipal - Foto: reprodução TV Globo |
Os primeiros
registros dos negócios entre Barille e Barcelos são de junho de 2019, quando
houve uma reunião entre Barcelos e um comparsa de Barille num apartamento da
máfia italiana em Praia Grande, litoral paulista.
O mafioso italiano
Nicola Assissi, que vivia foragido no Brasil, foi o anfitrião do encontro.
"Nicola Assisi
era conhecido como o fantasma da Calábria. Ele era o responsável pelo
escritório latino-americano da Ndrangueta", diz Raíssa Kyrie Jardim,
procuradora da República.
As autoridades
acreditam que a máfia da Calábria enviava drogas da América do Sul para a
Europa com o grupo de Barille.
Droga roubada
Em julho de 2019,
Nicola Assisi e seu filho foram presos pela PF. No entanto, os negócios entre
Barille e Barcelos continuaram até que dois carregamentos para a Europa com 770
kg de cocaína foram roubados em 2020.
SAIBA MAIS: PF PRENDE SUSPEITOS DE INTEGRAR MÁFIA ITALIANA
Homens de Barille
foram à casa do atravessador responsável pela operação no porto para tirar
satisfação. Um comparsa de Barcelos que estava na casa ligou para o irmão.
Minutos depois, a
Polícia Militar chegou e prendeu todos em flagrante. Em um grupo de mensagem,
Grilo, sócio de Barille e membro do PCC, disse que se vingaria da quadrilha de
Barcelos.
Segundo a PF,
Barille matava quem o roubava. Em maio de 2020, Jefferson Barcelos foi executado.
Segundo os investigadores, Barille enviou uma foto do corpo para os comparsas
na Europa: "O guarda caiu. Nós fomos roubados e matamos quem nos
roubou."
O grupo ainda teria assassinado outras três pessoas ligadas a Barcelos.
Barille montou uma
nova equipe e continuou a enviar drogas pelo Porto de Paranaguá. Em dezembro de
2020, dois carregamentos de cocaína dele foram apreendidos, um deles com meia tonelada e outro de 322 quilos. Mas nessa época, outro meio de transporte já
era usado pela organização dele.
Uso de aviões particulares
De acordo com as
investigações, Barille usava aviões particulares para transportar drogas à
Europa. Em um único voo, essa aeronave, que foi apreendida pela PF, levou quase
uma tonelada de cocaína para Bruxelas, na Bélgica.
Os criminosos
colocavam a droga no bagageiro, no assoalho, debaixo de poltronas, em
compartimentos secretos, chamado de mocós.
Um dos voos saiu de
São Luís com destino à Bélgica. No meio do caminho, o piloto comenta que foi
difícil decolar e comentam sobre o peso.
Grupo foi monitorado
Desde 2020, a Polícia
Federal do Brasil e o Ministério Público Federal (MPF) vêm monitorando os
passos da organização de Barille, um trabalho feito em conjunto com autoridades
da Itália.
A cooperação
permitiu que a PF tivesse acesso às mensagens trocadas entre os integrantes por
meio de um aplicativo secreto, chamado SKYECC, que precisava de um telefone
próprio e que mantinha os usuários em anonimato.
"A França
detectou, conseguiu monitorar esse aplicativo, junto também com a Bélgica, se
detectou ali a atuação de vários agentes criminosos espalhados pelo mundo
inteiro", diz Anamara Osório e Silva, procuradora-chefe da unidade de
cooperação internacional da Procuradoria Geral da República.
Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito do PPC
De acordo com as
autoridades, mensagens no aplicativo revelaram, inclusive, um plano de Barille
para ajudar Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito do PPC,
Marcos Camacho, o Marcola.
Fuminho tinha sido
preso em Moçambique e queria fugir da cadeia. "Ele apareceu nas mensagens
do SKYECC, sendo um dos coordenadores, da tentativa do resgate do Sr.
Fuminho", diz a procuradora Raíssa Kyrie Jardim.
Barille pretendia
pagar US$ 2,5 milhões em propina a policiais moçambicanos para libertar
Fuminho, e depois escondê-lo nos Balcãs, onde Barille tinha relações com grupos
criminosos. Barille contratou um cônsul honorário de Moçambique para ajudar no
plano.
Fuminho foi
extraditado e hoje está em um presídio federal brasileiro. A defesa do cônsul
Deostede diz que não recebeu qualquer intimação e nega qualquer envolvimento em
atividades ilícitas.
Em dezembro do ano
passado, a PF fez uma operação contra Barille. Foi realizada busca e apreensão
em 31 endereços ligados a ele, como na mansão em que vivia em um condomínio de
luxo em Alphaville, área nobre da Grande São Paulo, além da sua casa em Florianópolis.
Barille ficou foragido por mais de um mês e depois se entregou
Edmilson Meneses, o
Grilo, morreu dois meses antes da operação. Barille ficou foragido por mais de
um mês e depois se entregou. Na audiência de custódia, ele disse que se coloca
à disposição da justiça.
"Willian
Barille desconhece o SKYECC, ele nunca utilizou esse telefone criptografado, e
nunca praticou nenhum ato ilícito, muito menos tráfico de drogas", diz
Eduardo Maurício, advogado de Barille.
Para a Polícia
Federal, não há dúvidas de que ele comandava a organização por meio do
aplicativo e já tinha outros planos.
Clique aqui e veja a reportagem no Programa Fantástico.
Fonte: Programa Fantástico– Rede Globo de Televisão
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