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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

POLÍCIA CIVIL PRENDE POLICIAIS ENVOLVIDOS EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


Um deles era estivador e tinha tem uma empresa de transporte atuando nos portos da Bahia e o outro prestava concurso no Porto de Paranaguá

A cada dia o crime organizado vêm se infiltrando cada vez mais nas forças de segurança, e a área portuária passou a ser um dos focos, em virtude do tráfico internacional de drogas.

Na última quinta-feira (9), oito pessoas, entre elas dois policiais militares, foram presas em uma operação de combate a uma organização criminosa (Orcrim) envolvida em extorsão mediante sequestro com resultado morte, tráfico de entorpecentes e lavagem de capitais.

A operação, articulada pela Polícia Civil da Bahia, batizada de “Indignos” foi realizada nos estados da Bahia, São Paulo, Paraná, Amazonas e Ceará. Dois alvos são policiais militares suspeitos de chefiar crimes. 

Cerca de 200 policiais participaram da operação - Foto: Divulgação PCBA

Os dois policiais militares presos são baianos. Um deles foi preso em Candeias e o outro no Paraná. Eles são considerados chefes do grupo criminoso. Das outras seis prisões, quatro aconteceram na capital baiana.

Segundo o delegado Thomas Galdino, diretor do Departamento Especializado de Investigações Criminais (DEIC), foi cumprido seis mandados de prisão temporária e 26 de busca e apreensão. Dois suspeitos foram presos em flagrante.

Na Bahia, a operação foi feita por cerca de 200 policiais em 10 bairros de Salvador e nas cidades de Candeias, Camaçari, Lauro de Freitas e Dias D'Ávila.

Uma das residências onde foi cumprido o mandado - Foto; Divulgação PCBA

Prisões                            

Cinco pessoas foram presas em Salvador, capital da Bahia, e nas cidades de Candeias, Lauro de Freitas, Dias D’Ávila e Camaçari, na região metropolitana de Salvador.

Segundo o delegado Adailton Adam, responsável Delegacia de Repressão à Extorsão Mediante Sequestro, um dos policiais militares trabalhava também no Porto de Salvador como estivador. A Polícia Civil identificou que ele tinha fácil acesso a contêineres carregados de drogas e armas.

“Um dos policiais presos também é estivador e tem uma empresa de transporte atuando nos portos da Bahia. Isso facilitava a entrada dele na área do Porto, Identificamos que as drogas eram guardadas também na empresa dele e depois era distribuída para Salvador e Região Metropolitana”, disse.

O delegado também contou que o policial realizava falsas denúncias anônimas à polícia, para ter acesso ao material ilícito. O mandado de prisão dele foi cumprido no Porto de Aratu.

O mandado foi cumprido no Porto de Aratu - Foto: Reprodução

“Eles davam a informação para que a polícia fosse fazer a apreensão no Porto. Só que eles já tinham o conhecimento onde as drogas estavam e retiravam parte dela para comercializar”, completou.

Paraná

A Polícia Civil do Paraná (PCPR), em apoio a Polícia Civil da Bahia (PCBA), prendeu um policial militar em Curitiba, no Paraná.

Foto: Divulgação: PCPR

Conforme o delegado Rodrigo Brown, durante a investigação, os policiais descobriram que o PM estava participando de um processo seletivo para trabalhar no Porto de Paranaguá, no litoral do estado.

A suspeita da polícia é de que o homem queria se infiltrar na região portuária para atuar no tráfico internacional de drogas.

Foto: Divulgação PCPR

Amazonas

A Polícia Civil do Amazonas confirmou na sexta-feira (10) o afastamento do delegado Jorge Arcanjo, suspeito de participação nessa Orcrim.

O delegado, que foi aprovado no último concurso da corporação, é suspeito de prática criminosa cometida antes da nomeação ao cargo, em 2023, no estado da Bahia.

Jorge Arcanjo estava lotado no 74º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no município Borba, a 151 quilômetros de Manaus.

As diligências contaram com o apoio do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), do Departamento de Inteligência e Polícia Judiciária (DIPJ) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core-AM).

O mandado contra Jorge Arcanjo foi cumprido no condomínio Central Park, localizado no bairro Adrianópolis. Na ocasião, foi apreendido um carro modelo Mercedes.

Ceará e São Paulo

Também houve prisões no Ceará e São Paulo. No total, foram cumpridos seis mandados de prisão temporária. Dois suspeitos foram presos em flagrante. "Eles seriam os líderes dessa organização criminosa, mas as investigações continuam para esclarecer os fatos", afirmou o delegado Thomas Galdino.

Investigação

Segundo o delegado Adailton Adam, da Delegacia de Repressão à Extorsão Mediante Sequestro (DAS), as investigações foram iniciadas em 2023, após o sequestro e morte de Ivan de Almeida Freitas. O homem foi sequestrado em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) e teve o corpo encontrado em Salvador. A família da vítima chegou a pagar R$200 mil pelo resgate, mas ele foi morto mesmo assim.

“Ivan era líder da mesma organização criminosa e o seu sequestro e morte foram realizados para que os policiais assumissem o comando”, afirmou o delegado Adam.

“A investigação se iniciou no dia 3 de agosto, com a morte do Ivan de Almeida, que era um traficante. Ele foi atraído por parceiros que eram policiais e faziam parte dessa organização criminosa. Então, enxergamos a morte dele como uma tomada de poder. Ele foi sequestrado e morto para que a organização pudesse trocar de chefe”, concluiu Adam.

Apreensões

De acordo com a Polícia Civil, foram apreendidos:

  • Duas armas de fogo, um revólver calibre .38 e uma pistola, com quatro carregadores, além de um carregador G2C, 128 munições calibre .40 e cinco munições calibre .38;
  • Duas CPUs, quatro notebooks, um HD externo, 18 aparelhos celulares;
  • Documentos diversos;
  • R$ 42.620 mil e U$ 1.500 dólares;
  • Veículos de luxo, incluindo um Toyota Corolla, uma BMW, uma Range Rover Evoque, uma motocicleta Kawasaki Ninja e uma Mercedes, esta última localizada no Amazonas;
  • Nove relógios, diversas joias;
  • Cinco comprimidos de ecstasy.
Material apreendido na operação - Foto: PCBA

Dinheiro em espécia apreendido na operação - Foto: Divulgação PCBA

Veículo Ranger Rover e moto Kawasaki Ninja apreendidos na operação - Foto: Divulgação PCBA

A operação resultou ainda no bloqueio de cerca de 100 contas bancárias ligadas à organização criminosa, que movimentou aproximadamente R$ 150 milhões nos últimos três anos.


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