Os carregamentos de cocaína que eram enviados para Europa
através da logística mantida em Paranaguá
Na terça-feira, 10/12,
a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que desarticulou uma organização
criminosa (ORCRIM) envolvida no tráfico internacional de drogas e lavagem de
dinheiro.
A ação, denominada “Operação
Mafiusi” foi resultado de uma colaboração entre as autoridades brasileiras e
italianas, envolvendo a PF, o Ministério Público Federal (MPF), a Receita
Federal do Brasil (RFB), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Guarda
Civil Espanhola. As investigações também contaram com o apoio da Eurojust, da
Europol e da Interpol.
Foram deflagradas operações
conjuntas, tanto no Brasil quanto na Itália, o que resultou em prisões em ambos
os países, desmantelando dois grupos criminosos interligados responsáveis pelo
tráfico de grandes quantidades de cocaína da América do Sul para a Europa.
As investigações
envolveram uma rede complexa que operava principalmente por meio do Porto de
Paranaguá, no Brasil, e por meio de aeronaves privadas.
O trabalho decorreu
de uma equipe conjunta de investigação constituída entre Brasil e Itália, que
foi instituída após a prisão de dois membros da máfia italiana em Praia Grande,
litoral de São Paulo, em 2019. Desde
então se iniciou a cooperação jurídica e policial internacional entre Brasil e
Itália, especificamente entre o Ministério Público de Turim - Direcção Distrital Antimáfia, os Carabinieri Italianos do Raggruppamento Operativo Speciale (ROS),
e do Comandante Provincial de Turim, a Polícia Federal, do Brasil, por meio do
Grupo Especial de Investigações Sensíveis do Paraná, e o Ministério Público
Federal, do Brasil, que culminou nas operações conjuntas em ambos os países.
Nesta operação,
foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva no Brasil, um mandado de
prisão na Espanha, 31 mandados de busca e apreensão em endereços situados nos
Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Roraima.
Participaram dos
cumprimentos dos mandados, aproximadamente 130 policiais federais e 06
servidores da Receita Federal, entre auditores-fiscais e analistas-tributários.
Também foram
decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens móveis
e imóveis, com restrição de indisponibilidade de veículos (dentre os quais uma
aeronave Dassault Aviation Falcon 50), bem como o bloqueio de ativos
financeiros, tudo em relação a 79 (setenta e nove) pessoas físicas e jurídicas e
valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados.
Os mandados de busca e apreensão ocorreram em mansões de alto padrão localizadas em diversas cidades brasileiras.
Muitas dessas residências estavam situadas em áreas paradisíacas,
como beiras de praia, e em uma delas a Polícia Federal encontrou um cinema
particular.
A operação resultou
na apreensão de carros de luxo, como Porsche, e motos esportivas, que eram
parte do estilo de vida dos envolvidos. Armas de fogo e munições também foram
encontradas, indicando a violência associada à atividade criminosa.
A estimativa dos
valores dos bens apreendidos alcança o montante de R$ 126.000.000,00 (cento e
vinte e seis milhões de reais), além dos valores a serem bloqueados nas contas
bancárias e dos veículos a serem apreendidos.
Desdobramento da Operação Retis
As operações realizadas foram um desdobramento da “Operação Retis”, que já havia desarticulado organizações criminosas responsáveis pela logística do tráfico de drogas no Porto de Paranaguá.
Essas redes
criminosas eram encarregadas de todo o aparato necessário para enviar cocaína
da América do Sul para a Europa, utilizando esse ponto estratégico. Durante a
operação, foi identificado que os traficantes que contratavam essa logística
eram indivíduos de São Paulo, ligados a uma facção criminosa Primeiro Comando
da Capital (PCC), originária daquele estado, além de membros da organização
mafiosa italiana ‘Ndrangheta’, que atuava no Brasil, sendo responsáveis pela
intermediação da compra e envio da droga para o continente europeu.
A Operação Mafiusi
consistiu no aprofundamento das investigações em face do núcleo de indivíduos
provenientes do Estado de São Paulo, também associados aos mafiosos italianos e
que, assim como estes, forneciam os carregamentos de cocaína que eram enviados
para Europa através da logística mantida em Paranaguá.
Lavagem de Dinheiro
As investigações
também descobriram que, além do tráfico de drogas, a ORCRIM estava envolvida em
um complexo esquema de lavagem de dinheiro, movimentando bilhões de reais entre
empresas e contas bancárias de fachada, além de adquirir bens e realizar
transações fraudulentas.
Durante o período de
investigação, entre 2018 e 2022, a movimentação financeira dos investigados
alcançou aproximadamente R$ 2 bilhões.
Diligências
concluíram que o núcleo investigado fazia parte de uma rede criminosa
internacional, dedicada ao tráfico de grandes quantidades de cocaína da América
do Sul para a Europa.
Porto de Paranaguá
O Porto de Paranaguá
era o principal ponto de saída, e o Porto de Valência, na Espanha, o de
chegada. A droga era transportada principalmente pelo método “RIP ON – RIP
OFF”, ocultada em contêineres com cargas como cerâmica, louça sanitária ou
madeira.
Além do transporte
marítimo, a ORCRIM também usava aeronaves privadas para enviar cocaína para a
Bélgica, onde membros da organização retiravam a droga antes da fiscalização
nos aeroportos.
A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
* Texto: O texto deste artigo relata acontecimentos, baseado em fatos obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis e dados observados ou verificados diretamente junto a colaboradores.
* Direitos Autorais: Os artigos e notícias, originais deste Portal, tem a reprodução autorizada pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e adicionado o link do artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.