Trabalhadores passaram cinco dias em condições
extremamente precárias, análogas à escravidão, a bordo da embarcação
Uma ação de
fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da
Superintendência Regional do Trabalho da Bahia (SRTE/BA), com o apoio da
Marinha do Brasil, resultou no resgate de 16 trabalhadores que estavam em
condições análogas à escravidão em um navio ancorado na Baía de Todos os
Santos, em Salvador. A operação foi concluída no dia 27 de setembro.
Os trabalhadores
resgatados foram contratados por uma empresa de Vitória (ES) para realizar
serviços de lavagem e pintura dos porões de um navio cargueiro, de bandeira das
Ilhas Marshall e propriedade de uma empresa norueguesa.
Entre os empregados resgatados,
nove eram de Salvador, três do Maranhão e quatro do Espírito Santo. De acordo
com a equipe de fiscalização do Trabalho, os trabalhadores passaram cinco dias
em condições extremamente precárias a bordo.
As refeições eram feitas no convés do navio - Foto: Deivulgação SRT/MT |
Eles não tinham
local adequado para alimentação, descanso ou higiene pessoal. As refeições eram
feitas no convés, com os trabalhadores sentados no chão, juntamente com os
materiais utilizados para a realização dos serviços contratados.
Os trabalhadores dormiam em colchões expostos a intempéries do tempo - Foto: Divulgação SRT/MT |
Apesar de o serviço
executado requerer grande esforço físico, os trabalhadores não possuíam
condições dignas de descanso, dormindo em redes e colchões dispostos no convés,
expostos a intempéries e sem o conforto adequado para a recuperação física do
trabalho extenuante.
Alguns dormiam em redes no covés do navio, também expostos ao tempo - Foto: Divulgação SRT/MT |
Também não havia
local apropriado para banho, que era realizado com uma mangueira a céu aberto
na área externa da embarcação, sem qualquer privacidade.
Além das condições
degradantes, os auditores-fiscais constataram que os trabalhadores eram
submetidos a jornadas exaustivas, chegando a 14 horas diárias de trabalho, com
uma única pausa de uma hora para o almoço. As atividades começavam às 6h da manhã
e terminavam às 21h.
Após a operação, os
trabalhadores foram retirados do navio e hospedados em terra, onde aguardaram o
pagamento de suas verbas salariais e rescisórias, realizadas entre os dias 24 e
25 de setembro. Todos já retornaram para seus estados e receberam os direitos
trabalhistas, incluindo o cadastramento para o seguro-desemprego.
Aproximadamente 33
mil pessoas trabalham embarcações brasileiras, cerca de 30 mil trabalhadores
são estrangeiros e cerca 6.000 estrangeiros.
Port State Control
Essa operação, realizada
entre segunda-feira (23) e sexta (27), fazia parte da Campanha de Inspeções
Concentradas (CIC) em navios de bandeira estrangeira, uma ação conjunta entre
os auditores-fiscais do Trabalho e os inspetores navais da Marinha do Brasil. A
iniciativa busca verificar as condições de segurança da navegação e de trabalho
a bordo, como remuneração e jornadas, em uma fiscalização conhecida no meio marítimo
como Port State Control.
A CIC 2024, que se
encerra no dia 30 de novembro, é realizado no âmbito do Acordo Latino-Americano
sobre Controle de Navios pelo Estado do Porto (Acordo de Viña del Mar, 1992),
envolvendo 15 países da América Latina. Durante o período da campanha, as
inspeções foram realizadas de forma conjunta em portos brasileiros, com equipes
do MTE e da Marinha do Brasil.
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