No momento que suspender o alfandegamento do Porto de Vila
do Conde, inicialmente será suspenso também o Porto de Belém e de Outeiro
Segundo o Delegado
da Alfândega da Receita Federal do Brasil (RFB), em Belém, Bruno da Rocha
Leite, o cenário atual do Porto de Vila do Conde (PVC) segue para eventual
suspensão do alfandegamento, e que já tentou todas as medidas possíveis para
não culminar no processo de suspensão.
A situação precária
de segurança dos portos públicos do Pará, administrados pela Companhia Docas do
Pará (CDP), foi informada em reunião do Conselho de Administração (Consad) da
empresa, na qual participou como convidado e também na reunião do Conselho de
Autoridade Portuária (CAP).
Balanças Inoperantes
As balanças ficam
inoperantes constantemente. O PVC possui seis balanças paradas, atuando apenas
com uma única balança, que já possui décadas de uso, e, por ser equipamento de
uso ininterrupto, constantemente
apresenta problema de manutenção.
“Porto sem balança é
semelhante a Porto sem água, perde completamente o sentido do negócio. Fazer
arqueação é custo para empresa, é tempo e é inadmissível”, disse Bruno Leite.
Controle de Acesso
O Delegado Bruno
Leite externou preocupação com informação que foi comunicada, pelo presidente
da empresa, na reunião do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) Belém e
Santarém, no sentido de que foi suspenso o processo da empresa que estava
executando os serviços de instalação do novo sistema de controle CDPPort,
celebrado com a empresa Openport, referente a aquisição de software de gestão e
controle de operações portuárias.
Opinou que nada
justifica que um processo de implantação iniciado em 2022, ainda não esteja
implantado em 2024; a licitação não está cancelada; não há abertura de outro
certame.
Caso o contrato seja
rescindido, e considerando que a continuação da utilização do SCAP é
inadmissível para a RFB, já que ele não atende à Portaria RFB nº 43/2022,
restaria à autoridade aduaneira desalfandegar os referidos portos e comunicar
ao TCU. Tal situação traria prejuízos incalculáveis à CDP e a todas as partes
envolvidas, bem como reações imprevisíveis por parte dos empregados e
arrendatários.
“É uma das premissas
básicas do controle de portos do Brasil, o API recintos; utilização do sistema
para levantar todos os dados que ocorrem no Porto, toda movimentação. Além
disso, o OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) não funciona”, diz Bruno
Leite.
Declaração de Cumprimento Cassada
De acordo com Bruno
Leite, os portos do Estado do Pará estão defasados em relação aos demais portos
do Brasil e não tem mais instrumentos para sensibilizar a situação. Ademais, o
Porto de Vila do Conde perdeu a Declaração de Cumprimento (DC) da CESPORTOS em
2023, o que, em seu entendimento, não será possível recuperar em curto prazo.
“Há problemas graves
de segurança que precisam ser resolvidos. É necessário que a portaria funcione,
e que haja sistemas viários mínimos de oferecer um serviço para que as empresas
estejam trabalhando”, falou Bruno.
Sem o alfandegamento as operações seriam
afetadas
O Delegado da RFB
pontuou que sem o alfandegamento todas as operações seriam afetadas de
imediato, pois os navios internacionais passariam a não mais poder atracar no
PVC, apenas fazer cabotagem.
Segundo Bruno Leite,
ele é informado pelo Diretor de Gestão Portuária quase semanalmente sobre o
cenário, em tudo que a empresa consegue progredir. Já houve alguns ganhos, por exemplo, o
alvará temporário emitido pelo Corpo de Bombeiros até que o porto receba o Auto
de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
No entanto no
momento, a única solução que observa é Ministerial, através da Secretaria de
Portos, junto a Receita.
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Nível de Segurança
Bruno Leite ressaltou que recentemente houve uma ameaça de bomba no PVC, contudo, não foi possível sequer aumentar o nível de segurança, pois não há Declaração de Cumprimento; não é um Porto certificado. A qualquer momento, os armadores evitarão efetivamente Barcarena.
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Poligonal não foi implementada
Bruno Leite opina
que o Porto é uma pérola na Região, mais privilegiado. “Há quatro TUPs tentando
ingressar na Região, no entanto, o Capitão dos Portos salientou que não
autoriza nada enquanto não for implementada a Poligonal”, afirmou Bruno Leite.
Portos de Outeiro e Belém
Questionado se o
Terminal Portuário de Outeiro (TPO), que teve a certificação de segurança
cassada, se assemelha ao Porto de Vila do Conde no sentido de perder o
alfandegamento, o Delegado Bruno Leite esclareceu que o no sistema da Receita, Barcarena, Belém e Outeiro estão no mesmo recinto, ou seja, no momento
que suspender o alfandegamento do Porto de Vila do Conde, em Barcarena,
inicialmente será suspenso também o Porto de Belém e de Outeiro. “Caso o
alfandegamento seja suspenso, será necessário revisar todos os itens, chegará
2030 e não conseguirá alfandegar novamente". A situação é emergencial,
enfatizou Bruno Leite.
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COP 30 ameaçada
Bruno Leite entende
a importância da COP30, mas se não houver a Declaração de Cumprimento no Porto
de Belém, nem navio de cruzeiro atracará no Porto.
Atualmente a DC do
porto está regular, pontuando que está sendo realizado um novo ordenamento no
Porto de Belém, no entanto é preciso dar uma solução para o depósito destinado
a mercadorias apreendidas, disse Bruno Leite.
“Efetivamente o
alfandegamento ainda é do armazém 4 em diante; para COP30 propõe-se o
alfandegamento só do 11 e 12”, acrescentou Bruno Leite.
Porto de Santarém
O Porto de Santarém,
apesar de ter avançado na instalação no CDPPort, não tem OCR. “Me preocupa o
posicionamento da Diretoria da CDP, pois o sistema está há dois anos sendo
instalado. Quando chegou a primeira fatura em dezembro de 2024, a CDP "não
se sentiu confortável em pagar a fatura" - termo utilizado pelo presidente
da CDP na reunião do Conselho de Autoridade Portuária (CAP). Não é uma questão
de conforto”, citou Bruno Leite.
CDP já foi intimada
Segundo Bruno Leite,
a última intimação da Receita Federal é de 25 de setembro de 2023, na qual os
questionamentos estão todos descritos na intimação e a empresa só "andou
para trás". Alegou ainda que já havia outra notificação de 2022. “A
suspensão do alfandegamento é um problema gravíssimo para toda Região Norte”
ponderou Bruno Leite.
Ele indicou que os
principais itens necessários relacionados ao alfandegamento são: OCR, Balanças
funcionando integradas e CDPPort.
Bruno Leite disse
que não gostaria de prejudicar a CDP, mas que diante das informações que tem no
momento, não irá mais se responsabilizar pela manutenção do alfandegamento dos
portos que estão operando em desconformidade com a Portaria RFB nº 143/2022,
que a sua decisão é pela suspensão do alfandegamento e que, caso a CDP tenha
argumentos, perspectivas e cronogramas a apresentar, que as informações sejam
registradas em ofício e enviadas à ele, para que ele submeta à instância
superior da RFB solicitando dilação de prazo à superintendência.
Processo de Suspensão
No processo de
suspensão do alfandegamento o fluxo é tramitar ao Superintendente, que assina o
Ato Declaratório Executivo (ADE) e, após, publica-se no Diário Oficial da União
(DOU). A partir daí o porto não pode receber mais nenhum navio exterior,
informou Bruno Leite.
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