Desde
a publicação do Relatório de Arquivamento de Cumprimento de TAC a CDP busca, de
todas as formas a sua alteração
A Companhia Docas do Pará – CDP, que
administra os portos públicos do estado do Pará solicitou junto ao Ministério
Público do Trabalho (MPT) a revisão do Termo de Ajuste de Conduta – TAC,
buscando mais uma vez voltar a terceirizar postos da Guarda Portuária (GPort).
Depois de um longo processo, em novembro
de 2015, em cumprimento ao TAC, a CDP rescindiu o contrato de terceirização com
a empresa de vigilância Vidicon, afastando os 146 vigilantes, que
irregularmente ocupavam esses postos há mais de 20 anos.
SAIBA MAIS: GUARDA PORTUÁRIA RECONQUISTA POSTOS NO PARÁ
Em fevereiro de 2017 a CDP publicou no Diário Oficial da União (DOU), edital para a realização de concurso para porteiros visando ocupar postos da GPort, buscado dessa forma burlar o TAC, no entanto esse concurso foi cancelado após os empregados denunciarem ao MPT, que obrigou a companhia a realizar um novo concurso público.
Desde a publicação do Relatório de
Arquivamento de Cumprimento de TAC, em 27 de agosto de 2020, a CDP busca, de
todas as formas a sua alteração.
A primeira foi em março de 2021,
citando os postos do Edifício Sede e Prédio Anexo (Almoxarifado), ambos no
Porto de Belém.
Conforme consta nos autos do TAC, essa proposta foi amplamente rechaçada pelo Sindicato dos Guardas Portuários do Pará e Amapá – SINDGUAPOR (Clique aqui e veja argumentação apresentada na época).
Agora a CDP tenta novamente emplacar
essa proposta, propondo a realocação dos guardas portuários escalados nesses
postos para o Posto de Apoio ao CFTV e para o Posto de Apoio à VTR.
Como a própria empresa admite nas
suas considerações para propor a troca, o Posto
de Apoio CFTV já deveria estar guarnecido, portanto não pode ser
considerado como uma troca:
“Considerando a necessidade de mais
de um Guarda Portuário no Posto de Monitoramento (CFTV), conforme normativos da
CESPORTOS”
Cabe ainda salientar que, a atual estrutura onde hoje está situado o CFTV não comporta mais um guarda portuário. Não há espaço suficiente e nem equipamentos. O local sequer possui banheiro, contrariando as normas trabalhistas, inclusive a Companhia foi autuada novamente este ano em nova fiscalização realizada pela Secretaria Regional do trabalho e Emprego (SRTE/PA).
Com respeito a troca pelo Posto de Apoio à VTR, este já consta em
escala, inclusive em algumas ocasiões ele é guarnecido. Isso só não acontece todos os dias por falta
de efetivo, mesmo ela admitindo na justificativa da proposta a sua necessidade
para a segurança interna nas rondas.
“Considerando a necessidade de mais
de um Guarda Portuário no Posto da VTR, visando apoio e segurança interna nas
rondas”
Outro ponto que não pode ser aceito
na proposta é a subjetividade da troca de postos, isto é, A CDP pode escalar os
guardas em qualquer posto, quando na proposta ela cita:
“garantida à Companhia Docas do Pará,
em decorrência do seu poder diretivo, a realocação futura destes Guardas
Portuários em outros postos de trabalho, caso o interesse público assim o
determine”.
Relatório da SRT/MTE
Em fiscalização realizada em fevereiro
de 2023 o Auditor Fiscal do Trabalho Dr. Luiz Fernando Araújo Pinho, em
síntese, abordou que o Plano de Empregos e Salários (PES) atribuiu aos guardas
portuários, nas atividades específicas na área de segurança portuária, dentre
outras, efetuar a segurança na área de porto organizado e dependências da CDP,
utilizando meios disponibilizados pela Autoridade Portuária; manter rigorosa
vigilância dos bens sob a guarda da Autoridade Portuária; zelar pela
conservação dos bens da CDP ou sob sua guarda, tal como ocorre no Edifício Sede
e no almoxarifado.
Mostrou também que o quantitativo de
guardas era insuficiente, muito próximo ao limite em relação aos postos com
base nos Planos de Segurança Pública Portuária (PSPP) de todos os portos,
autuando inclusive a CDP por prorrogar a jornada normal de trabalho, além do
limite que foi estabelecido na ACT 2022/2023, sendo que desde então, vários
guardas portuários foram desligados, só piorando a situação, mostrando
claramente a necessidade da realização de novo concurso público.
Concurso Público
Ao contrário do que vem ocorrendo nos
demais portos públicos do país, a CDP busca o retrocesso, apresentando uma
proposta de troca de postos no intuito de voltar a terceirizar os postos da
GPort.
Atualmente, com a mudança de Governo,
outras Companhias Docas, vêm realizando concurso para a Guarda Portuária. Isso
já ocorreu na Companhia Docas do Ceará – CDC, e também está em andamento na
Autoridade Portuária de Santos –APS, Ex-CODESP.
Guarda Portuária SIM terceirização NÃO
A categoria espera que essa nova
tentativa da CDP seja novamente rejeitada pelo sindicato, pois como disse o
ex-Ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, Ricardo Salles, onde passa
boi, passa boiada.
A Federação Nacional dos Portuários (FNP), o Conselho Nacional de Representações da Guarda Portuária (CONGPORT) e a Associação Nacional da Guarda Portuária do Brasil (ANGPB), entidades representativas da categoria, assim como os seus representantes no Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social – CNSP devem ficar atentos, e combater com veemência toda e qualquer iniciativa de terceirizar postos, assim como buscar reverter os que hoje ainda se encontram ocupados por vigilantes, assim como ocorreu recentemente no Ceará, quando a Companhia Docas do Ceará (CDC), foi obrigada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) a realizar concurso público e acabar com a terceirização naquele porto público.
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