Em 2023, foram interceptadas 7,1 toneladas, menos da metade
do volume de 2022, que foi de 16 toneladas
A quantidade de
cocaína apreendida no Porto de Santos pela Receita Federal, órgão do governo federal,
despencou nos últimos anos. Foram 7,1 toneladas interceptadas no ano passado,
menos da metade do que em 2022 (16 toneladas).
Em razão da
queda brusca, autoridades buscam implantar medidas para descobrir outras possíveis
rotas do crime organizado para mandar a droga para fora do país, informou nesta
sexta-feira, 12, o jornal O Estado de S. Paulo.
Veja os dados das apreensões nos últimos anos
Um relatório de
2022 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime revelou que organizações
criminosas no Brasil passaram a utilizar portos menores no Nordeste e no Sul do
país para diversificar suas rotas de escoamento de cargas ilegais. O documento
destaca que essa tendência se intensificou durante a pandemia, embora não
mencione quais terminais específicos estão sendo usados.
O Porto de
Salvador, por exemplo, é visto como uma alternativa aos terminais de Santos e
do Rio de Janeiro, que são alvos frequentes de operações policiais contra o
tráfico internacional. Uma das razões, conforme relatado pelo Estadão, é o
avanço da facção Bonde do Maluco (BDM) na Bahia.
- 2024: 1.623 kg (até julho)
- 2023: 7.143 kg
- 2022: 16.075 kg
- 2021: 16.917 kg
- 2020: 20.572 kg
Mudanças na fiscalização no Porto de Santos para
apreender cocaína
Em razão da
possível diversificação da rota do tráfico pelo crime organizado, a Alfândega
da Receita Federal no Porto de Santos vai escanear contêineres embarcados em
navios com passagem ou destino a Rússia, Israel e outros oito países.
Veja a lista de países cuja carga é escaneada:
Apesar dessa
mudança de rota, o Porto de Santos, o maior do Hemisfério Sul, continua sendo a
principal rota de saída da cocaína comprada de países vizinhos pelo Primeiro
Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil.
- Austrália;
- Indonésia;
- Hong Kong;
- Turquia;
- Rússia;
- Geórgia;
- Síria;
- Líbano;
- Israel;
- Arábia Saudita
A Europa
permanece como o principal destino da droga que sai do Brasil, embora nem
sempre seja o destino final das embarcações. Uma tática comum é enviar as
cargas para o continente africano e, a partir de lá, redistribuí-las para
outros locais.
Devido a essa
dinâmica, o escaneamento obrigatório começou a ser implementado no Porto de Santos
no início de 2016, inicialmente focado em contêineres destinados à Europa. Em
2019, a medida foi ampliada para incluir a África e continua em vigor para
todos os navios com destino a esses continentes.
Crime organizado muda rotas, dizem especialistas
Especialistas
afirmam que o crime organizado muda suas rotas com frequência. Gabriel Patriarca,
pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, afirma que os testes relacionados
à inspeção não invasiva por meio de escaneamento “não eram comuns” até a portaria
do começo deste ano. “É uma tendência recente”, disse.
Isabela Vianna
Pinho, pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), pondera que
a portaria para inclusão de ainda mais países não necessariamente mostra que há
uma preocupação da Alfândega de que novas rotas estão surgindo com destinos
finais para Ásia e Oceania.
“É uma tendência
de cada vez mais escanear todos os contêineres que vão ser exportados”, afirmou
ao Estadão. Segundo ela, trata-se de um processo gradual, até por demandar um tempo
para que as dezenas de terminais do porto se adaptem a formas mais tecnológicas
de fiscalização.
Fonte: Revista Oeste
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