Cocaína era enviada à Europa e África. A Orcrim movimentou
mais de R$ 50 milhões, entre 2022 e 2023
A Polícia
Federal (PF) deflagrou na manhã da última quinta-feira (4/4), a operação Oceano
Azul, para combater uma organização criminosa (ORCRIM) de tráfico internacional
de drogas e lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 50 milhões, entre
2022 e 2023.
Foram cumpridos
15 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão em seis cidades paraenses e em
outros sete estados do país. Além disso, foram 27 mandados de sequestro de bens
e 15 mandados de suspensão de atividades econômicas, expedidos pela 4ª Vara
Federal da seção judiciária do Pará.
No Pará, o
cumprimento dos mandados foram nas cidades de Vigia, Curuçá, Abaetetuba,
Ananindeua, Belém e Altamira. Também houve alvos em Roraima, Amazonas, Ceará,
São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Minas Gerais.
A operação
partiu de uma apreensão feita em 6 de julho de 2022, quando foi encontrada uma
tonelada de cocaína enterrada em um sítio no município de Curuçá/PA.
Com o avançar
das investigações, a PF identificou um complexo esquema de envio de cocaína
para a África e Europa, por meio de barcos pesqueiros com origem no Pará.
Esquema
Segundo o
delegado Lucas Gonçalves, o processo utilizado pelo grupo criminoso é bem
amplo. "Ele começa na logística de ocultação do entorpecente nos barcos
pesqueiros. Eles fazem a contaminação dessas embarcações e as encaminham para a
costa africana e o continente europeu", informa.
O delegado
destaca para o alto valor de mercado da cocaína no exterior. "O valor de
mercado dessa droga, principalmente fora do continente latino-americano, é
muito alto. Então essa cocaína é vendida na Europa gerando um lucro altíssimo
para os criminosos que, naturalmente, precisam encontrar maneiras de fazer
ocultação e simulação desses valores", afirma.
Ele conta,
ainda, o que chamou atenção na investigação. "Não foi só a forma inicial e
já usual de lavagem de capitais por meio de constituições de pessoas jurídicas,
com utilização de laranjas e testa de ferro. Dessa vez, eles fizeram a
constituição de uma instituição financeira, de um banco para poder, na
tentativa de passar legitimidade àquele lucro ilicitamente obtido",
pontua.
A partir de agora,
a equipe policial realizará uma análise minuciosa dos dispositivos eletrônicos
apreendidos. Com base no material analisado, será determinado se haverá ou não
uma segunda fase. "O grande objetivo da Polícia Federal na investigação é
descapitalizar o setor financeiro dos criminosos. Para mim, estamos conseguindo
aos poucos atingir esse resultado", conclui o delegado.
O valor de R$ 50
milhões se refere apenas ao que foi movimentado pelo núcleo investigado, entre
2022 e 2023; as investigações continuam.
Nome da Operação
O nome da
operação, Oceano Azul, é uma alusão a uma das embarcações pesqueiras utilizadas
pelo grupo criminoso.
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