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terça-feira, 16 de abril de 2024

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OPERAÇÃO CONJUNTA LOCALIZA COCAÍNA EM CASCO DE NAVIO NO PORTO DE SANTANA


Foi encontrado 154,75 kg de entorpecente escondido no “sea chest”. Cinco pessoas foram presas. Navio tinha destino à Portugal

A Polícia Federal (PF), em operação conjunta com as Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (FICCO), deflagrou na manhã da última quarta-feira (10/4), no Porto de Santana, no estado do Amapá, a Operação Blind Diving, para o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária.

A ação contou o apoio do GAECO/MP, Polícia Civil (DRACO) e 4º Batalhão da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros (CB) e Marinha do Brasil (MB) e Guarda Portuária (GPort).

A Companhia Docas de Santana (CDSA), Autoridade Portuária, atuou diretamente durante toda a operação, subsidiando as investigações com a disponibilização de seu sistema de monitoramento, bem como, de toda a infraestrutura do Porto de Santana, embarcações e efetivo da GPort.

Objetivo

O objetivo foi desarticular grupo criminoso especializado em tráfico de drogas, que atua na colocação dos entorpecentes em cascos de navios.

Mais de 50 policiais de todas as forças cumpriram os mandados nos municípios de Macapá/AP e Santana/AP, no porto e na residência utilizadas pelos investigados.

A ação contou ainda com o trabalho especializado dos mergulhadores do Núcleo Especial de Polícia Marítima (NEPOM) da Polícia Federal, vindos dos Estados do Espírito Santo e Pernambuco.

Investigação

A investigação se iniciou após denúncia de que indivíduos, oriundos do estado de São Paulo e do Rio Grande do Norte estariam em Macapá com o intuito de acoplar no casco de um navio substância entorpecente para ser retirada ao chegar ao seu destino. A prática já foi observada em outros portos espalhados pelo país.

Após levantamentos verificou-se que os indivíduos têm antecedentes criminais por tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro, estelionato e outros, em diversos estados brasileiros.

Para garantir a efetividade da ação, a equipe de investigação realizou acompanhamento dos suspeitos durante vários dias e em uma madrugada constatou que eles foram até o Igarapé da Fortaleza em uma pequena embarcação onde pararam em ponto próximo ao navio de grande porte que estava atracado e realizaram vários mergulhos.

Também foi observado que os criminosos foram algumas vezes até o Porto de Santana e em lojas de Macapá para comprar equipamentos, entre eles, compressor portátil, que é comumente utilizado para cilindros de ar comprimido.

Prisão

De acordo com a Polícia Federal, foram cumpridos 5 mandados de prisão e 2 de busca e apreensão. Entre os presos está um ex-militar altamente treinado e com diversos cursos de mergulho, que era um dos principais braços da organização criminosa.

Entre os presos, também está um catraieiro que realizava o transporte dos mergulhadores até o navio. A polícia não divulgou nomes.

Na residência deles foram apreendidos equipamentos de mergulho e ferramentas utilizadas para colocar a droga no casco do navio.

A investigação revelou que esses criminosos não eram simples transportadores, mas sim membros de uma organização criminosa (ORCRIM) especializada no tráfico de grandes quantidades de drogas, especialmente cocaína destinada à Europa.

“Trata-se de uma operação extremamente complexa e perigosa, envolvendo a inserção de drogas nos cascos de navios, algo que apenas mergulhadores profissionais são capazes de realizar. Inclusive, o investigado, um ex-bombeiro militar, um dos presos, relatou ter quase morrido em quatro tentativas para colocar a droga no casco do navio. Ele descreveu o espaço entre o fundo do rio e o casco do navio, que pesa muitas toneladas, como sendo de apenas 1 metro. Qualquer movimento de descida do navio poderia resultar em morte por esmagamento. Foi um trabalho extremamente difícil que exigiu habilidades excepcionais do mergulhador”, afirmou o delegado Dalton.

De acordo com o delegado Bruno Belo, supervisor da FICCO, durante as investigações surgiram duas versões da mesma história.

“Inicialmente, a investigação apontava para um tráfico interestadual, mas ao longo das investigações e em conversas com os mergulhadores, obtivemos duas versões: uma sugeria que a droga já estaria no navio e os mergulhadores teriam o papel de retirá-la do casco, enquanto a outra versão indicava que os mergulhadores estariam colocando a droga no casco para sua retirada no exterior, possivelmente na Europa”, explicou o delegado Bruno Belo.

Ainda não se sabe se os tripulantes do navio estão envolvidos no caso, nem qual era a origem da embarcação. No entanto, as investigações indicaram que o destino do navio Dyna Flores era Portugal. De acordo com o delegado Bruno Belo, as investigações continuam em colaboração com a Interpol.

Apreensão de cocaína

Segundo o delegado regional da PF no Amapá, Dalton Marinho, foi encontrado 154,75 kg de entorpecente escondido no “sea chest” (caixas de mar), que são compartimentos junto ao casco da embarcação, abaixo da linha d’água, que serve para o navio extrair ou admitir água fazendo o lastro e assim equilibrar a embarcação para a navegação. Essa foi a maior apreensão de cocaína do estado do Amapá.

Crimes

Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa, cujas penas somadas podem levar a 33 anos de reclusão, além do pagamento de multa.

Nome da Operação

O nome da operação, "Blind Divingque", traduzido do inglês para português significa mergulho às cegas.


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