Vincenzo Pasquino, apontado como integrante da máfia calabresa ‘Ndrangheta, foi preso ao lado de Rocco Morabito, conhecido como “rei da cocaína”
O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, oficiou, no dia 19 de
fevereiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para
a adoção de ‘providências necessárias’ à extradição para a Itália do prisioneiro
Vicenzo Pasquino, apontado como integrante da máfia calabresa ‘Ndrangheta, seja
extraditado de volta para Itália.
Vincenzo
Pasquino, que está preso no Brasil desde maio de 2021, teve sua extradição
autorizada pelo STF em dezembro de 2022, após a Primeira Turma da Corte dar o aval
para a entrega dele aos investigadores italianos. No entanto, o italiano entrou
com um pedido de refúgio no Brasil. O processo ficou suspenso desde então.
Em dezembro, Moraes
autorizou o prosseguimento da extradição. O processo estava suspenso desde
fevereiro de 2023, em razão da pendência de finalização do pedido de refúgio
feito por Pasquino.
O Ministério da
Justiça afirmou que "cabe ao Secretário Nacional de Justiça a autorização
da entrega do extraditando". "Dados específicos sobre a efetivação da
medida não podem ser fornecidos a fim de preservar a segurança da operação e
por se tratar de informação de inteligência policial", diz a pasta em
nota.
Conare negou pedido de refúgio
O ministro destacou
que a solicitação foi negada por unanimidade pelo Comitê Nacional para os
Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça, negou a solicitação. Como
não houve a interposição de recurso por parte da defesa do mafioso, a decisão
permitiu que o processo de extradição à Itália fosse retomado.
Ao justificar a
negativa para o pedido de refúgio, o governo brasileiro alegou um "relato
inconsistente e contraditório".
Despacho do Ministro
“Oficie-se ao
Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre o deferimento do pedido de
extradição, para que adote as providências necessárias à entrega do súdito
estrangeiro às autoridades italianas”, escreveu Moraes no despacho de 16 de
fevereiro.
Máfia ‘Ndrangheta
Pasquino foi preso em 24 de maio de 2021 em um flat na praia de Tambaú, em João Pessoa, na Paraíba, ao lado de seu comparsa, também italiano, Rocco Morabito, conhecido
como “rei da cocaína”, que foi extraditado pelo Brasil em julho de 2022.
Os dois são
membros do Ndrangheta, considerado pela Europol um dos grupos criminosos mais
poderosos do mundo. A organização tem ligação com o PCC e com outros grupos
terroristas do Paquistão e do Sul da Ásia, informou a denúncia do Ministério
Público da Itália.
Condenado na Itália
Em setembro
passado, o mafioso foi condenado, na segunda instância pela Justiça de Turim, a
14 anos e meio de prisão por tráfico internacional de drogas e lavagem de
dinheiro. No entanto, Pasquino era procurado desde 2019, quando a Justiça de
sua terra natal expediu mandado de prisão contra ele.
"Vincenzo
Pasquino é um traficante internacional. Alvo de um procedimento penal da
direção setorial antimáfia de Torino, porque pertence ao clã da ‘Ndrangheta
chefiado por Nicola e Patrick Assisi", explicou o procurador italiano
Giovanni Bombardieri.
De acordo com o
jornal La Stampa, Pasquino foi acusado de promover uma associação internacional
que "importava toneladas de cocaína" do Brasil para a Itália.
Nicola e Patrick Assisi, pai e filho
Nicola e Patrick Assisi, pai e filho, foram presos num apartamento de luxo em Praia Grande, na Baixada Santista, em 8 julho de 2019. Na cobertura, foi encontrado um passaporte
em nome de Vicenzo Pasquino. Depois da captura dos dois, Pasquino tomou o lugar
deles e passou a negociar em nome das principais famílias mafiosas o transporte
de carregamentos de drogas com destino ao Piemonte e à Calábria, segundo
documentos citados pelo diário local.
Família Nirta "Versu", de San Luca
Segundo o site O
Globo, ao longo do trabalho que desencadeou a Operação Eureka, deflagrada em
maio passado em oito países da Europa, os investigadores descobriram a
existência de ao menos três associações criminosas, segundo a agência Ansa. Uma
delas era a família Nirta "Versu", de San Luca, que conta com um
braço de atuação no Brasil e era representada por Pasquino.
A análise dos
vínculos entre as famílias mafiosas levou a descobertas sobre a fuga de
Pasquino e de Morabito, de quem era parceiro. Morabito, chamado de "rei da
cocaína", negociou a entrega de armas de guerra com uma facção paulista
como forma de pagamento por carregamentos de cocaína enviados à Europa por meio
de portos no Brasil, informou a Europol, durante a Operação Eureka.
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