O chefe da ORCRIM havia sido
preso anteriormente por tráfico internacional de drogas
Na última quarta-feira
(6), uma força-tarefa integrada por aproximadamente 130 agentes da Polícia
federal (PF) e 20 auditores fiscais e analistas tributários da Receita Federal do
Brasil (RFB) realizaram uma operação para o cumprimento de 33 mandados de busca
e apreensão e dois de prisão temporária.
Entre as cidades
alvo da operação no Paraná estão Curitiba, Tijucas do Sul, Santo Antônio do
Sudoeste, Londrina, Loanda, Piraquara, Pontal do Paraná, Campina Grande do Sul,
Matinhos, Pinhais e Fazenda Rio Grande.
Em Santa
Catarina as ações contaram com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina
(PMSC) e aconteceram em Camboriú, Balneário Camboriú, Itajaí, Barra Velha, Dionísio
Cerqueira e Itapoá.
No Ceará, o mandado
executado foi de busca e apreensão, cumprido no município
de Barroquinha, no litoral Oeste, a 388 km de Fortaleza, quase divisa com o
Piauí. A vistoria teria sido numa empresa de construção civil.
Foco da operação
O foco da
operação foi a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas. De acordo com a PF, o
chefe da organização criminosa (ORCRIM) utilizava de pessoas e empresas
"laranjas" para lavagem de dinheiro e bens.
De acordo com a
PF, o grupo criminoso utilizava diversas estratégias para dissimular a origem
do dinheiro, como negócios com imóveis, veículos, transportes e na área de
óleos e lubrificantes.
Segundo a PF a Orcrim tinha negócios na área de oleos e lubificantes - Foto: Divulgação PF |
Tráfico Internacional de Drogas
Durante os trabalhos foram identificadas ao menos duas remessas de cocaína vinculadas ao grupo criminoso, sendo uma delas uma apreensão de 704 kg de cocaína ocultos em uma lixeira de metal que seria transportada para o Nordeste do Brasil, provavelmente para embarque com destino ao exterior. A outra se refere a uma apreensão de aproximadamente 945 kg de cocaína no rebocador Áquila que tinha saído do Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, com destino ao continente africano da região de Santa Catarina, abordado a 407 km da costa brasileira.
SAIBA MAIS: POLÍCIA FEDERAL APREENDE COCAÍNA EM REBOCADOR NA COSTA BRASILEIRA
Dois homens foram presos na operação
Segundo a PF o
chefe da ORCRIM havia sido preso anteriormente por tráfico internacional de
drogas e usava documentos falsos para não chamar a atenção das autoridades.
Na operação dois
homens foram presos. Um deles na região de Curitiba, no Paraná, é um empresário
do ramo de transportes, construção civil e de aluguel de máquinas pesadas. O
nome dele não foi oficialmente revelado.
Outro homem foi preso
em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Os dois são suspeitos de comandar um
grupo ligado ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Escritório de Contabilidade
A PF e RF
realizaram buscas também em um escritório de contabilidade em Curitiba, onde o
proprietário é suspeito de criar empresas em nome de laranjas e de auxiliar a
organização na lavagem de dinheiro.
Apreensões
As ordens judiciais
expedidas pela 14ª Vara Federal de Curitiba autorizaram o sequestro de dezenas
de imóveis, contas bancárias e de veículos com suspeita de ligação com a
organização criminosa.
Durante a
operação em imóveis de luxo, foram encontrados diversos veículos importados,
maquinário agrícola, jet-skis e outros artigos de alto valor agregados. Em
algumas bolsas encontradas dentro de carros importados foram achados mais de R$
100 mil em espécie.
Segundo a
Polícia Federal (PF) malotes de dinheiro foram localizados escondidos dentro de
uma parede falsa em uma casa, alvo da operação no bairro Barigui, em Curitiba.
Os policiais precisaram usar uma marreta para quebrar o local. A estimativa é que mais de US$ 3 milhões, aproximadamente 15 milhões de reais, estavam escondidos no local.
A estimativa é que foram apreendidos US$ 3 milhões - Foto: Divulgação PF |
Investigação
A operação
denominada “Follow The Money” (Siga o Dinheiro) foi desencadeada em decorrência
de investigação que buscou seguir o fluxo do dinheiro ilícito e identificar o
patrimônio e os rendimentos oriundos da atividade criminosa de uma ORCRIM
liderada por empresário da região de Curitiba, do ramo de transportes,
construção e de aluguel de máquinas pesadas.
Investigação buscou seguir o fluxo do dinheiro - Foto: Divulgação PF |
Com o apoio da
RFB foram feitas análises fiscais e complexas análises financeiras e
patrimoniais dos investigados que abrangeram quase 500 contas bancárias, que
movimentaram mais de R$ 2 bilhões entre créditos e débitos nos últimos anos,
permitindo reforçar as conclusões do uso de múltiplas empresas para dispersar e
ocultar os ganhos ilícitos da organização criminosa.
As investigações
apontaram que o chefe do grupo adquiria imóveis para uso próprio em nome de uma
imobiliária e de uma empresa de participações, as quais foram responsáveis pela
aquisição de ao menos três imóveis de luxo em Curitiba que eram utilizados para
moradia.
Segundo a PF o dinheiro oriundo do tráfico era investido em imóveis de luxo - Foto: Divulgação PF |
Para a lavagem
de dinheiro, o chefe do grupo utilizava-se de dezenas de pessoas e de empresas
laranjas. E com o intuito de ocultar ou dissimular a verdadeira propriedade dos
bens, adquiria veículos de luxo em nome de pessoas físicas sem capacidade
econômico-financeira (laranjas).
As empresas em
nome do chefe dessa organização apresentavam declarações de faturamento à
Receita Federal, mesmo sem prestar nenhum tipo de serviço ou sem qualquer registro
de venda de mercadorias.
Conforme a PF, em
uma de suas empresas, foram gastos mais de R$ 8 milhões na aquisição de
máquinas pesadas para locação e prestação de serviços, mas ao que tudo indica
nenhum serviço era prestado.
De acordo com a
PF, uma empresa ligada ao ramo de “atividades esportivas” e em nome de sua
companheira, era declarado valores, provavelmente falsos, relativos a
prestações de serviços apenas para justificar e dar aparência de licitude a
gastos e despesas pessoais do casal que de fato eram suportados com recursos
oriundos das atividades criminosas.
O sofisticado
esquema de lavagem envolvia compensações de boletos (cobrança bancária) que
eram pagos por empresas também ligadas à organização e suspeitas de serem
exclusivamente utilizadas para movimentação de recursos ilícitos.
Apenas nos
últimos dois anos e em relação a esse núcleo principal, foi apurada a
disponibilidade de aproximadamente R$ 18 milhões para gastos pessoais e para
aquisições de imóveis veículos e motos sem origem lícita conhecida.
Moto apreendida na operação - Foto: Divulgação PF |
Segundo as
informações, será apurada ainda a origem lícita ou não dos recursos utilizados
para a compra de dezenas de caminhões em nome de empresas ligadas ao grupo
criminoso.
Vídeo: TV Cuiabá
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.