Droga havia sido apreendida no Porto do Pecém, em quiosques
que tinham formato de coco verde. A Polícia Federal Australiana (AFP) foi avisada
No dia 6 de
março, a Polícia Federal Australiana (AFP, na sigla em inglês) prendeu dois
homens, no momento que iriam retirar em um armazém industrial no bairro North
Rocks, no subúrbio da cidade, no oeste de Sydney, uma carga de cocaína enviada
do Brasil.
As autoridades
daquele país acompanharam a remessa desde a sua chegada ao porto em 8 de
janeiro, sendo posteriormente coletada e
entregue em um galpão de armazenamento industrial.
Segundo os
agentes da AFA, os homens chegarem ao armazém e permanecerem inúmeras horas com
a porta rolante fechada, saindo intermitentemente para obter ferramentas e
outros instrumentos suspeitos de serem usados para acessar a remessa. A dupla
foi detida ao deixar o galpão.
Dentro do local,
foram encontrados os quatro quiosques (fruit kiosks) refrigerados para frutas
enviados do Brasil. De acordo com a AFP, a dupla usou ferramentas para abrir as
partes das unidades onde o carregamento de cocaína estava.
Ferramentas apreendidas - Foto: Divulgação AFP |
Os agentes da
AFP executaram um mandado de busca no armazém e encontraram quatro quiosques de
frutas refrigeradas. Dois dos quiosques estavam parcialmente abertos, incluindo
secções onde a cocaína tinha sido anteriormente removida no Brasil. Os dois
homens não entendiam como a droga não havia sido remetida, apesar de possíveis
confirmações da quadrilha.
Dois quiosques foram abertos - Foto: Divulgação AFP |
Um mandado de
busca e apreensão também foi cumprido no veículo usado pela dupla. As 15
mochilas foram confiscadas, assim como celulares, cartões de crédito, recibo e
ferramentas.
15 mochilas vazias foram apreendidas - Foto: Divulgação AFP |
— Uma importação
desta dimensão poderia ter sido responsável por cerca de três milhões de
negócios individuais de cocaína nas ruas, o que pode causar estragos e danos
significativos à comunidade australiana. As investigações sobre a origem das
drogas continuam em curso. — disse Kate Ferry, da comandante da Polícia Federal
Australiana (AFP).
Prisão Perpétua
A acusação
contra os dois homens, pelas autoridades judiciais da Austrália, foi por
tentativa de posse de quantidade comercial de drogas sob controle fronteiriço.
Os dois homens
presos em Sydney foram o holandês Anthony Hoppner Suarez, 25, e o australiano
Miguel Suarez, 49. Eles já passaram por audiência de custódia na Justiça da
Austrália, tiveram o pedido de fiança recusada. Deverão ser julgados no
Tribunal Local de Downing Centre. A fiança foi recusada e eles devem comparecer
perante o Tribunal Local de Sydney em 15 de maio de 2024. Se condenados, os
homens enfrentarão a pena máxima de prisão perpétua.
Participação de brasileiros
O delegado
regional da Polícia Federal no Ceará, Victor Mesquita informou que a
investigação continua para identificar a participação de brasileiros no envio
da droga. "Tudo corre sob sigilo". Mesquita disse que os 600 kg da
droga já estariam em vias de ser incinerada, possivelmente aguardando
autorização da Justiça brasileira.
600 kg de cocaína foram apreendidos no Brasil - Foto: Divulgação PF/Brasil |
Início da Investigação
A ação teve
início em 13/11/2023 quando a Polícia Federal (PF), em ação conjunta com a
Receita Federal do Brasil (RFB), apreendeu 600 kg de cocaína que estava
escondida em uma carga descrita como quiosques de praia, no Porto do Pecém, na
Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará, com destino à cidade de Sydney, na
Austrália. A cocaína, avaliada em US$ 195 milhões — o equivalente a mais
de R$ 1 bilhão, em valores convertidos, foi localizada nas paredes e
pisos de cada uma das unidades.
O delegado da
Polícia Federal confirmou que a apreensão de 600 kg de cocaína não foi
divulgada para não atrapalhar o trabalho e o plano montado para prender os
traficantes na Austrália.
Segundo informe
da AFP, a suspeita de existência da cocaína surgiu após pelo menos quatro
remessas seguidas dos "fruit kiosks" terem sido embarcadas no Porto
do Pecém para o Porto de Sydney, na Austrália.
Retirada da droga no Brasil - Foto: Divulgação PF/Brasil |
Não se sabe
ainda se esses objetos anteriormente teriam viajado com droga escondida. A
vistoria em novembro teria sido de rotina, segundo o delegado da PF Victor
Mesquita.
Polícia Federal Australiana foi informada
As autoridades
brasileiras removeram a droga e encaminharam a carga sem os ilícitos para o endereço
pretendido em Sydney e informaram a AFP. A apreensão não foi divulgada na data
do ocorrido para não atrapalhar as investigações.
A viagem do
navio até a Austrália, em mais de 15 mil km pela rota marítima, foi rastreada
desde o início.
Os quiosques tinham
formato de coco verde. Supostamente serviriam como pontos de venda de alimentos
em locais públicos. Eram feitos de fibra. Pelo desenho da estrutura, chamariam
a atenção de clientes na Austrália e, na ideia dos traficantes, também
ajudariam no disfarce da droga. Mas, incomuns, acabaram despertando a atenção
das autoridades aduaneiras e policiais do Brasil.
"Quando a
gente detectou (a cocaína), foi até fácil fazer o plano porque a gente tinha um
destinatário. Talvez nunca os traficantes imaginassem que fossem ser pegos na
Austrália. Entramos em contato com a AFP e combinou-se que faríamos a apreensão
com zero divulgação, para não frustrar o trabalho deles lá", conta
Mesquita.
Ele disse que
foi mantido o despacho do material (quiosques) pela via marítima, que demora
bastante e daria tempo de eles (PF da Austrália) se organizarem. E deu tudo
certo porque as pessoas foram buscar a carga. Não imaginaram que o que enviaram
seria descoberto", detalhou Mesquita.
Segundo ele, quando surgiu a suspeita de presença da cocaína nos quiosques, as equipes de fiscalização foram acionadas porque a indicação era de que a carga fosse complicada de detectar. "Porque era uma carga rígida. Diante da suspeita, a gente teve que quebrar algumas partes para confirmar e tudo se confirmou".
A droga foi retirada das partes internas dos quiosques - Foto: divulgação PF/Brasil |
Operações Recentes
Recentemente a
Polícia Federal deflagrou as operações Néctar e Follow The Money, que executou
mandados de prisão, busca e apreensão e sequestro de bens, contra organizações
criminosas que realizam o tráfico de drogas pelos portos e lavagem de dinheiro.
As ordens
judiciais, da 11ª Vara Federal no Ceará (Néctar) e 14ª Vara Federal de Curitiba
(Follow The Money) foram cumpridas em oito estados (Ceará, Paraíba, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo).
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