Ele já foi preso pela Guarda Portuária e foi apontado
como líder da quadrilha que atirou contra a lancha da Receita Federal
Na manhã da última
sexta-feira (16), por volta de 5h50, na Rua Isaudo Martins, no bairro Santa
Cruz dos Navegantes, em Guarujá, no litoral de São Paulo, Rodrigo Pires dos
Santos, de 40 anos, vulgo Danone e outros dois suspeitos conhecidos como
‘Zinho’ e ‘Americano’, foram mortos durante um confronto com policiais
militares da Coordenação de Operações Especiais (COE), tropa de elite da
Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Eles foram
socorridos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), da Rodoviária, mas não
resistiram. A ocorrência foi registrada na Divisão Especializada de Investigações
Criminais (DEIC).
Segundo os policiais do COE, eles estavam patrulhando o Canal do Estuário quando avistaram Danone |
Segundo a Secretaria
de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), os policiais militares do
COE realizavam patrulha em um barco durante uma operação de combate ao tráfico
de drogas na região, quando teriam avistado um homem armado com fuzil na janela
de um imóvel, no bairro Santa Cruz dos Navegantes, então, desembarcaram e se
deslocaram para o prédio.
Prédio no bairro de Santa Cruz dos Navegantes onde Danone foi avistado com um fuzil na janela |
Assim que entraram
na edificação, os PMs afirmaram ter avistado um suspeito correndo para dentro
de um apartamento, cuja porta teria ficado aberta. No momento em que os agentes
se aproximaram do imóvel, eles afirmaram terem sido recebidos a tiros por três
suspeitos, dos quais um armado com fuzil e dois com pistolas. Houve confronto
entre os agentes e o trio foi baleado. A perícia foi acionada. No imóvel os
agentes apreenderam um fuzil e duas pistolas.
Em um vídeo em
poder da polícia, o criminoso aparece nas imagens em um baile funk, cercado por
vários homens armados segurando sinalizadores, dançando enquanto ergue um fuzil
e dá tiros para o alto. Não há informação da data do vídeo.
Danone segurando um fuzil em um Baile Funk, em vídeo em poder da polícia |
Segundo a
polícia, ele coordenava o tráfico de drogas no Guarujá para o PCC, função conhecida
na facção como “torre” ou “geral do progresso”, espécie de gerente regional. Apontado
como o responsável pelas articulações entre a cúpula e o “baixo clero” do PCC
no Guarujá, se passava por pescador na cidade do litoral paulista para tentar
despistar a polícia, segundo registros do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJSP).
Em seu cargo,
ele tinha a responsabilidade pelos "salves", que orientam ações dos
presos. Ainda cabia a ele prestar contas à "sintonia final", formada
pelo grupo de líderes da facção.
No mais recente
processo movido contra Danone, em 2018, ele declarou que tinha um barco e que
ganhava R$ 2 mil por mês como pescador. Na ocasião, o gerente do PCC foi preso
por porte ilegal de arma de fogo.
Histórico de crimes
Segundo a SSP, Danone
tinha um extenso histórico de crimes. Apontado como integrante da cúpula da
organização criminosa Primeiro Comando da Capital – PCC era foragido da Justiça
desde dezembro do ano passado, quando teve mandado de prisão preventiva
expedida por posse ilegal de arma e tráfico de drogas.
Desde 2003, ele
foi alvo de 15 inquéritos, entre eles roubo furto e tráfico de drogas, lavagem
de dinheiro e no "tribunal do crime" da facção criminosa paulista.
Danone também
era suspeito da participação em atentados contra agentes públicos. O criminoso foi
indiciado por homicídio pela Polícia Civil por suspeita de ser um dos
responsáveis pela morte do sargento da PM Marcelo Fukuhara. O policial foi
fuzilado em 2012, em frente ao buffet da esposa, na Ponta da Praia, em Santos.
Em abril de 2014,
após a equipe da lancha da Receita Federal interceptar uma embarcação que
navegava no canal do Porto de Santos, com quatro elementos dentro, que havia
sequestrado um idoso para roubar o motor de popa de seu barco, eles
empreenderam fuga, abandonaram a embarcação e subiram no cais, ocasião em que
foi detido pela Guarda Portuária (GPort).
Danone quando foi preso pela Guarda Portuária (Gport) |
Ele também é um
dos suspeitos de participação no assalto ao Clube de Pesca de Santos, na Ilha
das Palmas, em Guarujá, ocorrido na madrugada do dia 9 de maio de 2014.
Em novembro de 2015 foi preso pela Polícia Civil ao ser apontado como o chefe de uma quadrilha que realizava assaltos em várias cidades da Baixada Santista. De acordo com as autoridades, ele era o líder do grupo que foi flagrado atirando contra a Lancha da Receita Federal. No mês anterior, imagens das câmeras de monitoramento registraram a quadrilha fugindo de barco e efetuando os disparos logo após assaltar lojas no Shopping do Ferry Boat Plaza, em Guarujá.
Segundo a polícia, Danone era líder da quadrilha que atirou na lancha da Receita Federal |
Ele também é
acusado de estar envolvido em dois assaltos a marinas, na Estrada de Bertioga e
na Prainha Preta, em junho de 2015. Além disso, ele também foi apontado por
receptação dolosa de veículo, já que o automóvel que ele dirigia ao ser preso
estava com a placa clonada e foi roubado em Suzano (SP), três meses antes.
Em 2018 foi
preso pela 2ª vez por porte ilegal de arma junto com outro homem procurado pela
Justiça. Na ocasião, policiais militares avistaram um veículo suspeito entre as
ruas João Otávio e João Pessoa, no Centro de Santos. Ao ser abordado, ele
confessou que estava com uma pistola municiada.
Danone quando foi preso pela Polícia Militar |
Em dezembro do
ano passado, ele foi indiciado pela Polícia Civil por suspeita de tráfico de
drogas, porte ilegal de arma de fogo e crime contra a fauna. Esse indiciamento
ocorreu de forma indireta, sem que ele tivesse sido ouvido em depoimento, e
após uma CNH com seu nome ser encontrada onde armas e drogas foram encontradas
em uma casa, durante uma operação da Polícia Civil com a Marinha no mês
anterior. O boletim de ocorrência cita a apreensão de um fuzil e uma pistola,
além de 350 gramas de maconha e 290 gramas de cocaína.
Denunciou perseguição a Corregedoria da PM
Secundo o site acessa, Danone havia procurado a Corregedoria da PM há cinco meses para
denunciar o que considerava ser perseguição policial durante a Operação Escudo,
realizada pela PM no ano passado.
Ele afirmou à
Corregedoria que trabalhava como pescador e estivador e que havia deixado a
vida do crime. Ele permaneceu por 35 minutos na sede do órgão, no bairro da
Luz, centro de São Paulo, para se queixar de que policiais militares do Baep
(Batalhão de Ações Especiais de Polícia) teriam invadido sua casa no dia 31 de
agosto.
Segundo o
relato, policiais do 10º Baep, com sede na distante Piracicaba, no interior do
estado, invadiram sua casa por volta das 18h40 no bairro Santa Cruz dos
Navegantes, em Guarujá. Naquela ocasião outras pessoas residiam no imóvel. Os
policiais então teriam apresentado um álbum de fotografias aos moradores, contento
diversas imagens dele. Um dos questionamentos era se sabiam seu paradeiro.
Danone afirmou
ter procurado a Corregedoria naquele 1º de setembro, ou seja, menos de 24 horas
depois da invasão, por temer por sua vida e de sua família. Segundo o documento,
ele iniciou a conversa com os PMs contando ter tido passagens por furto e receptação,
motivos pelo qual seria perseguido. O depoimento foi acompanhado por uma
tenente e por um subtenente.
Procurada pelo
site, a SSP confirmou a queixa. "Após apuração, não foi encontrada pela
Corregedoria nenhuma evidência de perseguição por parte dos policiais ao
indivíduo."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.