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segunda-feira, 6 de novembro de 2023

NOVE INTEGRANTES DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA FORAM CONDENADOS POR TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS

Cristianno Córdova - Foto: Reprodução G1
A Orcrim utilizava o Porto do Rio para a remessa dos entorpecentes, que seriam distribuídos à Europa

A Justiça Federal condenou nove pessoas por tráfico internacional de drogas. A organização criminosa (Orcrim) utilizava o Porto do Rio para a remessa dos entorpecentes, que seriam distribuídos à Europa.

Segundo investigações da Polícia Federal (PF) e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal (MPF), a quadrilha enviou quase sete toneladas de cocaína para a Europa e África em 14 operações. Afinal, o tráfico ocorreu entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2022. A droga escondida em contêineres era transportada a partir de navios.

A investigação deu fruto à Operação Turfe, deflagrada pela Polícia Federal, em fevereiro de 2022, quando parte dos integrantes desta organização foram presas.

Operação Turfe

A operação foi batizada de “Turfe” em alusão ao homem apontado como o chefe do grupo criminoso, Cristiano Mendes de Córdova Nascimento. Ele era dono de dezenas de cavalos de corrida, alguns premiados, e segundo a PF usava o turfe para lavar o dinheiro sujo do tráfico.

Condenados

Nove pessoas foram condenadas pela Justiça Federal, entre elas estão os chefes da organização criminosa, como Cristiano Mendes de Córdova Nascimento — que cumprirá a maior pena, de 26 anos e três meses de reclusão.

Segundo a PF, ele era o responsável por receber os pedidos de compradores sediados no exterior, organizar o fornecimento da cocaína com intermediários estabelecidos no Paraguai e aviar os preparativos para a remessa da droga a partir do Porto do Rio de Janeiro.

Também foram condenados Leonardo Serro dos Santos, Jocênio Júnior Mendes e Roberto Vieira de Andrade, ambos condenados a mais de 19 anos.

Outro preso na Operação Turfe, Alexsandro Marques de Oliveira, 45 anos, foi condenado a 10 anos e 26 dias de prisão em regime fechado.

Alexsandro Marques de oliveira - Foto: Cezar Loureiro/Agência o Globo

Segundo os investigadores, ele foi responsável pelo aluguel de galpões para a quadrilha. Nesse local, a droga era colocada dentro de contêineres, antes de irem para o Porto do Rio de Janeiro. Ele foi Capitão do Vasco na campanha do título do Campeonato Carioca de 2003. Começou como profissional em 1997, na Ponte Preta, passando por vários clubes: defendeu Santo André, Campinas, Vasco, Portuguesa, Ventforet Kofu-JAP, Santo André e Jeju United-COR, último clube que atuou, em 2007.

Despacho do juíz

“A organização criminosa foi responsável pela comercialização de cerca de 6,6 toneladas de cocaína em um período de aproximadamente um ano e dois meses. Seus membros e colaboradores eventuais atuaram em toda a cadeia mercantil relacionada ao entorpecente: negociação da droga com compradores estrangeiros que a distribuiriam na Europa, aquisição da droga com fornecedores na Bolívia e na Colômbia, expedição da droga para o Paraguai, importação da droga no Brasil, transporte da droga para cidades portuárias brasileiras, armazenamento da droga para aguardar o embarque, corrupção de agentes portuários para permitir a entrada da droga nos terminais e a violação dos contêineres nos quais ela seria introduzida clandestinamente e, por fim, logística de carregamento da droga nos contêineres destinados à exportação”, escreveu o juiz Tiago Macaciel, da 5ª Vara Federal Criminal do Rio, na sentença publicada no dia 11 de outubro.

Envolvimento de Policiais Civis

A sentença também diz que os 280 kg da cocaína foi desviada.

“Apesar de o termo que instrui o auto de prisão em flagrante informar que foram apreendidos tão-somente 216 kg de cocaína, as tratativas para o transporte da cocaína e as conversas (...) comprovam que a massa total da carga apreendida correspondia a meia tonelada e que, portanto, o restante da cocaína fora subtraída ilicitamente em algum momento entre a abordagem policial e lavratura do auto de prisão em flagrante”, escreveu o juiz federal.

Na última semana, um desdobramento da ação apontou o desvio de cocaína por policiais civis do estado, entre eles um delegado da Polícia Civil, em dezembro de 2020.

Leonardo Serro dos Santos

Um dos membros da quadrilha, Leonardo Serro dos Santos, não se controlou e enviou uma mensagem para outro integrante do bando ao ser informado que policiais civis da 25ª DP (Engenho Novo) só apresentaram 220 kg de cocaína. A carga apreendida, diz a PF, era de meia tonelada da droga.

'Bando de ladrão', diz traficante ao contar a comparsa que policiais civis roubaram cocaína do quadrilha.

"Roubaram 280. Bando de ladrão fdp. Mas eles não sabem com quem estão brincando. Já estão vindo advs (advogados) para o RJ”, escreveu Leonardo.

O que dizem os citados

Em nota, a defesa de Cristiano Córdova disse que a investigação se baseou em provas ilícitas e que pediu a anulação da condenação.

Também por nota, a defesa de Alexsandro Marques de Oliveira destacou que o ex-jogador tem uma vida pública e um passado sem manchas. E que recorreu da sentença por considerá-la injusta.

A defesa de Leonardo Serro dos Santos declarou que ele é inocente e que, no processo, ficou provada a nulidade da investigação. Disse ainda que, por isso, vai recorrer da condenação.


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