Hezbollah — Foto: Arte/GloboNews
Grupo foi condenado
por envio de centenas de quilos de cocaína à Europa pelo maior porto da América
Latina
Dez homens
suspeitos de financiar atividades terroristas do Hezbollah, organização
política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita com base no Líbano, já
foram acusados por integrar uma organização criminosa responsável pelo envio de
centenas de quilos de cocaína à Europa pelo Porto de Santos, no litoral de São
Paulo.
A condenação aconteceu há três anos, mas o grupo começou a ser desmantelado pela Polícia
Federal (PF) em 2014, a partir de dossiê elaborado pela Drug Enforcemente
Administration (DEA), agência antidrogas norte-americana, enviado às
autoridades do país por meio da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
A época, o
dossiê do órgão norte-americano apontou: “A inteligência recente da DEA indica
que Mohamed Ali Jaber [vulgo Ali, Mohamed] é, atualmente, o líder de uma
organização de tráfico de drogas internacional com base em São Paulo. Ele
também é responsável por carregamentos de centenas de quilogramas de cocaína
para países da Europa e África, trabalhando via Porto de Santos, no Brasil”.
Por conta da
posição de liderança, Mohamed foi condenado a 37 anos, nove meses e 18 dias de
reclusão por tráfico internacional de drogas e organização criminosa.
As investigações
apontavam que ele contava com a parceria de compatriotas no comando do grupo,
razão pela qual a PF batizou a investigação de Operação Beirute.
Eles foram
apontados como responsáveis pelo carregamento de 1.180 kg de cocaína apreendido
em 7 de julho de 2014 em Ipeúna, no interior de São Paulo.
A droga seguiria
ao Porto de Santos e estava escondida em uma carga lícita de pisos cerâmicos. O
objetivo dos criminosos era enviar o entorpecente a Portugal, onde valeria R$
253 milhões.
Apesar da
apreensão, o grupo seguiu com as atividades e houve a interceptação de mais
dois lotes de cocaína para exportação em Guarujá (30 kg) e Santos (290 kg),
respectivamente, em 3 de setembro e 26 de novembro do mesmo ano.
O Ministério
Público Federal (MPF) denunciou 17 réus, sendo que dois respondiam às acusações
em processos distintos. Mohamed e outros 14 foram sentenciados pela juíza
federal Daniela Paulovich de Lima, da 1ª Vara Federal de Piracicaba. Por falta
de prova, cinco foram absolvidos.
Além de Mohamed,
também foram condenados: Walter Fernandes (cinco anos e dez meses), Hicham
Mohamad Safie (10 anos, um mês e 12 dias), Marcelo Thadeu Mondini (22 anos e
dois meses), Nahim Fouad El Ghassan (21 anos, quatro meses e 24 dias), Nivaldo
Aguillar (32 anos e oito meses), Andrew Balta Ramos (30 anos e quatro meses),
Jesus Missiano da Silva Júnior (30 anos e quatro meses), Carlos José da
Silveira (cinco anos e dez meses) e Marcelo Almeida da Silva (17 anos e seis
meses).
À época, o
advogado Eduardo Durante, defensor de Andrew Ramos, Marcelo da Silva e um
terceiro réu, que foi absolvido, informou que os dez condenados poderiam
recorrer em liberdade.
Um habeas corpus
chegou a ser concedido em 19 de fevereiro de 2018, substituindo a prisão
preventiva dos réus pelas medidas cautelares de comparecimento mensal em juízo
para justificar atividades, proibição de deixar as cidades onde moram sem
autorização judicial e proibição de sair do país, com entrega do passaporte à
Justiça Federal.
Interesse americano
A megaquadrilha
era suspeita de injetar recursos financeiros no Hezbollah e lavar dinheiro do
narcotráfico internacional nos Estados Unidos com a compra de imóveis.
Durante a
Operação Beirute, a PF apurou que Hicham Safie iniciou tratativas, que não
evoluíram, para comprar um laboratório farmacêutico. A empresa da negociação,
segundo a polícia, foi usada pelo doleiro Alberto Youssef, delator da Lava
Jato, para lavar dinheiro e mascarar o repasse de propinas a agentes públicos e
políticos.
Operação Trapiche
A Polícia
Federal cumpriu mandado contra um sexto alvo suspeito de envolvimento com o grupo Hezbollah no Brasil no dia 10 de novembro. Ao todo, dois mandados de
prisão temporária, além de buscas e apreensões em Minas Gerais, São Paulo,
Distrito Federal e Goiás, contra seis pessoas.
Como o grupo se formou e o que faz?
No começo dos
anos 1980, uma parte dos palestinos que combatiam o governo de Israel usava o
território do Líbano como base. Israel chegou a invadir o país vizinho nessa
época.
O grupo
Hezbollah surgiu no Líbano para se opor à presença de israelenses no país.
Hezbollah significa “Partido de Deus” em árabe. O grupo rapidamente se tornou
aliado do maior país xiita da região, o Irã.
Israel só se
retirou plenamente do Líbano no ano 2000, mas o Hezbollah permaneceu.
O Hezbollah também é um partido político legítimo, eles participam das eleições parlamentares
e têm seus deputados.
Além disso, o
Hezbollah também controla algumas partes do território libanês. Grosso modo,
considera-se que o Hezbollah é um Estado dentro de Um Estado – eles
providenciam serviços sociais.
Fonte: g1 Santos e Região
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