Os alvos foram três agentes e um delegado
que, segundo as investigações, desviaram parte de uma apreensão de cocaína com
destino ao porto do Rio
Na sexta-feira, 20/10, a Polícia Federal (PF) deflagrou
a Operação Déja Vu para apurar os crimes de tráfico de drogas, peculato e
organização criminosa, praticados por policiais civis do Rio de Janeiro.
Os alvos foram três agentes e um delegado que,
segundo as investigações, desviaram parte de uma apreensão de cocaína em
dezembro de 2020, quando serviam na 25ª DP (Engenho Novo).
O Portal g1 apurou que Renato dos Santos Mariano, que foi
titular daquela distrital, é um dos suspeitos.
Segundo o Jornal Nacional, exibido pela TV Globo, além
do delegado, os alvos da operação são os agentes: Hugo de Novaes Almeida,
Ricardo Mendes Floriano da Silva e Cláudio José Silveira Lopes.
Na ação, cerca de 50 policiais federais cumpriram
oito mandados de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara Federal Criminal do
Rio de Janeiro. Os mandados foram cumpridos em cinco residências e duas
empresas, endereços ligados aos criminosos, na capital fluminense e em
Araruama, na Região dos Lagos, e na 33ª Delegacia de Polícia Civil, em
Realengo, zona oeste do Rio.
Além dos mandados, a Justiça Federal determinou o
afastamento dos policiais dos respectivos cargos, a proibição de se ausentar da
circunscrição, e uso de tornozeleira eletrônica. Também foi pedido o sequestro
patrimonial de quantia equivalente a R$ 5 milhões de reais.
As investigações foram realizadas pelo Grupo de
Investigações Sensíveis da PF (GISE/RJ) e pela Delegacia de Repressão a Drogas
da PF (DRE/PF/RJ) em conjunto com Ministério Público Federal (MPF). A
investigação contou ainda com a participação da Receita Federal do Brasil (RFB)
na análise dos dados decorrentes do afastamento do sigilo fiscal dos investigados.
Para o cumprimento dos mandados a PF teve o apoio
da Corregedoria da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ.
Em nota, a Polícia Civil informou que foram abertos
procedimentos internos disciplinares para apurar o caso.
Apreensões
Foram apreendidos três carros, duas motos, cerca de
R$ 70 mil em espécie, incluindo reais e dólares com valores convertidos. Os
agentes recolheram ainda celulares e documentos diversos.
Na casa de um dos alvos, no bairro de Vargem
Grande, também na zona oeste, os agentes encontraram R$ 43,1 mil e US$ 5.350,
em espécie.
Investigação
A investigação é um desdobramento da Operação Turfe, deflagrada pela PF em 15 de fevereiro de 2022 para desarticular uma
organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas.
Cocaína
ia para o porto
Em dezembro de 2020, policiais federais monitoravam
uma carga de 500 kg de cocaína que seria exportada em contêineres a partir do
Porto do Rio.
Na ocasião, o delegado suspeito, Renato dos Santos
Mariano, ex-delegado da 25ª DP, um dos alvos da operação, comentou a apreensão
de cocaína da equipe.
"A investigação está em andamento. Essa
apreensão é só uma parte dela. Uma das linhas, essa possibilidade de a droga ir
para o Porto, não está descartada", afirmou.
Grande parte da droga, de acordo com
investigadores, estava escondida em "big bags", nome dado a sacos
utilizados para enviar minério de silício para a Europa.
Na entanto, o que eles não sabiam é que policiais
federais realizavam o monitoramento e o acompanhamento - por meio de ação controlada
- de uma carga de cocaína que seria exportada - por meio de contêiner -, tendo
conhecimento da exata quantidade de substância contida no caminhão, que seria
levado ao Porto do Rio de Janeiro por um integrante da ORCRIM, qual seja, 500 kg
de cocaína, acondicionados em 17 malas, que seriam apreendidas no porto
estrangeiro de destino final.
Durante o monitoramento controlado pela PF, uma
equipe da 25ª Delegacia de Polícia Civil abordou, na saída da Comunidade da
Maré, o caminhão que transportava a droga e efetuou a prisão em flagrante do
motorista do veículo.
Para surpresa da PF, os policiais civis
apresentaram somente sete malas contendo aproximadamente 220 kg de cocaína,
apropriando-se de 10 malas que totalizavam 280 kg do entorpecente.
Após a investigação patrimonial, a PF conseguiu
atestar que, além dos condutores da ocorrência, houve o envolvimento do
Delegado Titular da unidade, e de outro policial civil e da irmã de um dos
policiais.
Nome
da operação
O nome da operação, Déja Vu, é a sensação de já ter
visto ou vivido uma situação que está acontecendo no presente. A expressão
francesa significa “já visto”.
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