Tuta
havia sido investigado na Operação Sharks, deflagrada em setembro de 2020, e
virou réu em outro processo por lavagem de dinheiro
O MP-SP
(Ministério Público de São Paulo) denunciou na última segunda-feira (25) Marcos
Roberto de Almeida, 53, o Tuta, ex-líder do PCC (Primeiro Comando da Capital)
nas ruas, pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele foi
expulso da facção em abril do ano passado.
Outras nove
pessoas, incluindo a mulher, cunhados e amigos de Tuta, foram denunciados pelos
mesmos crimes. O ex-chefe do PCC teve a prisão preventiva decretada pela
Justiça assim como outros dois acusados, mas continua foragido. A dupla de
comparsas foi detida.
Promotores do
Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado
ao MP-SP, apuraram que Tuta, quando era adido comercial no Consulado de
Moçambique, em Minas Gerais, só viajava de jatinho e ostentava uma vida de
luxo.
Em um dos
telefones celulares apreendidos no endereço dele havia fotografias de Tuta ao
lado e também dentro de uma aeronave. Segundo o Gaeco, ele viajou com pessoas
ligadas ao consulado para Maputo, em Moçambique, e Johannesburgo, na África do
Sul.
Tuta ganhava
salário de R$ 10 mil como adido consular, como publicou esta coluna em 11 de
maio deste ano. Ele também usava o jatinho com frequência nas viagens de São
Paulo a Belo Horizonte.
Bens em nomes de "laranjas"
As investigações
do Gaeco apontam que Tuta adquiriu três imóveis na capital paulista, sendo um
na avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi (zona oeste), um na Vila Suzana,
vizinha ao Morumbi, e outro no Jardim Niterói, em Interlagos (zona sul): dois
em Peruíbe, litoral sul; um em Araçatuba, interior paulista; além de empresas,
totalizando R$ 3,1 milhões em imóveis.
Os bens foram
colocados em nomes de "laranjas". Agentes do Gaeco realizaram uma
minuciosa investigação e consultaram os dados em cartórios, empresas de
fornecimento de água e energia elétrica, além de operadoras de telefonia. Tudo
foi feito com autorização judicial.
O Gaeco apurou
também que os acusados movimentaram mais de R$ 100 milhões nos últimos três
anos em movimentações bancárias em transações dos núcleos de Tuta. De acordo
com a promotoria de Justiça, "essa quantia é decorrente, primordialmente,
do tráfico de drogas".
Um dos
denunciados tem um ônibus que opera em uma linha na zona sul da cidade. O Gaeco
investiga o envolvimento da empresa de transporte coletivo com o PCC e também
com um time de futebol sediado na região metropolitana de São Paulo.
Outra acusação
Tuta havia sido
investigado na Operação Sharks (tubarões em inglês), deflagrada em setembro de
2020, e virou réu em outro processo por lavagem de dinheiro junto com outros 17
acusados. O bando foi acusado de movimentar R$ 1,2 bilhão no período de janeiro
de 2018 a julho de 2019.
Em maio do ano
passado, autoridades das forças de segurança de São Paulo haviam informado que
Tuta teria sido assassinado pelo PCC por ter ordenado a morte do comparsa Nadim
Georges Hanna Awad Neto, 42, cujo corpo até hoje não foi encontrado.
Posteriormente, o
MP-SP tornou público um "salve" (comunicado) do PCC, no qual a facção
criminosa informava que Tuta não tinha sido assassinado, mas sim expulso da
organização sob as acusações de "má conduta" e "falta de
responsabilidade".
O
"salve" foi divulgado em 26 de abril de 2022 e o recado se espalhou
pelo sistema prisional paulista. A mensagem dizia que "Tuta estava na luta
dele em comunicação com a sintonia do PCC, diferentemente do que a mídia estava
informando".
O nome de Tuta
foi incluído na lista vermelha de foragidos da Interpol (Polícia
Internacional). Contra ele há um mandado de prisão pendente de cumprimento. A defesa
do réu foi procurada pela reportagem, mas não quis se manifestar.
Fonte: Uol - Josmar Jozino / Colunista do Uol
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