O STJ
anulou as provas e determinou o trancamento de um inquérito policial que
investigava o narcotraficante
A Polícia Civil de
São Paulo entregou, na segunda-feira (24/04), o helicóptero apreendido do
narcotraficante André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, foragido
da Justiça, após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ordenar a
devolução dos bens apreendidos.
Duas semanas
atrás, o Tribunal anulou as provas e determinou o trancamento de um inquérito
policial que investigava André do Rap. A 6ª Turma da Corte entendeu que os
policiais que cumpriram mandado de prisão contra o acusado, em setembro de
2019, no município de Angra dos Reis, cometeram uma série de ilegalidades ao
também recolheram documentos na residência do acusado. A ordem judicial não
incluía busca e apreensão.
Um vídeo obtido
pelo GLOBO mostra os agentes retirando os adesivos da Polícia e do governo de
São Paulo do veículo, avaliando em cerca de R$ 7 milhões, antes de devolvê-lo.
A aeronave foi apreendida em 2019 durante a prisão de André do Rap, pela 2ª
Delegacia da Divisão Antissequestro.
Desde então, o
helicóptero vinha sendo usado pela polícia para ações de policiamento e até
transporte de órgãos destinados a transplantes. Em 2022, ajudou a transportar
um coração para uma criança de quatro anos.
Além do
helicóptero, a polícia havia apreendido uma lancha Azimut, de 60 pés, avaliada
em aproximadamente R$ 6 milhões, e um veículo, modelo Tucson. Os bens,
registrados no nome de uma pessoa jurídica tida como laranja do traficante, também
foram devolvidos à empresa.
Dentro da Polícia
Civil de São Paulo, o sentimento é de "derrota" e
"indignação" pela decisão do STJ e pela devolução dos bens, conforme
relatos ouvidos pelo GLOBO.
André do Rap foi
solto em outubro de 2020 após o então ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Marco Aurélio Mello, acatar um habeas corpus apresentado pela defesa do
criminoso.
Ao mandar
libertar o traficante, Marco Aurélio se baseou no artigo do pacote anticrime,
sancionado no final do ano passado, estabelecendo que a prisão preventiva deve
ser fundamentada a cada 90 dias, o que não teria ocorrido no caso dele. O
episódio levou a uma crise na Corte e arrastou a opinião pública contra o
ministro.
André do Rap está
foragido desde então. Ele é apontado como um dos principais líderes do tráfico
de drogas do Brasil e comandava a conexão de entorpecentes para a Europa, via
Porto de Santos, no litoral sul de São Paulo.
Investigadores o
consideram o contato no Brasil da máfia italiana Ndrangheta. A droga foi
enviada para a Calábria, na Itália, e de lá distribuída para todo o continente
europeu, segundo a Polícia Civil.
Segundo o Site
Uol, a decisão do STJ previa que o helicóptero fosse devolvido antes mesmo da
publicação do acórdão (decisão do colegiado de ministros), afirmou à TV
Bandeirantes o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic (Departamento de
Combate ao Crime Organizado).
Por isso, o MP-SP
(Ministério Público do Estado de São Paulo) e o MPF (Ministério Público
Federal) não puderam recorrer antes da devolução, segundo informou o delegado.
O helicóptero
estava sendo utilizado para o transporte de órgãos. Fábio Pinheiro Lopes disse
que, na semana anterior, a aeronave carregou um coração para um transplante em
uma menina.
“Teve uma decisão
do STJ para que os bens aprendidos do André do Rap e dos seus laranjas fossem
devolvidos para os seus proprietários. Essa decisão judicial, a gente às vezes
não concorda, mas a gente cumpre, mesmo discordado. E foi o que foi
feito."
“A maioria dos
bens apreendidos, os laranjas, quando vieram na delegacia, falaram que não são
deles, que tiveram seus nomes usados de forma indevida", disse Fábio
Pinheiro Lopes, delegado da Polícia Civil.
SAIBA MAIS: STJ ANULA PROVAS E TRANCA INQUÉRITO CONTRA NARCOTRAFICANTE ANDRÉ DO RAP
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