Operação
Hinterland teve o apoio da Europol, da Senad SENAD/PY) e da Fiscalía; do
Paraguai, da Polícia Nacional da França (Police Nationale – OFAST); da Alfândega
da Alemanha (Zoll) e da Guarda Civil (Guardia Civil); da Espanha
A Polícia Federal
(PF) e a Receita Federal do Brasil (RFB), com apoio da Agência da União Europeia
para Cooperação Policial (Europol), da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD/PY)
e da Fiscalía, do Paraguai, deflagraram no dia 30 de março, a Operação
Hinterland, voltada à repressão ao tráfico internacional de drogas da América
do Sul para a Europa, promovido por organização criminosa estruturada em duas
grandes empresas de logística marítima sediadas nos portos de Rio Grande (RS) e
de Itajaí (SC).
Para o desenvolvimento
e execução da Operação Hinterland, celebraram-se termos de Cooperação Jurídica
e Policial Internacional com a Alemanha, Paraguai, França e Espanha,
possibilitando a execução de diversas medidas no exterior.
A operação contou
com a participação de 200 policiais federais e 12 auditores-fiscais e
analistas-tributários da RFB para o cumprimento de 19 mandados de prisão
preventiva e 37 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Paraná, Amazonas e Rondônia, e em Assunção, no Paraguai.
Também foram executados
15 prisões, os sequestros de 87 bens
imóveis, 173 veículos, uma aeronave, bloqueios de contas bancárias vinculadas a
147 CPFs e CNPJs, 66 bloqueios de movimentação imobiliária de 66 pessoas
físicas e jurídicas e a proibição de expedição de GTAs (Guia de Trânsito
Animal) por quatro investigados, totalizando a execução de 534 ordens
judiciais. Além disso, na Espanha estão sendo realizadas
diligências para localizar e apreender bens pertencentes a membros da organização
criminosa.
Com as medidas
executadas, a descapitalização da organização criminosa poderá chegar a 3,85
bilhões de reais, valor estimado das transações ilícitas identificadas durante
o período da investigação.
Investigação
A Operação
Hinterland teve início em março de 2021, depois que a
Polícia Federal brasileira recebeu informações da alfândega alemã sobre uma
apreensão em dezembro de 2020 de 316 kg de cocaína na cidade de
Hamburgo, na Alemanha, em dezembro de 2020, a partir do Porto de Rio Grande.
Na sequência,
outros dois casos foram registrados em 2021. No primeiro, a RFB apreendeu 1,113 tonelada avaliada em R$ 202 milhões.
Depois, a Polícia
Federal localizou 2,7 toneladas da droga no centro de Pelotas, sul do Estado. A
cocaína estava armazenada em uma casa.
Outro golpe nos
negócios da organização ocorreu em 30 de novembro do ano passado, quando uma
pequena embarcação que havia partido de Itajaí foi interceptada pela marinha francesa no Golfo da Guiné, quando foram apreendidas 4,6 toneladas de cocaína, avaliadas
em 150 milhões de euros (cerca de R$ 824 milhões).
As
informações iniciais davam conta de que uma empresa brasileira estaria sendo
utilizada para o transporte de cocaína do Brasil para a Europa.
Com base
na análise realizada pela Europol e pelas autoridades da França, Polícia
Nacional (Police Nationale – OFAST); Alemanha, Alfândega (Zoll), Guarda Civil
(Guardia Civil); Espanha, a Polícia Federal brasileira conseguiu mapear
completamente a rede criminosa que até então operava na maior parte do tempo
sob o radar.
A
primeira prisão foi realizada em outubro de 2022 pela PF. Um alvo prioritário
foi preso no Paraguai por suposto envolvimento na operação logística entre o
Paraguai e o Brasil e na negociação direta com fornecedores no Paraguai e na
Bolívia.
A investigação
indicou que a droga produzida na Bolívia era remetida para o Brasil por um
fornecedor paraguaio e ingressava no país pela cidade de Ponta Porã, no Mato
Grosso do Sul. Posteriormente, a cocaína era transportada em caminhões até os
estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e armazenada nas próprias
empresas da organização criminosa ou em depósitos próximos aos portos de Rio
Grande e Itajaí. A droga era inserida em cargas regulares com a intervenção e
coordenação da alta administração das empresas de logística, sem o conhecimento
dos contratantes, proprietários das cargas lícitas (normalmente de insumos que
poderiam mascarar a droga quando submetida aos controles alfandegários). Já no
continente europeu, o grupo comprador do entorpecente, furtava a parte da carga
regular que continha a cocaína, para distribuição em diversos países da Europa.
O esquema,
conforme a investigação da PF do Rio Grande do Sul, era promovido por duas
empresas de logística marítima sediadas nos portos: a CTIL Logística e a
Intersul Terminais, O esquema se organizava a partir de três núcleos: o do
fornecedor, que é Paraguaio, o de transporte e logística, que seria o feito
pela CTIL Logística e a Intersul Terminais, que seriam do mesmo grupo
econômico, e o do comprador, ainda em investigação na Europa.
Os nomes dos
investigados não foram revelados pela PF, mas segundo o site GZH, foi preso, em
Balneário Camboriú, César Oliveira de Oliveira Júnior, dono da CTIL. Um irmão
dele, Leandro Gonçalves de Oliveira, também foi capturado. No total, 15
investigados foram detidos.
Receita Federal do Brasil (RFB)
As apurações
realizadas pela RFB constataram a incompatibilidade entre o volume de recursos
recebidos e a operação de diversas empresas utilizadas pelo grupo criminoso.
Empresas de fachada e o uso de interpostas pessoas com o intuito de ocultar a
origem de valores obtidos com a prática criminosa e de bens adquiridos para
usufruto de membros da quadrilha também foram evidenciadas. Além disso,
verificou-se a realização de operações de exportação incoerentes sob o ponto de
vista comercial, com o objetivo de encobrir o envio de carga ilegal.
Em dois anos de
investigação, foi comprovado que a organização criminosa movimentou 17
toneladas de drogas que tinham como destino a Europa, sendo que 12 toneladas
foram apreendidas.
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