Eles
estavam presos preventivamente desde novembro, por investigação conduzida pela
PF sobre tráfico internacional de drogas
Uma busca pessoal
feita por agentes federais contra um advogado criminalista anula uma
investigação conduzida pela Polícia Federal sobre tráfico internacional de
drogas e coloca nas ruas quatro policiais civis presos sob a acusação de
desviar 790 kg de cocaína de um narcotraficante.
Foram expedidos na
sexta-feira (17) alvarás de soltura em favor dos investigadores Orlando Galante
Rollo, 44 (ex-presidente do Santos F.C.); Joaquim Carlos de Freitas Bonorino
Filho, 61, Marcelo Silva Paulo, 49, e Ricardo de Almeida Razões, 50.
Eles estavam
presos preventivamente desde novembro do ano passado por decisão do juiz
federal Roberto Lemos dos Santos Filho. A PF havia pedido a prisão dos quatro
investigadores após analisar os telefones celulares apreendidos com o advogado
João Manoel Armôa Júnior, 47, detido em agosto.
Segundo a PF, em
um dos aparelhos havia mensagens de um policial negociando com o advogado R$ 4
milhões para devolver os 790 kg de droga apreendidos pelos investigadores com
comparsas do narcotraficante Vinycius Soares da Costa, 33, o Evoque, cliente do
criminalista.
Na última
quarta-feira (15), a 5ª Turma do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região (juiz
Walter Luiz Esteves de Azevedo) considerou ilegal a busca pessoal realizada
pelos agentes contra Armôa, quando ele já estava nas dependências da delegacia
da PF e os mandados de busca e apreensão já haviam sido cumpridos. A decisão
anula as provas obtidas pela Polícia Federal após a apreensão dos dois
celulares do advogado.
Os agentes
federais tinham apurado que as negociações para o pagamento da propina aos
policiais civis ocorreram dentro do 3ª DP de Santos e foram conduzidas por um
policial civil que tinha um grupo no WhatsApp chamado "Todo lo peligro se
covierte em plata".
A frase é
atribuída ao megatraficante colombiano Pablo Escobar. Ele era chefe do cartel
de Medellín e foi morto pela polícia em 2 de dezembro de 1993 naquela cidade.
Na tradução do espanhol, o termo significa "todo perigo se converte em
prata (dinheiro)".
A PF já tem
suspeitas da identidade do "Peligro" brasileiro. As suspeições foram
reforçadas após análises das imagens de câmeras de segurança do Porto de
Santos, onde o contêiner com a droga foi aberto para ser periciado por técnicos
do IC (Instituto de Criminalística), da Polícia Científica.
Os vídeos mostram
um grupo de policiais civis acompanhando os trabalhos dos peritos do IC.
Segundo as investigações, foi nesse momento que Orlando Rollo enviou um aúdio
para o advogado Armôa, advogado de Evoque, o dono da cocaína desviada.
Armôa é acusado
de ter intermediado as negociações entre o narcotraficante Evoque e os
policiais civis acusados de desviar a droga e exigir propina. A PF acredita que
foram pagos ao menos R$ 2 milhões. O narcotraficante está preso na
Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).
"Peligro"
articulou o acerto. Até hoje ninguém soube dizer onde foram parar os 790 kg de
cocaína desviados. A informação que se tem é a de que a droga seria entregue no
Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para integrantes da facção ADA (Amigo
dos Amigos), aliada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) da qual Evoque é
apontado como integrante.
As polícias Civil
e Federal procuram Tiago Lima Gregório, 36, motorista do caminhão que
transportava a cocaína. Antes de serem presos, os investigadores disseram em
depoimento que no dia da apreensão ele abandou o veículo e fugiu. No caminhão
havia uma pistola Glock 9 mm e 16 cápsulas.
Autor/Fonte: Josmar Jozino/Uol
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