A
traficante é vista como responsável por enviar toneladas de cocaína para a
Europa por via marítima, se valendo dos portos brasileiros
A Polícia Federal
(PF) cumpriu na manhã do dia 14 de março, mandados de busca e apreensão em endereços
relacionados ao juiz federal Cândido Ribeiro, do TRF-1 (Tribunal Regional
Federação da 1ª Região), após ele soltar um integrante da organização criminosa
liderada por uma traficante apontada como a "Rainha do Pó" do Brasil.
Karine Campos,
segundo investigadores ouvidos pela Folha de S.Paulo, é hoje a maior traficante
de cocaína do país e teria custeado parte dos valores utilizados para comprar a
decisão do juiz que soltou Leonardo Nobre, integrante do seu grupo criminoso.
A traficante é
vista como responsável por enviar toneladas de cocaína para a Europa por via
marítima, se valendo dos portos brasileiros.
SAIBA MAIS: 'FAMÍLIA BUSCA PÓ' CHEFIA TRÁFICO EM PORTOS DO BRASIL E ESTÁ NA MIRA DA PF
De acordo com a
investigação da Operação Habeas Patter, parentes do traficante negociaram por
R$ 3,5 milhões a concessão de um habeas corpus por meio advogado Ravik Ribeiro,
filho do juiz.
A Folha de
S.Paulo procurou o juiz e seu filho. Em nota, o gabinete do juiz Cândido
Ribeiro disse que a investigação corre em sigilo e não tem nada a declarar.
A PF detalha a
compra no pedido encaminhado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que
autorizou as buscas em endereços do juiz e de seu filho. Os investigadores
chegaram a pedir a prisão do magistrado, mas a ministra Laurita Vaz negou a
solicitação.
A investigação
começou após uma apreensão de 175 kg de cocaína em Lisboa, Portugal, traficados
por pessoas ligadas a Nobre, apontado como integrante do grupo de tráfico
internacional de drogas.
Ao longo da
apuração, mensagens, dados armazenados na nuvem dos investigados e
monitoramentos feitos pela PF indicaram a procura de parentes do traficante por
advogados para soltá-lo.
Um dos encontros
foi com o filho do juiz. Segundo a PF, na conversa com uma irmã do traficante,
Ravik Oliveira ofereceu R$ 3,5 milhões pela liberdade, "podendo os valores
ser pagos após a concessão do alvará de soltura".
Após esse
encontro, um habeas corpus cujo julgamento estava previsto para 7 de março de
2022 foi tirado da pauta do TRF-1 - à época o juiz Cândido Ribeiro estava de
férias.
No dia 19 do mês
seguinte, no entanto, Nobre teve a prisão revogada com base no voto de Cândido
Ribeiro. A prisão foi substituída pelo monitoramento eletrônico.
A PF continuou
com a investigação e dias depois souberam, por meio de ligações telefônicas, do
planejamento de uma reunião entre o traficante, agora solto, sua irmã e o filho
do juiz. O encontro aconteceu 19 dias após a decisão.
A suspeita dos
investigadores é de que o encontro serviu para o pagamento da propina combinada
para a venda da sentença.
"O encontrou
se deu exatamente 19 dias depois de Leonardo Nobre obter decisão favorável à
sua liberdade exarada pelo desembargador Cândido Ribeiro, pai de Ravik, e
chamou atenção que no início do encontro Leonardo estava com uma caixa em suas
mãos que ao final do encontro passou para as mãos de Ravik", diz a PF.
Na decisão em que
autorizou as buscas, a ministra Laurita Vaz cita a retirada de pauta do habeas
corpus durante as férias do juiz e o fato de a liberdade ter sido concedida.
"A fundada
suspeita de ter havido uma composição entre os investigados para obtenção de
decisão favorável a Leonardo é robustecida, ainda, pelo fato de que a ordem foi
efetivamente concedida, a partir de voto favorável do desembargador, depois de
o respectivo habeas corpus ter sido adiado, quando este estava de férias,
circunstância que vai ao encontro do conteúdo dos diálogos e mensagens
interceptadas entre os investigados", diz a ministra.
Fonte: yahoo/folha
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