O navio
saiu do Porto de Santos. Apura-se se a droga faria escala na África ou seria
transferida para aviões ao passar pela Galícia
Uma operação
conjunta do Serviço de Vigilância Aduaneira, da Unidade de Drogas e Crime
Organizado (Udyco) da Polícia Nacional e da Equipa de Crime Organizado (ECO) da
Guarda Civil interceptou, a 80 milhas náuticas (pouco mais de 120 quilômetros)
a leste das Ilhas Canárias, um navio com 4.500 kg de cocaína, escondido na área
reservada ao combate a incêndios nos porões do navio.
Navio
O navio, batizado
de Blume, de bandeira togolesa, pertence a uma empresa de Hong Kong, a mesma,
curiosamente, da que chegou esta semana ao Porto de Savona, na Itália, com uma tonelada de cocaína e que também saiu do Porto de Santos.
Navio Blume - Foto: Reprodução |
Segundo as
autoridades espanholas, o navio deixou o Porto de Santos, no Brasil, no dia 20
de dezembro. E, supostamente, seu destino era Riga, na Letônia.
O
navio Blume, anteriormente chamado de East Sun – Foto: VesselFinder |
Colaboração internacional
A investigação partiu
de uma colaboração internacional, a partir da troca de informações produzidas
entre o Centro de Análise e Operações do Atlântico para o narcotráfico (MAOC-N)
e o Centro de Inteligência contra o Terrorismo e o Crime Organizado (Citco),
que determinou o possível envolvimento de uma embarcação suspeita de tráfico
ilícito de drogas entre a América do Sul e a Europa.
Diante das
informações coletadas pela inteligência policial espanhola e pelas unidades
centrais de investigação, a Subdiretoria de Vigilância Aduaneira montou um
dispositivo aeronaval para localizar o cargueiro. E, paralelamente, mobilizou
seu navio de operações especiais Fulmar, baseado no Porto de La Luz,
especializado em intervenções relacionadas ao narcotráfico e ao contrabando.
Abordagem
A abordagem, realizada
pelo Navio de Operações Especiais 'Fulmar' do Serviço de Fiscalização Aduaneira
da Agência Tributária, foi de grande complexidade, dado o estado do mar e as
grandes dimensões do cargueiro, que mede 100 metros de comprimento.
Navio Flumar - Foto: El País |
No momento da
abordagem, os agentes observaram que o cargueiro transportava cerca de 200
toneladas de café como mercadoria declarada, bem abaixo da capacidade real de
carga do navio, o que chamou a atenção dos funcionários encarregados da
operação.
Posteriormente,
em inspeção nas áreas comuns do cargueiro, foi detectada a presença de um número
indeterminado de fardos habitualmente utilizados para o tráfico de cocaína,
Os responsáveis pela operação decidiram transferir o Blume para o Porto de
Santa Cruz de Tenerife com a escolta do Fulmar, onde atracou na doca de Los
Llanos na quinta-feira (19). A partir desse momento, foi realizada uma
importante operação de segurança no referido enclave da zona portuária, na qual
participaram várias unidades da Polícia Nacional e da Guarda Civil ao longo de
várias horas.
Tripulantes presos
Imediatamente,
toda a tripulação a bordo da
embarcação foi presa. No total, eram 15 pessoas, dois
cidadãos de nacionalidade albanesa e 13 de
nacionalidade paquistanesa.
Os detidos vão responder pelo crime de tráfico de drogas e estão à disposição judicial. A investigação cabe ao Tribunal Central de Instrução na qualidade de Guarda do Tribunal Nacional.
Rota da Cocaína
Estas apreensões
fazem parte da operação denominada "Rota Atlântica da Cocaína",
conhecida por ser utilizada por barcos pesqueiros, mercantes e cargueiros que,
procedentes da América do Sul, fazem o transbordo de entorpecentes no meio do
Atlântico para sua posterior introdução na Europa continente.
Em relação à
possível rota da cocaína apreendida, há duas alternativas em investigação. A
primeira, que o objetivo era uma descarga na zona de Dakhla, na África
Ocidental, um sistema que tem sido cada vez mais utilizado ultimamente por
redes de droga que operam a partir da América do Sul, para posterior transporte
para a Europa através de diferentes rotas.
A segunda, que a droga continuasse seu caminho com o mercador rumo ao Norte. O destino pretendido era Riga, na Letônia, e sua viagem incluía uma passagem por uma área muito próxima à costa da Galícia, a menos de 100 milhas de distância, o que facilitaria muito a chegada dos famosos planadores para coletar mercadorias ilícitas em alto mar.
Ligação com o PCC
Segundo Josmar Jozino, colunista do site UOL, agentes da Polícia Federal (PF) e da Receita
Federal do Brasil (RFB) investigam se os 4.500 kg de cocaína encontrados no
Blume foram exportados à Europa por narcotraficantes do PCC (Primeiro Comando
da Capital) ou ligados à facção criminosa, como integrantes da máfia italiana
Ndrangheta ou dos balcãs.
As autoridades
brasileiras consideram o PCC o maior fornecedor de cocaína para os países da
Europa Ocidental. A facção costuma usar os portos de Santos, Paranaguá, Itajaí
(SC), Salvador (BA) e outros do Nordeste para fazer as remessas da droga
introduzidas em contêineres.
Os técnicos da
RFB, porém, acreditam que as 4,5 toneladas de cocaína não saíram do Porto de
Santos e suspeitam que o transbordo da droga foi feito no meio do Atlântico por
tripulantes de outra embarcação. Os agentes analisaram as filmagens na área
portuária santista e não notaram nada de estranho.
Outros fatos que levam a crer que a droga não foi inserida no Porto de Santos são a quantidade, o modo como foi embalada e o local onde estava armazenada, diferentes de todas as apreensões efetuadas naquele porto.
Para a
Procuradoria Antidrogas do Tribunal Nacional da Espanha, o transbordo é uma
prática comum na chamada "Rota Atlântica" da cocaína é muito
utilizada por barcos pesqueiros, mercadores e cargueiros procedentes da América
do Sul.
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