Ao todo,
foram apreendidos 815 kg da droga saindo do Porto em direção à Roterdã, na
Holanda
As apreensões de
cocaína no Porto de Natal geraram, em 2021, um prejuízo de pelo menos R$ 178
milhões ao tráfico internacional. Ao todo, foram apreendidos 815 kg da
droga saindo do Porto em direção à Roterdã, na Holanda. No último sábado (19),265 kg foram apreendidos numa carga, em caixas de manga. A quantidade é
avaliada em R$ 58 milhões, segundo estimativa da Receita Federal.
O prejuízo ao
crime organizado aumenta para R$ 440 milhões quando se somam apreensões de
1.198 kg na Holanda e na Bélgica, mas que passaram por Natal, ao longo do
ano, após alertas emitido pela Receita Federal à aduana europeia. O cálculo
feito pela TRIBUNA DO NORTE pega como base as estimativas sobre os valores da
droga no mercado disponibilizados pela Receita e Polícia Federal.
Em 2021, outras
quatro cargas foram apreendidas, três delas, segundo a Receita Federal,
resultados de interceptações das autoridades aduaneiras da Holanda e Bélgica.
As cargas eram de 398 kg (março, na Holanda); 550 kg (abril, na Holanda), 250 kg (junho, na Bélgica). Em junho,
550 kg de cocaína foram apreendidas durante uma inspeção das autoridades
federais no Porto de Natal. Portanto, 765 kg foram interceptados antes de
embarcar em Natal e outros 1.198 kg após o embarque. As quantidades constam
no mais recente boletim da Receita Federal com o histórico de apreensões.
As apreensões
fora de Natal acontecem porque mesmo depois que a carga é embarcada, a Receita
continua com análises de risco. Caso surjam informações de possibilidade de
contaminação na carga já embarcada, são emitidos alertas para as autoridades
aduaneiras do porto de destino.
Esta foi a
segunda apreensão feita em 2021 pelas autoridades federais especificamente no
Porto de Natal, que nos últimos anos têm sido utilizado frequentemente para
escoamento de cocaína para países da Europa, em especial Bélgica, Espanha e
Holanda. A exportação da droga segue acontecendo mesmo um ano depois da
instalação do scanner no Porto.
“O scanner está
funcionando e está sendo utilizado para todas as cargas que estão embarcadas
para Natal. Todos os conteineres que saem pelo nosso porto são scaneados. Ele
consegue fazer 15 análises por hora, nessa faixa”, explica o Chefe da Equipe de
Vigilância e Repressão, o Auditor-Fiscal Maurício Santos, responsável pela
execução das operações.
“Naturalmente o
scanner tem suas vantagens, incontáveis, mas num universo grande de cargas, o scanner
em algumas vezes não é tão preciso. Só o scanner por si só não resolve, é mais
uma ferramenta que auxilia nessa detecção. Dependendo dessa carga pode ser que
ele tenha uma facilidade maior que a outra. Depende do tipo de carga exportada
que pode trazer alguma dificuldade”, acrescenta.
Em nota enviada à
imprensa, a Companhia Docas Do Rio Grande do Norte (Codern), que administra o
Porto de Natal, disse que “a apreensão [do último final de semana] demonstra,
mais uma vez, que a intensificação das ações de vigilância na área portuária,
sempre em parceria e com o apoio irrestrito da Companhia Docas do Rio Grande do
Norte (Codern), vem surtindo efeito”.
A TRIBUNA DO
NORTE questionou a Codern sobre como a droga entra nos conteineres do Porto,
mas a companhia informou ainda que não pode repassar detalhes por se tratar de
investigação em curso. “Esses detalhes só podem ser fornecidos pela Receita
Federal ou Polícia Federal”, diz nota. A PF disse que existem investigações em
curso, mas que não iria se pronunciar.
Desde outubro do
ano passado, segundo a Codern, está em uso o scanner de contêineres no Porto de
Natal. O equipamento foi instalado em outubro de 2020, em um procedimento que
envolveu negociações com agentes públicos e a iniciativa própria do armador
CMA/ CGM, da empresa operadora portuária, Progeco, e fruticultores do Estado. O
custo mensal varia entre R$ 350 mil e R$ 400 mil. O contrato inicial iria até
setembro deste ano, mas, segundo a Codern, foi renovado.
Em virtude das
apreensões e alegando falta de segurança portuária, a CMA-CGM chegou a anunciar
a suspensão das operações no Porto de Natal no começo de março de 2019, após
apreensão de quase 3,2 toneladas de cocaína dentro de contêineres, nos dias 12
e 13 de fevereiro. As operações voltaram no dia 08 de abril.
Natal virou rota para o tráfico internacional
A localização
privilegiada e a falta de tecnologia adequada para descobrir cargas
contaminadas no Porto de Natal transformou a capital potiguar nos últimos anos
em um ponto de embarque de rota marítima do tráfico internacional de cocaína,
segundo investigações da Polícia Federal.
A primeira
apreensão da história do Porto, aberto em 1932, aconteceu em fevereiro de 2019,
com 1.275 kg de cocaína apreendidos
que iriam em direção à Holanda. Desde a primeira apreensão, em fevereiro de
2019, pelo menos 17.568 kg de cocaína foram apreendidos no Porto de Natal,
sendo 6.190 deles interceptados na capital potiguar. No boletim da Receita
Federal constam a apreensão de 1.400 kg pela Polícia Federal em novembro de
2018, num galpão de Parnamirim, em que há a suspeita de que seriam exportados
via Porto de Natal.
No ano passado, a Polícia Federal prendeu três pessoas em flagrante no Porto de Natal com 238,9 kg de cocaína. De acordo com a PF, a droga seria enxertada em um contêiner
que seguiria para a Europa. A ação aconteceu em conjunto com a Receita Federal.
Os suspeitos eram paranaenses, de 21, 34 e 47 anos. Segundo a PF, dois deles
tinham antecedentes criminais e um era ex-policial militar do Paraná.
Essa apreensão,
inclusive, chamou ainda mais a atenção da Polícia Federal, que intensificou as
investigações e passou a investigar funcionários com livre circulação no
terminal portuário ligaoas ao esquema do tráfico de drogas. Segundo a PF, o
caminhão foi seguido por policiais federais de um galpão localizado em Emaús,
na Grande Natal, até o terminal na Ribeira. Quatro pessoas sem relação com o
Porto foram presas em flagrante. Os policiais federais encontraram lacres de
contêineres com esses suspeitos presos.
Fonte: Tribuna do Norte
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