Foto: Orlando
Kissner/AE Notícias
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Armas
foram retiradas dos guardas portuários em janeiro deste ano e, só neste mês,
será aberta licitação para curso de capacitação
A
Guarda Portuária de Paranaguá tem 27 anos de formação e seus guardas sempre
tiveram porte de arma após passar por capacitação e treinamento e testes
psicológicos.
Mas
neste ano a situação mudou. As armas foram retiradas porque os guardas
portuários não passaram pelo treinamento e capacitação que devem passar de 3 em
3 anos. A última renovação deveria ser feita em setembro de 2014. A Polícia
Federal deu mais quatro meses de prazo para que a capacitação pudesse ser
feita. Como não houve realização do procedimento necessário, em janeiro deste
ano, as armas foram retiradas das mãos dos guardas.
E
quem é responsável por garantir que a corporação tenha a capacitação e, consequentemente,
o porte de arma?
A
responsabilidade é da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina.
Sem armas
Em
março deste ano, a reportagem do DC encaminhou e-mail para a assessoria de
imprensa da Appa com o objetivo de obter informações sobre a situação.
Em
resposta, foi confirmada que não havia a intenção de renovar o porte de armas
uma vez que “a Appa acredita que segurança se faz com normas e procedimentos de
rotina e não com armas”, destacou a autarquia. “Por isso, a nova Guarda
Portuária da Appa será composta por um grupo de inteligência, um grupo de
operações e uma brigada para prevenção de acidentes. Além disso, a Appa está
fazendo a revisão do seu Plano de Segurança Portuária que incluir mais câmeras,
sistema de monitoramento, sistema de automação e componentes de inteligência
artificial que irão registrar e possibilitar ações integradas e pontuais”,
disse a Appa em notas.
“Em
caso de eventos potencialmente letais, a Appa contará com o pronto atendimento
da Polícia Militar”, garantiu a nota.
Os
guardas portuários vivem clima de tensão pela falta de arma, pois o trabalho
coloca estes profissionais em confronto direto com bandidos que, facilmente,
encontram-se armados de forma ilícita.
“Corremos
risco de vida cada dia que vamos para o trabalho. Não queremos arma para
atirar, mas para ser usada corretamente. Seu uso ou só a presença dela, pode
salvar vidas”, disse um guarda que preferiu não ter seu nome divulgado para
evitar represálias.
Licitação
Porém,
a posição da Appa já não é a mesma da abertura de licitação que deve ocorrer no
próximo dia 21 de julho para contratação de empresa de serviços especializados
em formação, capacitação e treinamento com armamento e tiro, bem como avaliação
psicológica para os componentes da Guarda Portuária.
A
Administração portuária abriu licitação no valor de R$ 189.200 para capacitação
dos 90 guardas que compõe a Guarda Portuária de Paranaguá.
Muitos
guardas procurados pela reportagem do DC, preferiram não se manifestar, mas
confirmaram que a falta da arma dificulta a realização do trabalho que é feito
pela corporação. A Guarda Portuária é responsável pelo controle de acesso ao
porto, controle de equipamentos e veículos, atende ocorrências nas áreas
portuárias, previnem e atendem em casos de assaltos a caminhoneiros e dão
assistência nos casos de invasão de terminais.
Os
guardas atuam durante 24 horas para garantir a segurança do Porto de Paranaguá,
seja dos trabalhadores ou do patrimônio público.
Com
a falta do armamento, os guardas chamam a Polícia Militar nos casos de
abordagens. Um dos atendimentos que a cidade lembra foi de um portuário que foi
assassinado a socos por um homem que acabou sendo preso pela Guarda Portuária
há alguns anos.
Estes
guardas são responsáveis pela área de fronteira internacional que é o porto.
Unidade de Segurança
Outro
assunto considerado com muita seriedade pelos guardas portuários de Paranaguá
refere-se à criação da Unidade Administrativa de Segurança Portuária.
Conforme
informações obtidas, a Portaria 149/2015, que cria esta unidade, promove, ao
mesmo tempo, a extinção da nomenclatura da
Guarda Portuária, dos inspetores e guardas portuários.
O
tema foi cobrado pela senadora Gleisi Hoffman, durante a reunião da poligonal,
já realizada em Paranaguá.
A
Guarda Portuária existe há 27 anos no Paraná e, em 2014, completou
oficialmente, 100 anos no Brasil. Mas no Porto de Paranaguá, a situação parece
andar na contra-mão da história com a possibilidade de terceirização de postos
da guarda através da licitação que será aberta no dia 27.
Guardas
portuários lembram que no Espírito Santo, o porto recebeu multa por tentar
efetivar a terceirização da categoria. No Rio Grande do Sul, a administração
portuária resolveu nem entrar na briga judicial, mas iniciar concurso para
chamamento de novos guardas.
Polícia Federal mantém
sigilo do processo
A
situação foi questionada junto à Polícia Federal que é responsável pela
liberação do porte de arma.
De
acordo com o delegado da Polícia Federal, Sérgio Luís Stinglin de Oliveira, as
questões envolvendo o porte de arma da Guarda Portuária estão diretamente
relacionadas à Segurança do Porto Organizado e, dessa forma, são sigilosas.
“O
prazo de validade e as condições para o porte de armas por parte dos Guardas
Portuários são regidos pela legislação pertinente”, reforçou o delegado em
resposta ao DC.
Plano Nacional de
Segurança Pública
- O Plano Nacional de Segurança Pública Portuária (PNSPP) deixa claro o papel da Guarda Portuária na segurança dos portos quando diz que, compete a Administração Portuária, por meio de sua Guarda Portuária:
- · Promover a vigilância e a segurança no porto organizado. Na zona primária do porto organizado, a vigilância será levada a efeito com o objetivo de garantir o cumprimento da legislação que regula a entrada, a permanência, a movimentação e a saída de pessoas, veículos, unidades de carga e mercadoria;
- Prestar auxílio às autoridades que exerçam suas atribuições no porto, sempre que requisitada. Portanto, a Guarda Portuária deverá colaborar com os órgãos de segurança pública e demais autoridades que atuam na área portuária para manutenção da ordem e a prevenção de ilícitos no interior daquelas instalações;
- Exercer o policiamento interno das instalações do porto;
- Zelar pela segurança, ordem, disciplina e fiel guarda dos imóveis, equipamentos, mercadorias e outros bens existentes ou depositados na área portuária, sob a responsabilidade da administração portuária; deter, em flagrante delito, os autores de crimes ou contravenções penais e apreender os instrumentos e objetos que tiveram relação com o fato, entregando-os à autoridade competente;
- Registrar a ocorrência, quando constatadas atividades ilícitas, acidentes de trabalho, sinistros ou avarias em equipamentos e veículos ou atividades irregulares que venham a prejudicar o andamento das operações portuárias, mantendo a preservação do local do delito, efetuando os levantamentos preliminares e encaminhando-os à autoridade competente.
- Adotar as seguintes providências, quando da ausência da autoridade competente, em caso de sinistro, acidente, crime, contravenção penal ou ocorrência anormal:
- Remover os feridos para o pronto-socorro ou hospital, comunicando, de imediato, o setor de segurança do trabalho;
- Isolar o local para a realização de verificação e perícias, sempre que possível sem a paralisação das atividades portuárias;
- Acionar o grupo de combate a incêndio, sempre que necessário.
- Buscar a integração dos órgãos que compõem a CESPORTOS, para uma ação mais coordenada na prevenção e repressão aos atos ilícitos.
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