Preso
desde 11 de novembro de 2013, quando foi autuado em flagrante pelos crimes de
tráfico e associação para o tráfico, o médico Frederico Chamone Barbosa da Silva, de 33 anos, é uma das 43
pessoas denunciadas nesta semana pelo Ministério Público Federal (MPF), acusado
de integrar a mega quadrilha que utilizava o Porto de Santos para remeter
cocaína boliviana para Cuba e países da Europa e da África.
Vinculado
à facção Primeiro Comando da Capital (PCC), o bando foi desmantelado pela
Polícia Federal (PF) durante a Operação Oversea. Desde maio de 2013, ele teve
3,7 toneladas de cocaína interceptadas em Santos e no exterior. Para a
consumação do narcotráfico internacional, a organização criminosa introduzia
malas com droga em contêineres a serem embarcados em navios que zarpavam do
porto santista.
A
prisão em flagrante do médico não decorreu da Oversea, mas de uma apuração
autônoma realizada pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (DISE)
de Santos. Na realidade, os policiais da especializada da Polícia Civil
desconheciam a operação da PF e, consequentemente, que Frederico era um dos
seus alvos. Com a captura desse acusado, a Polícia Federal requereu cópia do
flagrante para reforçar o dossiê que já realizava contra ele.
Monitoramento
As
investigações da DISE se desenvolveram por aproximadamente três meses e
contaram com o monitoramento de conversas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Frederico foi abordado na Avenida Conselheiro Nébias, próximo à Rua João
Pessoa, no Centro de Santos, e em seu carro os policiais civis apreenderam
anotações relacionadas à venda de drogas feitas em receituários usados nas
unidades de saúde nas quais o médico trabalhava na época.
Frederico
era acompanhado por mais dois homens e uma mulher, que também foram presos em
flagrante. Nas residências dos acusados havia 1.500 pedras de crack, 600 gramas
de maconha, três notebooks, um tablet e celulares, entre os quais os
interceptados com permissão judicial.
Segundo
a DISE, o grupo seria ligado ao PCC e Frederico ainda serviria à facção
prestando atendimento médico a criminosos feridos em confrontos com policiais.
Esse tipo de assistência seria feita de forma clandestina, fora das redes de
saúde pública ou particular, para que não houvesse a notificação compulsória às
autoridades competentes e se evitasse a prisão dos pacientes.
Liberdade negada
Mesmo
com o médico atrás das grades, a PF continuou a investigá-lo na Oversea e
reuniu indícios de sua participação na mega quadrilha que remetia cocaína para
fora do País em navios que partiam de Santos. O inquérito da Polícia Federal
serviu de base para o MPF incluir Frederico entre os 43 denunciados, dos quais
24 estão presos, 18 permanecem foragidos e um foi solto graças a liminar em
habeas corpus concedida pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região.
Bem
antes da denúncia do MPF, o advogado Eugênio Malavasi impetrou habeas corpus em
favor de Frederico, mas a 10ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJ-SP) manteve a prisão preventiva decretada pelo juízo de primeira
instância. O defensor, então, impetrou novo habeas corpus, desta vez perante o
Superior Tribunal de Justiça (STJ), sempre sob o argumento de inexistir justa
causa para a preventiva, que poderia ser substituída por outras medidas
cautelares que não impliquem em prisão,
Malavasi
impetrou o terceiro habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), também sem
conseguir a soltura do cliente. Candidato a vereador em Santos nas últimas
eleições pela coligação PSC/PRP, o médico adotou na campanha o nome de Dr.
Fred, recebeu 855 votos e conquistou a terceira suplência.
Fonte: Jornal A Tribuna
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