Após
três anos de muita controvérsia, diversas reuniões, inúmeras assembleias e
manifestações, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) lança nesta
quinta-feira, 1º de agosto, o polêmico e tão aguardado Plano de Cargos e
Salários (PCES) dos empregados da estatal portuária.
Ainda
que extraoficialmente, a notícia chegou ao conhecimento da direção do SINDAPORT
na tarde de ontem, através de cópia da nova tabela salarial que será
implementada pela Autoridade Portuária. "Estamos aguardando receber
oficialmente da CODESP toda a descrição dos cargos bem como da própria tabela
de salários dos funcionários, além das normas para aplicação do PCES",
disse o presidente do sindicato, Everandy Cirino dos Santos.
Apesar
da especulação em torno do documento, o dirigente prefere a cautela.
"Assim que a Codesp notificar o Sindaport, e esperamos que isso aconteça
na manhã de hoje, convocaremos uma reunião emergencial com a diretoria plena e
com os membros que integram a comissão de negociação para avaliarmos os prós e
contras do PCES", disse. O documento obtido pelo Sindaport não faz menção
ao reajuste da data-base, URP ou vantagens pessoais, além de outros.
Cirino
esclarece que as reuniões terão como principal objetivo uma "profunda
avaliação" do PCES por parte dos dirigentes e membros da comissão. "O
pessoal já está bastante familiarizado com o tema e vai saber checar o conteúdo
do material que nos for entregue pela Codesp". O sindicalista espera
convocar uma assembleia conjunta já na próxima semana para expor e discutir o
PCES com a categoria.
De
acordo com o presidente do Sindaport, o PCES é uma prerrogativa da empresa e
pode ser aplicado de forma unilateral sem a necessidade de acordo com os
sindicatos representativos desde que a jornada de trabalho não seja alterada em
prejuízo dos empregados. "Por outro lado, se houver mudança na jornada de
trabalho teremos que convocar uma assembleia para discutir com a categoria
possíveis alterações que a Codesp venha implementar".
Fim das Horas Extras
Já
no início da noite, por volta das 19h o Sindaport foi surpreendido com outra
notícia, desta vez referente ao corte total de horas extras a partir desta
quinta-feira. A supressão do pagamento decorrente dos serviços prestados pelos
funcionários em horários extraordinários foi compensada no PCES, segundo a
empresa.
A
possibilidade de a Codesp aplicar o PCES e manter o pagamento de horas extras
era remota, considerando que os estudos preliminares feitos pelos técnicos
do Departamento de Coordenação e Governança
das Empresas Estatais (DEST) apontavam para uma contrapartida em atendimento a
antiga reivindicação da categoria. O corte também seria uma exigência do
Tribunal de Contas da União (TCU) para a concessão do PCES.
Para
o mandatário do Sindaport, a questão está nas mãos dos empregados. "Se o
corte total for mesmo confirmado, mais do que nunca caberá aos funcionários
demonstrarem em serviço se a empresa errou ou acertou ao zerar as horas
extras". De acordo com Cirino, os reflexos da medida poderão ser
rapidamente mensurados no dia a dia da Codesp. "Ninguém faz hora extra
porque quer, mas sim porque os serviços exigem".
Ele
garante que alertou a direção da estatal em diversas ocasiões sobre os riscos
da medida. "O corte do extraordinário poderá causar sérios problemas de
ordem administrativa e operacional para a empresa, gerando queda na qualidade
de trabalho e até mesmo a descontinuidade de serviços considerados específicos
e relevantes no cotidiano do porto".
Na
última terça-feira, Everandy Cirino e o vice-presidente do Sindaport, João de
Andrade Marques, foram recebidos em audiência pelo ministro Leônidas Cristino
na sede da Secretaria Especial de Portos, em Brasília. Na pauta do encontro o
PCES da Codesp.
Fonte:
AssCom Sindaport / Denise Campos De Giulio
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