Os
portos brasileiros se tornaram uma rota alternativa para levar cocaína
produzida na América do Sul a países da Europa. Segundo a Receita Federal, mais
de dez toneladas da droga foram apreendidas em carregamentos marítimos que
saíram ou iriam sair de portos brasileiros em três anos, de 2008 a 2011.
A
rota foi reconhecida oficialmente em relatório recente da JIFE (Junta
Internacional de Fiscalização de Entorpecentes) – o órgão independente criado para
fiscalizar a implementação dos tratados da ONU sobre drogas.
Até
então, o país era conhecido mais por fazer parte da rota aérea da cocaína, em
que viajantes são recrutados para embarcar em voos para a Europa com cocaína
escondida na bagagem ou no corpo.
O
documento aponta a África Ocidental como o mais novo centro de contrabando de
cocaína de países sul-americanos - como Colômbia, Bolívia e Peru - para a
Europa. Segundo a Jife, desde 2007, quadrilhas internacionais têm intensificado
o transporte da droga por via marítima para essa região.
De
acordo com o relatório, estatísticas de 2011 (as mais recentes) apontam que
quase metade da cocaína apreendida no mar vem de portos brasileiros. Os
principais países de destino dessas cargas são Benin, Camarões, Gana, Nigéria,
Serra Leoa e Togo.
A
partir desses países, a droga é redistribuída para destinos na Europa, como
Espanha, Portugal e Bélgica.
Segundo
dados da Receita Federal, ao menos 10,5 toneladas de cocaína foram apreendidas
em 60 operações diferentes desde 2008. Essa droga embarcou ou iria embarcar em
navios por meio de portos brasileiros.
Esconderijos
Segundo
o delegado Ivo Roberto Costa da Silva, da Polícia Federal, as quadrilhas que
operam nos portos brasileiros são internacionais. Boa parte delas seria formada
por criminosos de origem sérvia.
A
natureza do transporte marítimo também permite aos criminosos enviar grandes
quantidades da droga de uma só vez. Em alguns carregamentos interceptados, mas
de uma tonelada de cocaína foi apreendida.
A
Polícia Federal e a Receita já encontraram os mais diversos tipos de
esconderijos usados para ocultar a droga. Em apreensões recentes, a cocaína foi
encontrada em cargas de carvão, em tonéis de suco de laranja congelado e em
embalagens de detergente.
Outra
tática comum dos criminosos é ocultar o entorpecente dentro da estrutura
metálica de contêineres que saem vazios do país, segundo Cleiton Simões,
inspetor-chefe da Receita Federal no porto de Santos.
Para
combater essas práticas, a Receita está comprando equipamentos de raio-x cada
vez mais sofisticados para aumentar sua capacidade de inspeção de contêineres.
Alguns conseguem penetrar chapas de metal de quase três centímetros de
espessura. As cargas são examinadas antes de embarcar nos navios.
"Conseguimos
escanear até 120 contêineres por hora. Temos uma equipe que faz uma análise de
risco; eles selecionam os contêineres com maior possibilidade de conter drogas.
Com os escâneres, o cão de faro, e a sensibilidade dos nossos fiscais, temos
feito grandes apreensões", disse Simões.
Ele
afirmou que nos próximos dias um segundo tipo de escâneres de alta capacidade
entrará em atividade no porto de Santos, a fim de dobrar essa capacidade.
Segundo a delegada Luciana Fuschini, da Polícia Federal, uma das táticas usadas
pelos traficantes para tentar burlar esse tipo de fiscalização é enviar ao
exterior, quantidades menores de cocaína, escondida com tripulantes de
embarcações. "Eles embarcam em seus navios com a droga escondida no
corpo", afirmou.
Contudo,
a tática mais recente é o que a Polícia Federal apelidou de
"pescaria".
Nela,
os navios cargueiros deixam os portos brasileiros sem entorpecentes. Os
traficantes embarcam em botes a motor levando a cocaína em mochilas e se
aproximam desses navios em alto mar. A droga é então içada por meio de cordas
por tripulantes recrutados pelos criminosos.
Porém,
independente da tática usada pelas quadrilhas, a Polícia Federal tem usado a
cooperação internacional para tentar desmantelá-las. Segundo Fuschini, com
autorização da Justiça a PF deixa passar determinados carregamentos de cocaína
para monitorar até onde ele é levado – com o objetivo de prender os
receptadores da droga.
Fonte: BBC Brasil
Veja o Vídeo Produzido pela BBC BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.