Seis
mil pessoas serão investigadas por mercadorias irregulares, diz PF.
Produtos vieram ao Brasil como bagagem,
mas eram encomendas. Contêineres estavam na cidade de Guarujá, no litoral de
São Paulo.
Uma
operação conjunta entre a Receita Federal, Ministério Público Federal e Polícia
Federal apreendeu produtos não declarados que vieram dos Estados Unidos dentro
de contêineres nesta quinta-feira (11). As mercadorias estavam em um terminal
portuário na cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo. Os produtos entraram
no país como bagagens. Seis mil pessoas serão investigadas.
A operação começou na semana passada em São
Carlos, no interior de São Paulo, quando a Receita Federal descobriu
documentação irregular de mais de 400 contêineres dentro do depósito de uma
transportadora. A maior parte dos produtos veio da cidade de Charleston,
próximo a Miami, nos Estados Unidos.
Ontem,
uma operação especial apreendeu um novo carregamento – parte do esquema de
fraudes – em um terminal no Guarujá. No interior dos contêineres detidos, foram
encontrados aparelhos de TV com tela plana, geladeiras, recipientes com óleo
automotivo e até uma bicicleta, avaliada em mais de R$ 10 mil. As mercadorias
tinham como destino duas pessoas físicas “fantasmas” – inexistentes.
“Tudo irregular. Existem as pessoas que querem
se isentar dos tributos, e tem aquelas que não têm direito a licença de
importação de algum produto que seja controlado pela Vigilância Sanitária, por
exemplo. Para evitar o trâmite obrigatório ele tenta trazer escondido como se
fosse uma bagagem, mas na verdade é uma encomenda”, explica o inspetor chefe
Alfândega Cleiton Simões.
Os
produtos seriam distribuídos para todo Brasil. “Essa quadrilha na verdade é
feita nos Estados Unidos. É uma pessoa nos Estados Unidos que consolida essa
carga irregularmente. Ela traz o contêiner dizendo que é de uma pessoa, mas na
verdade são de 20, 30 pessoas. Nós já identificamos seis mil pessoas que se
beneficiaram com essa operação”, completa o inspetor. As seis mil pessoas
envolvidas na fraude estão sendo investigadas e podem responder por descaminho.
Os produtos importados irregularmente passarão por uma triagem e, só depois
será decidido o que vai ser feito.
A
estratégia utilizada no esquema, segundo o inspetor-chefe da Alfândega do Porto
de Santos, Cleiton Simões, é declarar a carga como bens pessoais de mudança. “A
má fé está na hora de evitar que os produtos passem a fronteira pagando
impostos e taxas. A legislação não permite e temos que cumpri-la”, explica. Os
produtos encontrados em cada contêiner estão avaliados em mais de R$ 1 milhão.
As
pessoas, conforme explica Simões, não precisam ter viajado ao exterior para
integrar o esquema. Há sites especializados na internet que oferecem esse
serviço irregularmente. “Alguém, em um determinado país, despacha a mercadoria
via contêiner. Dias depois ela chega ao Brasil sem declarar o que de fato
carrega”, diz.
A
taxa obrigatória de imposto em uma importação está calculada em 60% sobre o
valor da nota. Se um brasileiro viveu no exterior por mais de um ano e volta ao
país com tudo o que conseguiu comprar, comprovando a utilização das peças, ele
fica isento de imposto. Toda a mudança, porém, deve chegar pelo menos um mês
antes ou 90 dias depois do viajante – Forma encontrada para comprovar as
intenções reais.
“As pessoas
estão utilizando os contêineres para enviar as bagagens pessoais, burlando as
cotas de importação”, explica o inspetor da Alfândega. O material deve chegar
junto com o comprador ao País. Há um limite de US$ 500,00 para entrar nas
Alfândegas aeroviárias ou marítima e US$ 300,00 na terrestre. Diferente disso,
a operação se enquadra em remessa e deve ser tributada como qualquer carga de
importação.
Descoberta
A
força tarefa formada pelos três órgãos (MPF, PF e RF) permitiu que, na última
semana, uma quadrilha fosse desmantelada em São Carlos, interior de São Paulo. “Seguimos
o contêiner que saiu de Santos. Lá, encontramos, na transportadora responsável
pela carga, documentos de outros 408 contêineres que seguiram o mesmo esquema”,
conta Cleiton. Parte deles já tinham sido entregue aos destinatários.
As
informações contidas em cada nota fiscal irregular serão utilizadas pelo
Ministério Público para abrir processo contra cada comprador. “Eles estavam
cientes do que estavam fazendo, por isso, também devem ser punidos”. Os
trâmites vão resultar em multas, autuações e, se houver necessidade, apreensões
dos produtos que entraram de forma ilícita no Brasil. Aqueles que agenciam o esquema
serão presos.
Os
produtos encontrados nesses carregamentos são, em sua maioria, eletrônicos, mas
também há remédios, suplementos alimentares, armas e até drogas. A Receita
Federal ficará responsável por destinar as mercadorias interceptadas. Elas
poderão ser oferecidas em leilão, doadas para entidades carentes, utilizadas em
repartições públicas ou, até mesmo, destruídas.
Fonte:
Jornal A Tribuna / G1 – Edição Segurança Portuária Em Foco
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.