SEGURANÇA
PÚBLICA PORTUÁRIA / POLÍCIA FEDERAL
OPERAÇÃO PORTO SEGURO
Fernando Fialho
ampliou prazo de validade de contrato de arrendamento de área
Apadrinhado
político do presidente do Congresso, José
Sarney (PMDB-AP), e atual secretário do governo Roseana Sarney (PMDB) no
Maranhão, o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq) Fernando Fialho favoreceu
uma empresa ligada ao senador com a extensão, por um ano e meio, de um contrato
de exploração do Porto de Santos. A empresa nega e garante ter tido todas as
transações aprovadas nos órgãos públicos.
Resolução
assinada por Fialho evitou que o Grupo
Rodrimar disputasse licitação para se manter em área do terminal, cujo
arrendamento venceria em 2011. O contrato prestes a caducar foi unificado a
outro, com vencimento previsto para 2013, sem que nova concorrência fosse
feita. Além disso, a área usada pela empresa para movimentação de cargas
cresceu.
As
investigações da Polícia Federal na Operação Porto Seguro desmantelaram um
esquema que atuava em favor de empresários com interesses, entre outros, no
Porto de Santos. Diretores de agências reguladoras, como Paulo Vieira (ex-diretor da Agência Nacional de Águas e
ex-conselheiro administrativo da Companhia
Docas do Estado de São Paulo, a Codesp), foram denunciados. Fialho não está
na lista.
A
Rodrimar tem ligações com Sarney e relações com Fialho, que conheceu no mercado
portuário.
O
senador admite conhecer representantes da Rodrimar socialmente, mas diz que
“nunca pediu nada” para eles na agência.
Questionado,
Fialho explica que, ao longo de sua vida profissional, tem “amealhado amigos em
todas as esferas”. Ele nega, no entanto, conflito de interesse em decisões que
beneficiaram a empresa na Antaq.
Voto
A
resolução de Fialho foi publicada em agosto de 2011, após o diretor-geral
apresentar, como revisor, voto favorável ao negócio em reunião da diretoria da
Antaq. O relator do processo foi o ex-diretor Tiago Lima, que pediu exoneração por suspeita de envolvimento com
as fraudes investigadas.
Um
dos artigos transferiu à Rodrimar o arrendamento de um terreno de 11,1 mil
metros quadrados, da Citrovita
Agroindustrial, vizinho à área explorada pela empresa, com cerca de 50 mil
metros quadrados. Os dois lotes ficam no Cais do Saboó, na Margem Direita do
complexo portuário. Os demais autorizaram a junção dos contratos, fazendo valer
o vencimento inicialmente previsto só para a Citrovita – 18 de abril de 2013. O
acordo com a Codesp, administradora portuária, permitia a permanência da
Rodrimar até outubro de 2011, em caráter “impostergável”.
O
Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a transação dois meses após a
resolução ser publicada, alegando não haver previsão legal para a manobra – a
Lei de Modernização dos Portos (8.630), de 1993, determina licitação pública
para a exploração de portos e fixa regras para a prorrogação. No entanto, ao
avaliar recursos da Rodrimar, o TCU afrouxou as restrições.
Em
novembro de 2011, a corte revogou a suspensão, proibindo apenas novos
investimentos na área. Em outubro passado, liberou o negócio de vez. O plenário
acolheu argumentos da Codesp de que a licitação não seria “oportuna”, tendo em
vista o interesse em organizar o cais para terminais maiores e mais eficientes,
em concorrências futuras. E que a saída da Rodrimar traria prejuízos, com perda
de arrecadação e descontinuidade de serviços.
Um
dos mais antigos do setor portuário, o Grupo Rodrimar atua desde 1944. Hoje,
tem ao menos cinco empresas, que oficialmente concorrem com operadoras
investigadas na Porto Seguro, mas compartilham serviços de suspeitos de
integrar o esquema. Acusado de movimentar dinheiro do esquema, o advogado
santista Marco Antônio Negrão Martorelli
(citado na Operação Porto Seguro) consta como representante dessas empresas.
Rodrimar impediu o acesso da Guarda
No
último dia 04/11/12 um inspetor da Guarda Portuária teve o seu acesso ao
terminal impedido pelo coordenador de segurança. Ele compareceu na portaria do
Terminal Rodrimar para checar denúncia recebida no Centro de Controle de
Operações de Segurança da Guarda Portuária – CCOS de que um muro havia sido
derrubado, proporcionando o acesso ao cais, comprometendo o Plano de Segurança
do Porto de Santos. Esse muro dividia o Terminal da Rodrimar com o Terminal da Citrovita que foi incorporado na área.
Resposta
da Rodrimar
Em
nota, o Grupo Rodrimar negou “ter sido beneficiado por qualquer decisão da
antaq ou qualquer outro órgão de fiscalização, regulação e controle”.
Sobre
a Resolução 2.189 da Antaq, que transferiu a titularidade do contrato da
Citrovita para a Rodrimar, a empresa relatou que “firmou um acordo comercial de
compra do Terminal Citrovita para unificação das operações dos dois terminais
portuários. A transferência da titularidade do contrato de arrendamento está
totalmente amparada na legislação vigente e foi aprovada pelas áreas técnicas e
jurídicas da Codesp e da Antaq e aprovada por acórdão do plenário dos ministros
do Tribunal de Contas da União – TCU”.
A
autorização para a unificação dos contratos foi emitida pelo colegiado da
Antaq, não sendo uma decisão individual do então diretor-geral Fernando Fialho,
destacou.
De
acordo com a empresa, a unificação dos contratos representou um aumento da
capacidade de operação do Porto de Santos e a Rodrimar passou a pagar, para a
área total do terminal, um valor maior pelo arrendamento. A empresa ainda
esclarece que o contrato 12/91, de seu terminal no cais santista se encerraria
em novembro de 2011.
E
também comunicou que não atua no Maranhão; tem suas operações centralizadas, há
mais de 68 anos no Porto de Santos, com exceção de uma operação de pequeno
porte no Porto de Recife; e que o advogado Marco Antonio Martorelli não presta
serviços para a firma Há oito anos. Seu atual advogado é Alexandre Schammas.
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*Esta publicação é de inteira
responsabilidade do órgão de imprenssa que a publicou. O nosso papel é apenas manter informado aqueles que
acompanham o Blog, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados
com a Segurança Portuária, nesse caso, a Operação Porto Seguro, da Polícia
Federal.
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