SEGURANÇA PÚBLICA PORTUÁRIA / POlÍCIA
FEDERAL
A
Advocacia Geral da União (AGU) confirmou irregularidades que favoreceram
empresas investigadas na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, em
processos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Um
“pente-fino” na procuradoria da agência mostrou que o ex-diretor da Agência
Nacional de Águas (ANA) e ex-conselheiro da Codesp Paulo Rodrigues Vieira, apontado como chefe do esquema de venda de
pareceres, transitava livremente pela Antaq e recorria ao apadrinhamento
político do ex-ministro José Dirceu e do deputado Valdemar Costa Neto (PR),
para fazer indicações e inflar seu prestígio.
Em
relatórios divulgados ontem, a Corregedoria da AGU diz ter analisado mais de
300 documentos da Antaq, da ANA e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O objetivo era aferir a regularidade da tramitação dos papéis e identificar
eventuais influências externas nos pareceres de 23 procuradores que atuam
nessas autarquias. As apurações, iniciadas em 23 de novembro, encontraram
falhas somente em processos da Antaq.
José Weber Holanda
Os
trabalhos da comissão de sindicância criada para investigar o ex-advogado-geral
da União adjunto José Weber Holanda,
acusado pela PF de receber propina do grupo de Vieira, devem ser prorrogados
por mais um mês, a despeito de a presidente Dilma Rousseff ter pedido
celeridade.
O
relatório da correição na Antaq concluiu que Vieira exercia influência sobre
servidores que tinham ou não poder de decisão na agência. De acordo com
procuradores do órgão ouvidos pela AGU, o ex-diretor entrava em reuniões sem
aviso prévio, desligando o ar condicionado; ameaçava de exoneração o
ex-procurador-geral Aristarte Gonçalves
Júnior; emplacou o motorista Jailson
Santos Soares como ouvidor do órgão; e tentava demonstrar
“acintosamente” que tinha poder para indicações a altos cargos públicos.
“Numa
ocasião, ele me convidou para ir até o José Dirceu e o Valdemar Costa Neto
porque queria me nomear procurador-geral”, contou, em depoimento, o procurador Carlos Afonso, lotado na Antaq.
Conforme
o relatório, faltaram critérios de “distribuição, transparência e segurança” no
andamento de processos da Antaq. Fragilidades na tramitação teriam favorecido
interferências externas, como no caso da instalação de um complexo portuário
bilionário na Ilha de Bagres, em
Santos, de interesse do ex-senador Gilberto
Miranda (PMDB-AM), investigado na Porto Seguro.
Parecer
que contrariava interesses da empresa Tecondi
teria desaparecido de processo que discutia aditivos em contrato com a Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp), da qual Vieira era conselheiro. Denúncia de compra de um
relatório do Tribunal de Contas da União
(TCU) sobre o mesmo caso, favorável à Tecondi,
foi o pivô da Operação Porto Seguro.
Delegação da XCMZ no Porto de Recife
Segundo
a AGU, outra empresa, a Êxito Importadora e Exportadora S/A (representante no Brasil da XCMZ), foi beneficiada em processo da Antaq sobre o
uso do Porto do Recife. Parecer que
dificultava a exploração da área foi substituído por outro, que liberava a
atividade.
Diante
dos indícios de crime na troca e no sumiço de documentos, a AGU vai remeter o
relatório à PF e ao Ministério Público Federal. Além disso, determinará o envio
dos casos suspeitos para anulação de decisões viciadas e abertura de processos
disciplinares para identificar eventuais responsáveis. Os servidores envolvidos
podem ser punidos com afastamento ou até a demissão.
Fonte: Estadão Conteúdo / Jornal A Tribuna.
*Esta publicação é de inteira
responsabilidade do órgão de imprenssa que a publicou. O nosso papel é apenas manter informado aqueles que
acompanham o Blog, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados
com a Segurança Portuária, nesse caso, a Operação Porto Seguro, da Polícia
Federal.
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