SEGURANÇA PUBLICA PORTUÁRIA / POLÍCIA FEDERAL
Refinaria Duque de Caxias - RJ
A
Polícia Federal (PF) acusa a Petrobras de despejar no oceano, toneladas de
resíduos tóxicos resultantes da operação de extração de petróleo de plataformas
marítimas sem nenhum tipo de tratamento. Inquérito da Divisão de Crimes
Ambientais da PF no Rio concluiu que a empresa não respeita a legislação sobre
o tratamento e o descarte da água tóxica – chamada de “água de produção” ou
“água negra” -, que se mistura ao óleo prospectado nas unidades marítimas de produção.
Para
o Delegado Fábio Scliar, responsável pelo inquérito, as investigações mostraram
que a Petrobras é “leviana” no tratamento de resíduos da extração petroleira. A
fiscalização a cargo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) é ineficaz, segundo a PF.
Na
avaliação do Delegado, os danos ambientais provocados pelo descarte irregular
da água de produção nas plataformas de petróleo “é 300 vezes maior” do que os
impactos resultantes do vazamento de óleo do Campo de Frade, da empresa
americana Chevron, na Bacia de Campos, no ano passado. “O impacto é 300 vezes
maior do que o vazamento da Chevron no ano passado. O negócio vem desde que há
exploração de petróleo no Brasil”, afirmou Scliar. “Essa água negra é descartada
há décadas no oceano sem o tratamento adequado. E não há fiscalização qualquer.
Isso é um segredo nacional de décadas”, disse o Chefe da Divisão de Crimes
Ambientais.
O
inquérito já está no Ministério Público Federal (MPF), que deve denunciar por
crime de poluição pelo menos dois gerentes da empresa pelas irregularidades
constatadas na Reduc. Outro inquérito civil está em andamento para
responsabilizar, e multar, a Petrobrás. O procurador Renato Machado informou
que vai enviar cópias de toda a documentação do caso para a Procuradoria-Geral
da República (PGR) em Brasília, onde será definida a abertura de novos
inquéritos para apurar o despejo de água de produção nas plataformas marítimas
espalhadas pelo País.
Investigação
As
investigações da Polícia Federal começaram há 10 meses, por meio de operações
que tinham a função de apurar suspeita de descarte de poluentes da Refinaria de
Duque de Caxias (Reduc), a quarta maior da Petrobras, diretamente nas águas do
Rio Iguaçu e na vegetação da região. Em todas foram confirmadas
irregularidades. A Petrobras foi multada, segundo a PF, e se comprometeu a
erguer até 2017 uma nova unidade de tratamento de resíduos.
No
andamento do caso, porém, servidores públicos responsáveis pela fiscalização
ineficiente da empresa comentaram com os agentes federais que pior do que os
descartes de poluentes pela Reduc era o derrame da água de produção nas
plataformas e refinarias. "Uma inconfidência de um servidor público da
área de meio ambiente sobre o problema da água de formação nos chamou a
atenção. Como aquilo não era o meu alvo no momento, eu captei e fiquei quieto.
Depois que eu resolvi a questão da Reduc, resolvi investigar", disse o
delegado Scliar. "Acabei desvendando essa história, que, para mim, é um
absurdo. É uma política absurda. Uma enganação ao povo brasileiro",
afirmou o delegado federal.
Mistura
A
água negra é uma mistura de água do mar com óleo, graxa e inúmeras substâncias
tóxicas, como os metais pesados bário, berílio, cádmio, cobre, ferro, e até
radioativas, como estrôncio-90 e bismuto-214, entre outros. De acordo com as
investigações da PF, a Petrobras informou que 99% da água de produção extraída
junto com o petróleo são tratadas nas próprias plataformas marítimas. O
inquérito ressalta, no entanto, que nem todas essas unidades contam com
estações de tratamento. Segundo a PF, apenas 29 das 110 plataformas têm
capacidade de limpar o líquido tóxico antes de seu retorno ao mar.
O
1% restante da água negra segue para refinarias da Petrobras, onde também
deveria receber tratamento. Segundo a PF, isso não acontece. A unidades de
tratamento estão desativadas. O líquido tóxico é embarcado em navios da
empresa, “onde, sem tratamento algum, serão despejadas em alto mar”, afirma o
inquérito enviado pelo delegado Scliar à Procuradoria da República em São João
de Meriti há dois meses.
Multa
A
Petrobras foi multada, segundo a PF, e se comprometeu a erguer até 2017 uma
nova unidade de tratamento de resíduos. No andamento da investigação, no
entanto, servidores públicos responsáveis pela fiscalização ineficiente da
empresa comentaram com os agentes federais que pior do que os descartes de
poluentes pela Reduc era o derrame da água de produção nas plataformas e
refinarias. “Uma inconfidência de um servidor público da área de meio ambiente
sobre o problema da água de formação nos chamou a atenção. Como aquilo não era
o meu alvo no momento, eu captei e fiquei quieto. Depois que eu resolvi a
questão da Reduc, resolvi investigar essa história”, disse o delegado Scliar.
“Acabei desvendando essa história, que, para mim, é um absurdo. É uma política
absurda. Uma enganação ao povo brasileiro”, afirmou o delegado federal.
Petrobrás
Em
nota enviada pela assessoria de imprensa, a Petrobras nega as acusações e
garante atender a todos os requisitos da legislação ambiental brasileira e
internacional. "A água produzida junto com o petróleo nas plataformas é
tratada e descartada de acordo com a legislação brasileira, que é tão rigorosa
quanto nos EUA e na Europa. Nas plataformas onde não há sistema de tratamento,
a água é enviada para outras plataformas ou outras instalações para destinação
adequada", informa o texto. "Também na Refinaria Duque de Caxias,
todos os efluentes são tratados. O descarte respeita a legislação brasileira”,
acrescenta a nota.
Informa
ainda que não despeja água de produção no rio Iguaçu. A empresa ainda ressalta
que seus sistemas de produção estão preparados “para seguir a legislação
independente de se encontrarem em acumulações do pré-sal ou do pós-sal”, informa
o texto.
Ibama
Também
por nota, a assessoria do Ibama informou que "exige de todas as empresas
petrolíferas o estrito cumprimento da legislação ambiental, incluindo os
padrões de descarte de água de produção estabelecidos pela Resolução Conama nº
393/07". O instituto diz que realizou 90 autuações referentes ao descarte
de água de produção fora das especificações do Conama, aplicando essas sanções
a diversas empresas petrolíferas, e que conta com 80 analistas ambientais
especializados para função.
Fonte:
Agência Estado / Revista Veja / Portal Marítimo
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