Condenado a 29 anos de prisão por tráfico internacional de
drogas, ele foi preso em 2021, mas recebeu autorização para aguardar
recurso em liberdade
A Polícia Judiciária
(PJ), de Portugal, através da Unidade de Informação Criminal, prendeu no último
sábado, dia 15, em um condomínio de luxo na cidade de Cascais, o brasileiro
Ygor Daniel Zago, 44 anos, conhecido como Hulk, que estava na lista de difusão
vermelha da Interpol e era considerado pelas autoridades brasileiras um dos
principais nomes ligados ao Primeiro Comando da Capital - PCC.
Segundo as
investigações, Hulk saiu do Brasil para o Peru, passou pela Itália antes de
chegar a Portugal em maio deste ano.
Detenção junto com a mulher
Ele foi detido, ao
lado da mulher, Fernanda Ferrari Zago, 40 anos, após operação com mandados
internacionais emitidos pelo Brasil.
A PJ aponta ainda
que na conta bancária da mulher do traficante havia dinheiro oriundo do esquema
criminoso, “auxiliando assim na ocultação de bens e valores”. “Além disso, foi
apurada a titularidade de vários veículos de luxo, utilizados por outros
membros da organização.”
Os dois detidos
foram apresentados ao Tribunal da Relação de Lisboa, onde será definida a
medida de coação. Segundo a Polícia Judiciária, eles podem ser condenados a até
12 anos de prisão pelos crimes investigados em território português.
Por meio de nota, a
assessoria de imprensa do órgão informou que "os detidos foram ouvidos por
um juiz que decretou a prisão preventiva enquanto aguardam o processo de
extradição para o Brasil".
Prisão Preventiva
Zago tinha prisão
preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por organização
criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Investigação no Brasil por adulteração de combustíveis
Segundo a denúncia
do MP, o grupo criminoso começou a agir em meados de 2019 em São Paulo,
Guarulhos, Santo André, São Bernardo do Campo, Osasco, Poá, Campinas, Itatiba,
Limeira, Jacareí e Piracicaba.
A investigação
contra o casal, feita pela Polícia Federal (PF); Polícia Civil do Estado de São
Paulo (PCESP), com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPESP) estadual,
começou em 2023, a partir de uma apreensão de 30 mil litros de metanol, o que
levou a polícia a rastrear fluxos financeiros e rotas de distribuição. A
apreensão permitiu a descoberta de um esquema criminoso de adulteração de
combustíveis do PCC com o composto químico.
De acordo com a
acusação, as vítimas da quadrilha são os consumidores de combustíveis
automotivos.
Também conhecido no
mundo do crime como “Pitoco”, Zago é apontado como um dos líderes do esquema
criminoso de adulteração de combustíveis, que conta ainda com contadores,
secretários, operadores, supervisores e "laranjas". Foram
identificados 33 postos de combustíveis usados pela quadrilha para cometer os
crimes.
“A organização
criminosa age de forma ordenada e com divisão de tarefas, para o fim de obter,
especialmente, vantagem econômica, mediante revenda de combustível – gasolina e
etanol – em desacordo com as normas – adulterado; a corrupção de agentes
públicos vinculados a órgãos de fiscalização da atividade, e a ocultação dos
valores e bens”, informa trecho da denúncia.
“Fica evidente que a
Orcrim [organização criminosa] prioriza a venda de combustível adulterado aos
consumidores”, informa a acusação do Ministério Público. "E não bastasse a
utilização de metanol nos combustíveis e a fraude para entrega em quantidade
inferior à vendida ao consumidor, a Orcrim também se vale de água para diluir
gasolina e etanol.”
GAECO - MPESP
O casal é
investigado pela polícia paulista com apoio do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPESP).
O MPESP informou,
por meio de nota, que "acompanha através dos meios formais de cooperação
jurídica internacional a prisão de dois dos denunciados na operação ‘Boyle’ em
Portugal."
“Os trâmites da
eventual extradição dependem dos meios de colaboração entre países e seguem com
acompanhamento para o regular trâmite do processo já em curso”, informou o
Gaeco.
Inquérito Policial da Polícia Federal
O Inquérito Policial
da Polícia Federal (PF) mostra que Ygor Daniel Zago era mais do que um operador
financeiro: ele era um elo entre as ordens do alto comando do PCC e a execução
das fraudes, circulando entre aqueles que adulteravam o combustível, os que
abasteciam os postos e os que faziam a engrenagem financeira da facção rodar.
As mensagens
analisadas pelos investigadores revelam que era ele quem, em vários momentos,
dava a palavra final sobre pagamentos, volumes de metanol e ajustes nas
práticas internas de adulteração, demonstrando função de supervisor técnico e
financeiro.
Em outra troca de
mensagens, ao ser informado sobre a necessidade de reforço de caixa, ele
simplesmente autorizou o repasse de “mais R$ 120 mil na conta” de um posto de
combustíveis, como consta no relatório policial. Esse tipo de ordem aparece
repetida, em diferentes momentos, sempre com Ygor atuando como avalista do
esquema, liberando cifras de alto valor para manter a produção e a
distribuição.
Comando Operacional
Apesar de
formalmente ocupar funções ligadas à administração de empresas do grupo, Ygor Zago
tinha interferência direta no dia a dia dos postos. Mensagens trocadas com um
comparsa, responsável pela “ponta operacional”, mostram pedidos de atualização
sobre tanques, qualidade do combustível e saída de carregamentos.
Quando surgiam
dúvidas sobre a qualidade da mistura — especialmente nos momentos em que o
metanol chegava mais concentrado — era Ygor quem definia os limites. Em um
trecho analisado pela PF, após receber alerta de que “o pesado veio mais
forte”, indicando maior quantidade de metanol, ele orienta ajustes para evitar
chamar atenção. Isso, segundo os investigadores, mostra que ele compreendia
perfeitamente da dinâmica da mistura quanto os riscos de autuação.
Ygor também mantinha
contato direto com outro criminoso, identificado como “Alemão”, que trabalhava
na manipulação dos produtos adulterados.
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Máfia dos Balcãs
Além disso, Zago também
é investigado por envolvimento num esquema transatlântico que ligava o PCC à Máfia
dos Bálcãs para o narcotráfico internacional.
Apontado como um
megatraficante, foi condenado a 29 anos de prisão por tráfico internacional de
drogas, ao lado de André Oliveira Macedo, o André do Rap.
Ele e a esposa
chegaram a ser presos em 15 de junho de 2021, durante a Operação Netuno, em uma
casa no Residencial Marina Guarujá, localizado na Rodovia Ariovaldo de Almeida
de Viana, em Guarujá, no litoral de São Paulo, durante a Operação Netuno, mas
recebeu autorização para aguardar recurso em liberdade.
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