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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

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PF E MPF DEFLAGRAM OPERAÇÃO CONTRA TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS NA BAHIA


As investigações apontam a existência de um grupo criminoso especializado no envio de cocaína para a Europa por meio de embarcações pesqueiras

A Polícia Federal (PF), em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público Federal (MPF), deflagrou, na última quarta-feira (10/12), a Operação ANANSI, em combate ao tráfico internacional de drogas e a lavagem de capitais vinculados a organizações criminosas (ORCRIM) atuantes no extremo sul do estado da Bahia.

Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão preventiva, além de outras medidas cautelares, entre elas o bloqueio de valores em contas bancárias de até R$ 50 milhões.

As investigações apontam a existência de um grupo criminoso especializado no envio de cocaína para a Europa por meio de embarcações pesqueiras, tendo o extremo sul da Bahia como ponto estratégico e recorrente de apoio logístico para essas organizações.

Apreensões

No curso das diligências desta operação, foram apreendidos veículos, aparelhos celulares e outros bens, que serão submetidos à análise, visando ao rastreamento patrimonial e à consolidação das provas colhidas.

As análises dos celulares apreendidos devem detalhar a extensão e o tempo de funcionamento da rota, estimada em pelo menos quatro anos.

Recrutamento

Segundo a PF, o recrutamento de brasileiros não ocorreu de forma aleatória. A aproximação inicial ocorreu por meio de um familiar de um pescador que havia viajado para Portugal, criando a ponte entre a organização estrangeira e os operadores locais.

Traficantes europeus buscavam pessoas com embarcações em bom estado, navegadores experientes, e gente disposta a correr riscos em troca de dinheiro rápido, encontrando isso nas comunidades pesqueiras brasileiras.

Investigação

Em dezembro de 2024, foi possível identificar e apreender, na região de Cabo Verde, uma embarcação pesqueira que partiu do sul da Bahia, transportando, aproximadamente, 1.600 quilos de cocaína. A partir daí, as investigações evoluíram para identificação das pessoas responsáveis pelas ações criminosas.

SAIBA MAIS: POLÍCIA JUDICIÁRIA E MARINHA PORTUGUESA APREENDEM EMBARCAÇÃOCOM 1,6 TONELADAS DE COCAÍNA

Chamou a atenção dos investigadores que alguns pescadores e empresários do ramo de embarcações pesqueiras se transformaram em verdadeiros empresários do tráfico internacional de drogas, utilizando o conhecimento técnico que possuem sobre navegação e rotas marítimas em favor das atividades criminosas.

A investigação teve o apoio direto da Europol e conta com cooperação jurídica internacional com Cabo Verde e com países da Europa, como a Polícia Judiciária de Portugal, a guardiã Civil da Espanha e da DGSI (Direction Générale de la Sécurité Intérieure), da França, reforçando o caráter transnacional da atuação criminosa.

As investigações prosseguem com o objetivo de identificar todos os autores e demais envolvidos nas ações criminosas, bem como aprofundar a análise das estruturas financeiras utilizadas para a lavagem dos recursos provenientes do tráfico internacional de drogas.

Esquema

O esquema identificado na investigação está distante de práticas amadoras. As embarcações, muitas delas já equipadas com tanques de combustível ampliados, característica comum entre pescadores experientes, eram modificadas com fundos falsos e compartimentos ocultos. Sob cargas de marisco, consideradas lícitas, escondia-se a cocaína destinada ao mercado europeu.

A rota marítima permitia transportar entre 1,6 e 3 toneladas por viagem, um volume muito superior ao normalmente apreendido em contêineres nos portos brasileiros (cerca de 500 kg).

A escolha pelo modal pesqueiro, segundo fontes da coluna ligadas à investigação, derivou do aumento da fiscalização portuária, levando o crime organizado a diversificar meios e buscar rotas menos monitoradas.

A logística incluía, quando necessário, o envio de embarcações de apoio para reabastecimento em alto-mar, garantindo o percurso completo até a Europa.

A PF também identificou o uso de coordenadas geográficas e de um “minicentro de inteligência” a bordo das embarcações, o que permitia traçar rotas seguras e monitorar possíveis abordagens. Isso demonstra a existência de um planejamento robusto e de uma estrutura operacional consolidada.

Lavagem do dinheiro

Após a entrega da droga e o retorno ao Brasil, começava a etapa de dissimulação dos ganhos.

O dinheiro recebido pelos pescadores e proprietários das embarcações, em euro, real ou criptomoedas, era rapidamente pulverizado entre contas bancárias, empresas de fachada e “laranjas”.

Motivação do crime

De acordo com a PF, a maioria dos envolvidos não possuía vínculos com facções criminosas, e que, entre os brasileiros, a motivação predominante era financeira.

Os pescadores recebiam entre R$ 60 mil e R$ 100 mil por travessia, enquanto proprietários de embarcações, responsáveis pela logística, eram remunerados com valores superiores, proporcionais à carga transportada.

Os pagamentos eram feitos em euro, real e, em alguns casos, criptomoedas, o que dificultava o rastreamento financeiro.

O tráfico transnacional

O crime transnacional evoluiu, e se sofisticou, transformando o litoral do Brasil em uma das principais plataformas de exportação de cocaína para a Europa.

Não há mais um monopólio das facções brasileiras, a cada dia aumenta a participação da máfia europeia no Brasil.

O oceano se tornou o novo corredor do crime, e quem controla essa rota não fala português, mas italiano, espanhol e, sobretudo, europeu.

Nome da Operação

O nome da Operação ANANSI tem origem na mitologia africana e faz referência à figura de Anansi, a Aranha.

Anansi é um personagem (um "trickster") conhecido por sua inteligência, sagacidade, astúcia e capacidade de enganar, tecendo histórias e superando desafios com esperteza. Na língua Twi, do povo Akan (Gana), "ananse" significa literalmente "aranha".


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