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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

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CASOS DO CAIS: O GUARDA CONMEL


O apelido colou como chiclete em calçada quente e o acompanhou até a aposentadoria — muitos sequer sabiam seu nome verdadeiro

Em 7 de novembro de 1980, com o término da concessão do Porto de Santos à Companhia Docas de Santos (CDS), a administração retornou ao Governo, sendo instituída a Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP). Nessa época, a sede da Guarda Portuária — GPort — ficava na esquina da Avenida Rodrigues Alves com a Rua Conselheiro João Alfredo, no prédio onde hoje funciona o Museu do Porto e muitas boas histórias.

O chefe do departamento pessoal era o Dr. Portofino, advogado respeitado, elegante, homem de poucas palavras, sempre com aquela cara de quem sabe um segredo importante… ou de quem não tem paciência pra ninguém.

Todo dia, religiosamente, fazia sua pausa para o chá da tarde, tradição herdada — segundo ele — de seus antepassados ingleses. E quem preparava e servia o famoso chá? Manoel, o contínuo do prédio.

Manoel era nordestino, trabalhador, prestativo… e completamente apaixonado por uma cachacinha, principalmente se tivesse a chance de “dar uma fugidinha” até o bar da Elza, localizado perto da sede da Guarda. Estudo formal não tinha muito, mas boa vontade sobrava.

Numa tarde de sexta-feira — quente daquele jeito que até o ventilador desiste e pede água — que Dr. Portofino chamou Manoel:

— Manoel, vá ao bar da Elza e traga um Conmel pra mim.

Na época, comprimidos para dor de cabeça eram vendidos em bares e padarias. E lá foi Manoel cumprir a missão. Mas, claro, aproveitou para molhar a palavra com sua dose habitual.

De volta ao prédio, cumpriu o ritual do chá da tarde: bandejinha, xícara, pose de mordomo inglês… tudo certinho. Dr. Portofino levou a xícara à boca, deu um gole — e cuspiu na mesma hora.

Assim que o Dr. Portofino pôs o líquido na boca, cuspiu tudo e soltou um berro tão alto que foi ouvido pelos presos nos porões do prédio, que ali ficavam na época da ditadura.

— Que porra é essa?! — disse, dando um soco na mesa.

Apavorado, Manoel explicou:

— O senhor pediu uma pinga com mel… eu trouxe. E botei na xícara de chá pra ninguém perceber.

Incrédulo, o Dr. Portofino ficou tão indignado que, se tivesse bigode, teria rodado na ponta dos dedos. Mas limitou-se a decretar:

— Segunda-feira, às 5h30, você dê o ponto ao Rondante da Segunda Zona.

Ir pra Guarda Portuária, na época, era praticamente “cadeia administrativa”. Castigo certo.

Na segunda, Manoel chegou para se apresentar na nova função, ainda ressacado do susto.

Como naquela época as notícias corriam na “radio peão” -boca-a-boca – que nem rastilho de pólvora, mais rápido do que a internet nos dias atuais, assim que foi recebido, o Rondante Abreu, olhou pra ele e soltou:

— Ah, então você é o Conmel?

E assim Manoel foi batizado. O apelido colou como chiclete em calçada quente e o acompanhou até a aposentadoria — muitos sequer sabiam seu nome verdadeiro. Muitos passaram pela Guarda Portuária com o nome “Manoel”, mas Conmel só houve um.

Moral da história: O que para alguns é castigo, para outros pode ser algo benéfico. A forma como uma situação é interpretada depende inteiramente do ponto de vista de cada indivíduo e das suas necessidades ou circunstâncias no momento.

* Essa história é baseada em fatos reais. Dizem que ela é 99% verdadeira, só não é 100% porque quem conta um conto aumenta um ponto. Os nomes dos envolvidos são fictícios.


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