O
artigo analisa as transformações do rip-off, principal modalidade utilizada
pelas organizações criminosas no tráfico internacional de drogas no Brasil
Foi publicado na Revista Criminalidad,
da Polícia Nacional da Colômbia, o artigo “Rip-off clássico, contemporâneo e
falso: deslocamentos táticos de uma modalidade de exportação de cocaína em
portos do Brasil”, de autoria de Gabriel Patriarca e Sérgio Adorno, da
Universidade de São Paulo.
O artigo analisa as transformações do
rip-off, principal modalidade utilizada pelas organizações criminosas (Orcrim)
no tráfico internacional de drogas no Brasil, que consiste na inserção da droga
em contêineres com mercadorias legais de exportadores e importadores sem
participação no tráfico.
Com base em entrevistas com
representantes da Polícia Federal (PF), da Receita Federal do Brasil (RFB), de
terminais portuários e de companhias marítimas nos portos de Santos e
Paranaguá, os autores discutem como essa prática se adapta às medidas de
segurança portuária, propondo três variações que ilustram tais adaptações: o
rip-off clássico, o contemporâneo e o falso.
Rip-Off Clássico
O rip-off clássico se caracteriza
pela inserção de mochilas com cocaína nos contêineres. Inicialmente, essa
contaminação ocorria fora do porto, mas, após a obrigatoriedade do escaneamento
dos contêineres, os traficantes passaram a realizar a inserção dentro dos
terminais. Essa modalidade explora vulnerabilidades como a falta de inspeções
rigorosas nas cabines dos caminhões, por onde a droga entra nos terminais.
Rip-Off Contemporâneo
O rip-off contemporâneo representa
uma mudança mais significativa: no lugar das mochilas, a cocaína passou a ser
ocultada dentro das mercadorias, sobretudo em sacarias de commodities como
açúcar, café ou milho. Essa modalidade desafia a capacidade de detecção dos
escâneres, especialmente quando a droga é acondicionada em pó, em vez de
prensada, o que a aproxima da densidade e da disposição das mercadorias nos
contêineres.
Rip-Off Falso
Por fim, o rip-off falso consiste em
uma imitação deliberada desse modus operandi, mas com a participação de
exportadores ou importadores. Nesse caso, mercadorias são negociadas unicamente
para servirem de esconderijo para a droga. Ao simular o modus operandi típico
do rip-off, os traficantes buscam escapar da responsabilização legal caso a
droga seja interceptada. Essa prática complexifica as investigações, já que a
diferenciação entre a contaminação com e sem consentimento das empresas exige
análise minuciosa.
Transformações do Rip-Off
O artigo revela como as
transformações do rip-off desafiam as tipologias existentes. Relatórios internacionais
têm sugerido que a crescente contaminação de contêineres com cocaína em
sacarias indicaria um aumento do envolvimento direto de exportadores ou
importadores. O estudo, no entanto, demonstra que se trata de uma transformação
interna do próprio rip-off, que, na maioria dos casos, ainda ocorre sem a
participação dessas empresas — mas que, justamente por isso, demanda novas
estratégias de segurança.
Conclusão
A conclusão é que compreender essas
variações é essencial para desvendar como o crime se adapta às vulnerabilidades
da cadeia logística e, portanto, para avaliar de que forma os setores público e
privado também precisam se adaptar.
O artigo pode ser acessado no websiteda Revista Criminalidad ou na página dos pesquisadores.
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