
A localização da embarcação contou com ajuda de
Inteligência Artificial, imagens de satélites e aeronaves com sensores
A Polícia Federal
(PF), em ação conjunta com a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Marinha do Brasil
(MB), realizou no sábado (31/05), no município de Chaves, localizado no
Arquipélago do Marajó, no estado do Pará, a apreensão de uma embarcação
semissubmersível.
O semissubmersível chegou sexta-feira
(6) à Base Naval de Val de Cães, em Belém (PA), rebocado pelo Navio-Patrulha
“Guarujá”, onde será periciada para permitir o avanço das investigações.
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Foto: Marinheiro Erick Gomes - Marinha do Brasil |
"Pelas
características da embarcação, tudo indica que ela seria usada no transporte de
cocaína, do Brasil para a Europa ou para a costa norte da África", avalia
Fernando Casarin, Delegado Regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal no
Pará.
Durante a operação,
um homem, morador da propriedade onde a embarcação foi encontrada, foi preso
por porte ilegal de arma de fogo. Não foram encontradas drogas no interior da
embarcação.
De acordo com o
Comandante do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, Capitão de Mar e Guerra
Guilherme Barros Moreira, embarcações semissubmersíveis são objetos de difícil
detecção no mar por radares de aviões ou navios.
“A embarcação tem
cerca de 18 metros de comprimento e pesa aproximadamente 25 toneladas. O que a
caracteriza como uma embarcação semissubmersível é o fato de ter um motor, com
descarga para a superfície. É uma embarcação rudimentar, com poucos
equipamentos em seu interior, basicamente, somente um equipamento de
propulsão”, afirma o Capitão de Mar e Guerra Barros.
Investigações
A operação foi fruto
do trabalho integrado entre as forças brasileiras e ocorreu como resposta
direta às investigações relacionadas à apreensão, em março de 2025, de uma embarcação similar nas águas de Portugal.
Na ocasião, cinco
homens foram presos, três deles brasileiros. O caso despertou atenção das
forças de segurança da Europa e da América Latina para a possibilidade de uma
rota de narcotráfico baseada em tecnologia “submarina” artesanal.
De acordo com as
investigações, tanto a embarcação apreendida em Portugal quanto a localizada
neste sábado foram fabricadas na mesma região do arquipélago do Marajó.
Cooperação Internacional
A identificação e
localização da embarcação foram possíveis graças ao intercâmbio de informações
de inteligência, no âmbito da cooperação internacional, com destaque para a
colaboração da Polícia Nacional da Espanha, da Polícia Judiciária de Portugal e
da Drug Enforcement Administration (DEA) dos Estados Unidos, que vêm atuando de
forma coordenada com a PF no enfrentamento às organizações criminosas
transnacionais envolvidas no tráfico internacional de drogas.
Atuação de avião da FAB com IA e satélites
A ação da
localização da embarcação semissubmersível contou com ajuda de Inteligência
Artificial, imagens de satélites e aeronaves com sensores.
De acordo com a FAB,
a aeronave R-99 fazia uma missão de reconhecimento aeroespacial quando
identificou movimentações fluviais atípicas na Amazônia.
Os satélites
possibilitaram o encontro de estruturas navais camufladas entre galpões
ribeirinhos, além de movimentações suspeitas ao longo de rotas estratégicas nos
rios da região.
Uma embarcação
semelhante a essa foi encontrada em Portugal em março deste ano, o que ajudou
no trabalho de inteligência das autoridades brasileiras, pois,
Depois que uma
embarcação semelhante foi encontrada em Portugal em março deste ano, os dados
orbitais e eletrônicos captados por aeronaves passaram a ser analisados pelas
equipes da FAB e da Polícia Federal.
O cruzamento desses
dados por meio dos satélites permitiu o rastreio dessas rotas clandestinas e a
mobilização da PF na operação. Além disso, foi possível identificar a
fabricação regional, o destino das embarcações artesanais e o uso de rotas
fluviais clandestinas para o narcotráfico
Ainda segundo a FAB,
o isolamento geográfico da Ilha de Marajó facilita esse tipo de ação criminosa,
o que exige uma sofisticação logística por parte das organizações criminosas e
também respostas rápidas das Forças Armadas.
R-99, avião da FABtráfic
Os R-99 realizam
monitoramento e reconhecimento avançado, oferecendo dados em tempo real para
coordenação e segurança das operações. Equipados com sensores, câmeras e
radares avançados, esses aviões são capazes de mapear o solo detalhadamente,
identificando desde acampamentos ilegais de garimpeiros até focos de
desmatamento e queimadas.
A aeronave também
pode encontrar outros aviões voando em baixa altitude a uma distância de até
450 km e conta ainda com um equipamento OIS FLIR AN/AAQ-22 Safire (sensor ótico
e infravermelho), que permite detectar fontes de calor como queimadas e
equipamentos camuflados em terra.
O uso combinado de
imagens ópticas, multiespectrais e infravermelhas permite detectar até mesmo
estruturas ocultas pela vegetação, como tendas camufladas em meio à mata. O
R-99 também possui um sistema de transmissão e recepção de dados, permitindo o
intercâmbio de informações com outros aviões e a base em terra, em tempo real
de forma segura.
Cada missão pode
durar até cerca de oito horas ininterruptas de voo. A bordo, além dos dois
pilotos, seguem normalmente quatro operadores dos sistemas embarcados e outros
quatro militares para revezamento das atividades, garantindo a continuidade das
operações de monitoramento.
Diferença entre submarino e submersível
Apesar das
semelhanças, um submarino é autônomo. Ele tem a capacidade de ficar mais tempo
submerso e pode fazer viagens de meses apenas com alguns breves retornos à
superfície para captar ar. Ele também é maior e se move mais rapidamente,
cobrindo grandes distâncias, com algum tipo de gerador de energia a bordo — os
mais potentes são nucleares.
Submersível não é
autônomo. Ele depende de um navio, com sistemas de navegação para orientar sua
viagem remotamente e de uma plataforma de apoio, submersa a cerca de dez
metros, para conseguir descer até o local e retornar à superfície.
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