A investigação aponta que a embarcação partiu de Macapá, no
Brasil, e tinha como destino o Porto de Sines, em Portugal
No dia 25 de março, as
autoridades portuguesas interceptaram, a 550 milhas náuticas das Ilhas dos
Açores e a 680 milhas náuticas, a sudoeste das Ilhas Canárias, no Oceano Atlântico, um narcossubmarino
transportando aproximadamente 6,5 toneladas de cocaína, com destino à Península
Ibérica.
Semi-submersível
Apesar de ser
classificado pelas autoridades como um submarino, a embarcação é um semi-submersível,
de 18 metros de comprimento, pintado da cor do mar e com só meio metro de
altura fora da linha de água - além da pequena casa do leme com minúsculas
janelas e meios de orientação -, chamam-lhe na gíria um ‘narcossubmarino’ - mas
na verdade é incapaz de entrar em imersão.
Ele navega parcialmente
submerso no oceano para dificultar a sua localização por radar, sonar ou
sistemas infravermelhos.
Ao mesmo tempo, a
construção em fibra de vidro e o design que minimiza a produção de ondas
superficiais tornam-nos praticamente invisíveis aos métodos tradicionais de
vigilância marítima.
Tipicamente, estas
embarcações são equipadas com motores a diesel, permitindo alcançar a
velocidade de cerca de 20 km/h. Com tanques de combustível de grande
capacidade, podem percorrer até 3.200 quilómetros sem necessidade de
reabastecimento.
A tripulação é geralmente
composta por três a cinco pessoas, e a capacidade de carga varia entre quatro e
12 toneladas.
A utilização desse
tipo de embarcação tem se tornado cada vez mais frequente pelos traficantes de
drogas para evitar a fiscalização rigorosa no mar.
Droga apreendida
Após a apreensão da
carga ilícita, a droga foi transferida para uma embarcação da Marinha
Portuguesa, que conduziu a substância para o continente português. A embarcação foi rebocada para uma inspeção
mais detalhada.
Procedência
O diretor nacional
da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, se recusou a identificar o país de
origem da droga, por ainda decorrerem operações "do outro lado do
Atlântico”, mas disse que a droga é proveniente da América do Sul.
O diretor explicou
ainda que os submergíveis usados nestas rotas são construídos pelos próprios
carteis de droga, em estaleiros artesanais ilegais. "São manufaturados e
equipados com tecnologia de ponta", afirmou Neves.
Segundo a Polícia
Judiciária, essa é a primeira vez que uma embarcação desse tipo é interceptada
por Portugal no Oceano Atlântico.
De acordo com as
autoridades europeias, a investigação aponta que a embarcação partiu de Macapá,
no Amapá, na foz do rio Amazonas, no Brasil, e tinha como destino o Porto de
Sines, em Portugal.
Operação Nautilus
A ação foi uma
operação coordenada entre as autoridades portuguesas — Polícia Judiciária (PJ),
Marinha e Força Aérea — e a Guardia Civil Espanhola, a Drug Enforcement
Administration (DEA) dos EUA e a National Crime Agency (NCA) do Reino Unido, que
recebeu o nome de “Operação Nautilus”. Ela teve origem em informação partilhada
pela Guardia Civil no Maritime Analysis and Operations Centre – Narcotics
(MAOC-N), com sede em Lisboa.
Tripulantes
Na embarcação
seguiam cinco tripulantes, sendo três do Brasil, um da Colômbia e um da Espanha,
juntamente com as cerca de sete toneladas de droga, droga esta que teria como
destino final diversos países do continente europeu.
Os três brasileiros presos
foram identificados como Maikon Reis da Silva, de 38 anos, e Nelson da Páscoa
Corrêa Costa, de 61 anos, ambos de Abaetetuba; e José Mauro Gonçalves, de 52
anos, natural de Igarapé-Miri. Além deles, também estavam na embarcação um
espanhol e um colombiano. A polícia ainda investiga o papel de cada um na
operação criminosa.
Um dos brasileiros
presos alegou que decidiu participar do transporte da droga, porque havia
sofrido três ataques cardíacos e precisava de dinheiro para pagar os custos de
uma cirurgia no Brasil.
Prisão preventiva
De acordo com as
autoridades envolvidas na operação, os integrantes do grupo “não são
aprendizes” e foram treinados para a ação criminosa.
De acordo com a PJ,
os detidos foram transportados dos Açores para Lisboa, para serem ouvidos no
Campus da Justiça em primeiro interrogatório judicial, tendo-lhes sido aplicada
a medida de coação mais gravosa - prisão preventiva.
Apreensão recorde
A quantidade de
droga apreendida representa mais de um quarto de todas as apreensões de cocaína
feitas em Portugal em 2024 (23 toneladas), um ano recorde para o país, que é
uma das portas de entrada dos produtos ilegais na Europa.
A investigação, a
cargo da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ,
prossegue em cooperação com as autoridades de outros países.
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