A investigação que identificou Orcrim que enviava droga
para Ásia e Oceania durou quase um ano e resultou na Operação Taeguk
Na Operação Taeguk,
realizada pela PF em parceria com a Polícia Militar (PM) no começo de novembro,
houve prisão em Santos e Guarujá, junto ao cumprimento de mandados de busca e
apreensão na Baixada Santista e nos estados do Maranhão, Rio de Janeiro e Pará.
Na investigação, que
durou quase um ano, e resultou na operação, imagens e documentos desvendaram a
forma como age uma quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas
nos portos brasileiros, principalmente no Porto de Santos.
SAIBA MAIS: POLÍCIA FEDERAL DESARTICULA ORCRIM RESPONSÁVEL PELO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS
Segundo a PF, a
descoberta de uma apreensão de 100 kg de cocaína em Busan, na Coreia do Sul,
mostrou que o destino da cocaína está ultrapassando cada vez mais distâncias,
pois as drogas são escondidas nos cascos dos navios, com rastreadores acoplados.
Apreensão de cocaína virou notícia na Coreia do Sul — Foto: TV Globo/Reprodução |
A cocaína escondida
em navios atracados no Brasil tem chegado à Ásia e na Oceania. De acordo com o
delegado da PF em São Paulo, Dennis Cali, esse mercado é visado pelo alto valor
pago.
“O entorpecente
acaba sendo mais caro, temos algumas leis lá bem restritivas. Pelo custo mesmo
operacional, como uma empresa do crime, eles acabam investindo onde o lucro é
maior”, revela.
Rastreador
Segundo a PF, na
carga de cocaína apreendida na Coreia do Sul foi encontrado um rastreador que é
utilizado pelas organizações criminosas para monitorar a droga traficada.
Ratreador é utilizado por criminosos para monitorar a droga. — Foto: TV Globo/Reprodução |
Por causa do
aparelho, foi possível ver o percurso da droga e quem o ativou e chegou-se a um
endereço próximo ao Porto de Santos.
A informação foi
fundamental para monitorar os criminosos e interceptar as ligações telefônicas.
A PF fez pesquisas
no equipamento e identificou a conta utilizada na ativação dele. O perfil
estava em nome de uma mulher que mora em Guarujá. Um comparsa do irmão utilizava
o perfil dela. A dupla é apontada como integrante de um núcleo criminoso
atuante na Baixada Santista e também em outras regiões do país.
Além dela, a corporação chegou a outros perfis que constavam nos dados cadastrais dos aparelhos utilizados, para acesso à conta do rastreador.
PCC
O grupo teria um
suposto envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como a organização
criminosa registrava a movimentação para atestar aos compradores estrangeiros o
envio das drogas, foi possível juntar provas que evidenciam essa participação.
A PF teve acesso a conversas e prints de criminosos especialistas em tráfico internacional — Foto: Reprodução |
Em áudios obtidos em
interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, dois integrantes da
organização criminosa conversavam explicitamente sobre andar com integrantes do
PCC. Além de assuntos como navios, destinos e tráfico pelo modal marítimo.
Conversa interceptada pela Polícia Federal entre traficantes brasileiros. — Foto: TV Globo/Reprodução |
“Tem que pegar pesado memo, tio, pra ele ver que o bagulho não é brincadeira, tio, ele tá fazendo é tráco internacional, mexendo com droga, metendo o louco? Ele não tá mexendo com os cavalo dele lá não, fala pra ele.
Bagulho é sério, o, bagulho tem que ser na risca, preto no branco, sem gracinha, 99 não é 100, entendeu? Tem que falar isso pra ele”, diz um dos alvos da investigação em um áudio.
Sea Chest
Os traficantes
brasileiros se especializaram em esconder a droga na 'caixa mar' ('sea chest',
em inglês), compartimento localizado no caso do navio, a cerca de 15 metros de
profundida, que serve para resfriar o motor da embarcação.
Mergulhadores se especializaram no armazenamento de drogas nos cascos dos navios. — Foto: TV Globo/Reprodução |
Imagens, capturas de
tela e interceptações telefônicas mostram o 'modus operandi' da quadrilha.
A droga é inserida no sea chest (caixa-mar) - Foto: Reprodução |
Em uma captura de tela, é possível ver a conversa entre dois criminosos no momento exato em que tentavam armazenar droga na 'caixa mar' ('sea chest', em inglês) de uma embarcação, mas ela estava soldada.
Conversa sobre atuação de mergulhador, que não conseguiu armazenar drogas em navio — Foto: Reprodução |
Lancha
A investigação
indicou também que a quadrilha utilizou uma lancha na madrugada de 23 de agosto
de 2024 para contaminação de um navio atracado no Porto de Santos com destino à
Polônia, porém com parada em Las Palmas, na Espanha. No casco, foram
apreendidos 114,6 kg de cocaína. Eles saíram com a embarcação de Bertioga e
entraram no canal do cais santista.
Novo Mercado
Em quase um ano, a
PF apreendeu 670 kg de cocaína e conseguiu comprovar, pela primeira vez, que os
mergulhadores do tráfico também usam os cascos dos navios para enviar droga
para a China.
Em um dos áudios, um
dos chefes da facção criminosa, segundo a PF, exige que a mercadoria chegue ao
destino, em Hong Kong. O apelido dele é “Do Mar”, ainda não identificado pela
polícia.
Na operação para
prender os traficantes, seis suspeitos foram detidos. Quatro estão foragidos,
incluindo Do Mar.
O Programa Fantástico, da TV Globo exibiu uma matéria sobre essa investigação. Clique aqui para ver.
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