Veja
como funciona o esquema dos equipamentos que passam pelo maior complexo
logístico do Brasil
A presença de um
corpo em avançado estado de decomposição, encontrado na semana passada em um
contêiner vazio no Porto de Santos, despertou a atenção de todos não apenas pelo
ineditismo da situação - foi a primeira vez que isso aconteceu desde a
instalação do escâner da Alfândega de Santos, em 2011 -, mas também para se
saber um pouco mais de como funciona o trabalho de fiscalização das caixas metálicas
que movimentam a economia do País.
Para se ter uma
ideia, a movimentação média diária de contêineres no complexo portuário santista
em 2022, segundo o mensário estatístico da Autoridade Portuária de Santos
(APS), foi de 10.750 unidades, sendo 4.039 de importação, 4.004 de exportação e
2.707 de reembarque. Todos passam pela gestão de riscos da Receita Federal, um
percentual alto é escolhido para inspeção não invasiva (escâner) - e a imagem é
analisada - e um índice baixo tem o fluxo interrompido, sendo selecionado para
conferência.
“Todos (os
contêineres) que vêm de fora do País, inclusive os vazios (na importação) e
todos os que serão exportados ou que fazem baldeação nos destinos da Europa e
da África passam pelo escaneamento. Após a análise de risco, alguns são selecionados
para a inspeção física, operação em que o contêiner é colocado em uma área específica
do terminal portuário, própria para sua abertura e conferência da carga”,
ressalta, em nota, a Receita Federal, cuja competência é sobre o controle das
cargas e veículos que entram e saem do Brasil.
Os terminais
portuários são alfandegados, que é uma espécie de autorização concedida pela Receita
para atuarem nessa atividade, sob o controle do órgão. “Eles são como parceiros
nossos. Para atuarem no comércio internacional, têm que cumprir uma série de
requisitos e prestar informações à fiscalização. As cargas e veículos vindos ou
destinados ao exterior só podem entrar no território nacional por um local
alfandegado”, explica a Receita.
Vale dizer que os
terminais são locais bem protegidos, de acesso controlado e também dotados de
equipes de segurança para informar o órgão sobre qualquer situação estranha,
até para atender às normas aduaneiras. “Quando um crime é identificado pela
Receita Federal, acionamos a Polícia Federal”, afirma o órgão. Foi o caso do corpo
encontrado no contêiner, em que vários crimes podem estar relacionados a ele e
que serão indicados pelo laudo, em desdobramentos já fora da alçada da Receita.
Quando a Receita
Federal realiza uma fiscalização, por exemplo, lavra um ato de infração e cobra
tributos federais e multa. Além do ilícito tributário, podem haver crimes como
sonegação, formação de quadrilha, contrabando e descaminho, dentre outros.
“Nesse caso, além
do auto de infração, o auditor faz uma representação fiscal para fins penais e
encaminha ao Ministério Público. Nas conferências físicas das cargas de
exportação, a Receita pode localizar cocaína escondida na carga. Aí avisamos a
Polícia Federal para que seus agentes compareçam no terminal e acompanhem a conferência
por causa do crime de tráfico internacional de drogas”, explica.
Momentos
Existem vários
momentos de atuação na fiscalização da Receita Federal: pré-despacho, durante o
despacho e pós-despacho. Previamente, há a habilitação das empresas para atuação
como intervenientes no comércio internacional, que já é uma fiscalização. O
objetivo é analisar os envolvidos antes de iniciarem as operações de importação
e de exportação.
Durante o
despacho - registro da declaração e a sua liberação pela Receita chamada desembaraço
-, as cargas são colocadas segundo parâmetros de risco para canais de conferência
(verde, amarelo, vermelho e cinza na importação; e verde, laranja e vermelho na
exportação). Estes canais indicam níveis crescentes de risco e, portanto, de
etapas de controle.
Após o desembaraço, a Receita Federal, por intermédio de outras unidades, além da Alfândega de Santos, continua exercendo a fiscalização na zona secundária do território aduaneiro.
A Receita Federal
também possui os setores de repressão e de controle de carga. Eles podem atuar
antes, durante ou depois do despacho. Fazem pesquisa e seleção de alvos, com
base em parâmetros de risco, visando principalmente o combate ao tráfico,
falsificação, contrabando e descaminho, em zonas primária (portos, aeroportos e
fronteiras terrestres) ou secundária (território nacional).
Fonte: A Tribuna
Esta publicação é de inteira responsabilidade do autor e do veículo que a divulgou. A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.