Ele é apontado pelo Gaeco como responsável
pela logística do tráfico internacional de drogas do PCC
Uma força-tarefa realizada
pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), em parceria com o Ministério Público
de São Paulo (MPSP) e com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) prendeu na
terça-feira, 11 de junho, em um resort de luxo na Praia dos Carneiros, uma das
mais badaladas do litoral de Pernambuco, Odair Lopes Mazzi Junior, o Dezinho,
de 42 anos, apontado como um dos chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Polícia Civil
de Pernambuco monitorou as atividades do alvo a partir de informações compartilhadas
pelo MPSP, que investiga e monitora o criminoso desde 2012.
No período em que
esteve foragido os investigadores procuraram Dezinho em endereços no Ceará,
Bahia, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, atrás do traficante.
O líder do PCC
vivia uma vida de luxo e foi pego após o setor de inteligência da PCPE detectar
visitas da sua mulher em condomínios e resorts que ficam em praias badaladas do
estado. As informações foram compartilhadas com o MPSP e com a Abin.
No ato da prisão,
os policiais encontraram documentos falsos, cartões de crédito e celulares.
Investigação do GAECO
Dezinho foi
denunciado pelo MPSP na operação Sharks, deflagrada em 2020, e era procurado
pela Justiça desde então.
Segundo o
promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Dezinho, foragido
desde 2020, integra o PCC há 20 anos e ocupa uma das mais altas posições nos
escalões da facção, sendo responsável por gerenciar a maior o tráfico internacional
de drogas. Ele também participava das ações de lavagem de dinheiro da facção.
De acordo com o
Gaeco, era um dos principais braços direitos de Marcos Willians Herbas Camacho,
o Marcola, líder máximo do PCC. Integrante da chamada Sintonia final da rua,
Dezinho recebia de Marcola missões a serem cumpridas fora do sistema
carcerário.
Na hierarquia da
facção, ocupava um cargo altíssimo, conquistado por poucos no mundo do crime.
Antes de ser alçado ao topo do comando, no entanto, pertenceu ao terceiro
escalão do PCC.
De acordo com as
investigações, Dezinho ascendeu ao topo da pirâmide do crime ao coordenar o
envio de R$ 1,2 bilhão do PCC para o Paraguai em 2019, por meio do esquema de
“dólar cabo”, uma técnica de lavagem de dinheiro.
Na ocasião, ele
atuava no setor financeiro do PCC, chamado de “Sintonia Final do Progresso”, o
terceiro escalão do maior grupo criminoso do país.
SAIBA MAIS: INVESTIGAÇÕES DO GAECO APONTAM ATUAÇÃO DO PCC NO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS
O esquema
levantado pela Operação Sharks incluía a movimentação por meio de contas
bancárias de “laranjas” e empresas fantasmas, além da distribuição de parte do
valor para “casas-cofres”. A função dessas casas é armazenar o dinheiro que,
mais tarde, é levado para doleiros. Um desses imóveis, em Santo Amaro, na zona
sul de São Paulo, teria sido adquirido por ordem de Dezinho.
Na época, Dezinho
ainda era responsável por receber a maioria das cargas de cocaína que chegava à
capital e à Baixada Santista. Em liberdade, subiu na hierarquia e foi destacado
para atuar na expansão do PCC pela América Latina – motivo pelo qual ganhou a
alcunha de Argentina.
Em 2021, o MPSP
identificou Dezinho como um dos gerentes do PCC na Bolívia, ao lado de Valdeci
Alves dos Santos, o Colorido. Segundo as investigações, ele liderou o
transporte de mais de 15 toneladas de cocaína por ano.
Com a prisão de
Colorido, capturado em Salgueiro, no sertão de Pernambuco, em 2022, e o
desaparecimento de Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, a relevância de Dezinho
no tráfico internacional aumentou ainda mais.
As “sintonias”
As sintonias do
PCC são lideradas por membros, chamados de irmãos, “batizados” pela facção.
Diferentemente das máfias, em que laços familiares respaldam os contatos e as
relações dos criminosos, no PCC o que importa é a função de cada membro, como
em uma empresa.
Uma das
principais é a Sintonia dos 14, responsável por receber demandas encaminhadas
pelos “Disciplinas” e deliberar sobre o destino das pessoas.
O número 14 faz
referência aos 14 líderes que compunham a antiga Sintonia final, no presídio de
Presidente Bernardes, interior de São Paulo. A sintonia dos 14 se divide em
“Dos Estados” e “Das Regiões”.
A Sintonia da rua
apoia membros da facção que estão desamparados nas ruas, geralmente os que
saíram recentemente do sistema carcerário.
As ações de
inteligência, investigação e planejamento da facção ficam a cargo da “Sintonia
Restrita”. Seus alvos são, geralmente, agentes públicos.
As sintonias têm
influência no território paulista e em outras regiões do país.
A estrutura da Sintonia
paulista se divide em “Geral” (responsável por decisões em todo o país), “Dos Estados”
e “Das Regiões” (que coordena as ações da facção em diferentes regiões de cada
estado).
Há, ainda, a “Sintonia
Geral Final de São Paulo”. Nesse núcleo, a capital paulista é subdividida em
sintonias nas zonas norte, sul, leste e oeste. De acordo com o MPSP, as
sintonias também estão presentes na região metropolitana, no litoral, interior,
em outros estados brasileiros e, inclusive, fora do Brasil.
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