Foram
cumpridos nove mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a cinco
pessoas, apontadas como comparsas de Anderson Lacerda Pereira, o Gordão
A Polícia Civil
de São Paulo deflagrou em 9 de maio, a operação Pablo Escobar II, segunda fase
da operação que prendeu Anderson Lacerda Pereira, o Gordão, narcotraficante
ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Em uma semana, foram cumpridos
nove mandados de busca e apreensão.
O principal alvo
foi o advogado Marco Antônio Pereira de Sousa Bento, o Paçoca, investigado por
comandar, no começo do ano passado, um sequestro com tortura a mando de Gordão.
Procurado, o advogado disse que não tem relação com o crime organizado.
Foto: Divulgação Polícia Civil de São Paulo |
“O advogado, a
mando do Anderson, orquestrou e executou sequestro de um ex-funcionário das
clínicas do Gordão”, afirmou ao Estadão o delegado Luiz Romani, titular do
Cerco da 7.a Delegacia Seccional, na zona leste da capital. “Pegaram ele em
Arujá e levaram para Santa Isabel. Em uma chácara de Bento, que inclusive foi
alvo de busca, agridem a vítima, filmam e falam para ela confessar. E mandam
(os vídeos) para o Anderson.”
O ex-funcionário
sequestrado, segundo a Polícia Civil, foi apontado por Gordão como o
responsável por desviar dinheiro de uma das 38 clínicas médicas e odontológicas
que o narcotraficante é acusado de ter montado para lavar dinheiro do tráfico.
Os valores movimentados podem chegar a milhões de reais.
Casos Anteriores
O sequestro com
tortura, feito como forma de represália, teria tido envolvimento de ao menos
seis pessoas. Uma delas ainda não foi identificada pela polícia. As outras
cinco, apontadas como comparsas de Gordão, foram alvo dos mandados de busca e
apreensão da última semana: além de Sousa Bento, uma mulher e outros três
homens.
“Dois deles foram
clientes do próprio Paçoca, que já os defendeu inclusive em crimes de sequestro”,
disse o delegado Luiz Romani. “Ele chamou os ‘caras’ para executar o sequestro a
mando do Gordão, o ‘Pablo Escobar brasileiro’.” A polícia afirma que os
investigados têm ligações e negócios com o PCC, mas o grau de envolvimento de
cada um é apurado.
As investigações
indicam que alguns ostentavam vida de luxo nas redes sociais. No caso de Bento,
há fotos de viagens para destinos como Ilhas Maldivas e Dubai. Em uma das
postagens mais recentes, pode-se ver um desses destinos pela janela do avião
enquanto o advogado empunha uma nota de R$ 200 com a frase: “Que o dinheiro
nunca compre sua postura”.
A segunda fase da
Operação Pablo Escobar resultou na apreensão de 12 aparelhos celulares, um
Jaguar F-Type, um Mini Cooper, um Citroen C3, duas motos e um quadriciclo, além
de um simulacro de arma de fogo. Os mandados foram cumpridos nas regiões de Itaquera,
na zona leste paulistana, Arujá e Santa Isabel, na Grande São Paulo.
Foto: Divulgação Polícia Civil de São Paulo |
Gordão
Um dos traficantes
mais procurados do Brasil conforme a Polícia Civil, Anderson Lacerda Pereira, o Gordo ou Gordão, foi preso em setembro em Poá, Grande São Paulo.
Segundo os
investigadores, ele era caçado desde 2017 e seu nome estava na lista de procurados
da Interpol desde 2020.
Pereira era
investigado por tráfico, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Ele ficou
milionário e se inspirava em traficantes internacionais, como o colombiano
Pablo Escobar. Gordão se tornou especialmente reconhecido entre os criminosos
em 2014, ao intermediar uma venda de cocaína entre o PCC e a máfia italiana.
Em 2021, o
Estadão mostrou a trajetória do traficante, que chegou a criar jacarés em uma
propriedade. Apontado como um dos líderes do Narcosul, cartel da droga do PCC e
de seus associados, Gordão é acusado de montar um esquema que combinava o
tráfico com a lavagem de dinheiro.
“Gordão não era
integrante do PCC, mas parceiro. Ele começou fazendo transporte interno. A
droga chegava, pegava e fazia o transporte. Depois, passou a exportar também,
principalmente para a Europa, onde dá dinheiro”, diz Romani.
Gordão, segundo
ele, desempenhou papel importante na expansão internacional do PCC,
principalmente por meio do envio da droga à Europa pelo Porto de Santos. O narcotraficante
está preso em Presidente Venceslau, no interior paulista. A Polícia Civil de São
Paulo prevê indiciar Marco Antonio Pereira de Sousa Bento, de 32 anos, e os
demais alvos da operação por sequestro qualificado com tortura e associação
criminosa para o tráfico.
Procurado, o
advogado disse que não possui relação com o crime organizado. “Demonstrarei no
percurso da instrução criminal”, afirmou.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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