Três
brasileiros foram presos e 240 kg de cocaína foram apreendidos
A Polícia
Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Entorpecente,
em articulação com a Unidade Nacional Contraterrorismo, desmantelou uma
relevante estrutura criminosa que se dedicava à importação, a partir do Brasil,
de consideráveis quantidades de cocaína dissimulada em mercadorias lícitas transportadas
em contêineres.
Apreensão da Droga
A apreensão da
droga ocorreu em 07 de outubro deste ano, quando 240 kg de cocaína, avaliados
em 9,6 milhões de euros, chegou ao Porto de Sines, em Portugal e foram
apreendidos pelas autoridades tributária e aduaneira de Portugal.
A localização de
877 tabletes da droga, que totalizaram o peso de 240,550 Kg, ocorreu após a uma
verificação física da Alfândega, em Alverca, no interior de um contêiner
contendo três paletes com várias caixas de café.
A carga de café foi
exportado para Portugal com origem em Minas Gerais, no Brasil, importado pela
empresa Acordo Imensurável Serviços Internacionais Unipessoal Ltda.
Presos
No total foram
detidos sete homens, com idades compreendidas entre os 30 e 47 anos, um
português e seis estrangeiros, alguns já com antecedentes por vários tipos de
ilícitos, que estavam presentes no primeiro interrogatório judicial, tendo, a
todos eles, sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva.
Na operação foi
preso o português, Francisco José Farinha Sousa Martins, três brasileiros,
Wanderson Machado de Oliveira, 34, o Pen Drive; Flávio Alves Oliveira e Marcos
Uriel Miranda, e três sérvios, Uros Piperski; Aleksandar Stojkovic e Nenad
Kovacevic.
PCC e Máfia Sérvia
As investigações
apontaram que Flávio tirou o seu passaporte em setembro e viajou para Portugal no
dia 15 de outubro, após a emissão do seu passaporte e se juntou ao outro
brasileiro, Wanderson. Ambos tinham a missão de fortalecer a base do Primeiro
Comando da Capital – PCC (organização criminosa brasileira) em terras
lusitanas.
Segundo a Polícia
Judiciária, eles se uniram a um grupo de sérvios integrantes da máfia dos
balcãs e montaram uma logística para receber toneladas de cocaína procedentes
do Brasil em portos portugueses.
O outro
brasileiro Marcos e o português Francisco foram contatados para retirar a
droga, escondida em uma carga de café, proveniente do Brasil.
Em abril de 2021 a
polícia portuguesa, em cooperação com a Europol e a polícia de Montenegro,
prendeu na cidade de Redondo, Kotorani Igor Božović (56) e seu filho Vladimir
Božović (30), membros da organização criminosa Kavaćki Klan, da cidade de
Kotor, com base em mandados do Escritório Central Nacional (NCB), da Interpol
em Podgorica, capital de Montenegro, emitidos em 2017.
Esta organização
tem laços estreitos com a de Darko Šarić. Em 2009, integrantes do Clã Šarić que
foram presos pela Polícia Federal (PF) na Operação Niva e na Operação Brabo,
que Wanderson e outros sérvios também foram presos.
SAIBA MAIS: INTEGRANTE DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA MONTENEGRINA É PRESO EM PORTUGAL
Investigação
Após apreensão da
droga os fatos foram transmitidos à Polícia Judiciária, que deu início a
investigação e começou a monitorar o
contêiner. No dia 11 de outubro, Marcos, entrou em contato com a sociedade
transitaria denominada Trucking Ltda, representando a empresa importadora, informando
que tinha ordem de recolha da carga de três paletes de café.
Por volta das 17hs,
Marcos compareceu no armazém dirigindo uma van, marca WW, modelo Crafter Cargo.
Após o carregamento dos paletes de café no veículo ele se dirigiu até Lisboa, e
estacionou o veículo, às 19h30 no estacionamento do estabelecimento comercial
E-Lecrec, em Montijo.
Por volta das
20h30, ali compareceu Francisco Martins, dirigindo um veículo BMW, série 5,
sedan, que recolheu a Marcos, deixando a van no local.
Por volta das
23h45 a Polícia Judiciária recolheu a van, contendo os três paletes de caixas
de café e documentos relacionados ao desalfandegamento do contêiner. Na ocasião
foi constatado que o café não tinha condições de salubridade, estando impróprio
para consumo.
No dia seguinte
(12/10) Marcos compareceu no estacionamento onde havia deixado a van e
constatou que o veículo não estava mais no local, comunicando o ocorrido para
Francisco Martins.
Por volta das 14h
do dia 13/10, Francisco Martins se encontrou com Wanderson Oliveira,
responsável pela importação da droga, e lhe comunicou sobre o sumiço do veículo
com a droga.
Wanderson
Oliveira informou então que dois indivíduos de nacionalidade sérvia,
compradores da droga, iriam chegar em Lisboa em breve
Flávio Oliveira,
outro responsável pelo envio da droga para Portugal, viajou do Brasil para
Portugal no dia 15/10.
Nesse dia a PJ,
por volta das 02h48, os sérvios Uros Piperski e Aleksander Stojkovic e Nenad
Kovacevic, que conduzia o veículo, foram avistados na Auto estrada A6, na Zona
de Vendas Novas, procedente da Espanha e com destino a Lisboa, chegando por
volta das 03h56, no veículo BMW, modelo M50D, de placa eslovaca.
Minutos após, às
04h06, eles se encontraram com Wanderson Oliveira, e Uros Piperski combinou um
encontro com Francisco Martins, deixando o local com os seus companheiros às
04h11.
Quatro minutos
depois, às 04h15 Francisco Martins chegou no local, sendo informado por
Wanderson que o encontro com os sérvios seria mais tarde.
Às 15h09 os
sérvios se encontraram com Wanderson e Flávio no restaurante Dote, minutos após
deixaram o local e se dirigiram para o escritório de Francisco Martins e
solicitaram que o brasileiro Marcos Miranda fosse chamado até o local.
Às 16h51 o sérvio
Uros e o Brasileiro Wanderson saíram do escritório carregando uma bolsa,
retornando por volta das 17h00.
Logo após ali
compareceu Marcos Miranda. Após ouvirem o relato do que tinha ocorrido, os
membros do PCC e da máfia dos bálcãs pensaram que Marcos e Francisco tinham
desviado a droga do grupo e começaram a agredi-los com vários socos.
Em seguida
começaram a ameaçar Francisco Martins, lhe mostrando fotos do seu carro, da sua
casa e da sua família.
Rapto e Cárcere Privado
No decurso da
investigação, foi possível perceber que estaria a ocorrer um crime de rapto. Após as ameaças de atentado a sua
família, os sérvios decidiram manter Francisco Martins em cárcere privado e
incumbiram Marcos Miranda de localizar a droga desaparecida, dando-lhe 5 dias
de prazo
No dia 16 de
outubro, os sérvios comunicaram Francisco que ele seria levado para a Espanha
para se explicar ao chefe da organização criminosa
Por volta das
17h, a Polícia Judiciária e a Unidade Nacional de Contraterrorismo de Portugal decidiram
prender todos antes da viagem, quando estavam no estabelecimento comercial “Pizza
Hut”. Na posse deles foi apreendida a quantia de €12.865 euros.
As diligências
realizadas contaram com o apoio da Autoridade Tributária e Aduaneira e da
Guarda Nacional Republicana.
Brasileiros Presos
Dois Brasileiros
presos já se envolveram em tráfico no Brasil:
Wanderson Machado de Oliveira, 34, o Pen Drive viajou para
Portugal pela primeira vez em 17 de junho de 2021. Em 4 de setembro daquele ano
ele foi preso pela Polícia Federal (PF) no Brasil, juntamente com
narcotraficantes sérvios, durante a deflagração da "Operação Brabo".
De acordo com a PF, o brasileiro usava a logística do PCC para enviar drogas à
Europa.
Ele foi acusado
pelas autoridades brasileiras de exportar 199 kg de cocaína para a Espanha em
13 de março daquele ano. Dois meses depois, ele tentou enviar mais 332 kg, mas
a droga foi apreendida.
Em 18 de março de
2019, a 9ª Vara Federal de Santos condenou 26 réus envolvidos na "Operação
Brabo", inclusive um grupo de sérvios. Wanderson acabou absolvido.
Neste ano ele
viajou para Portugal em duas oportunidades, em 30 de janeiro e em 13 de março.
Ele deveria retornar ao Brasil em 13 de maio deste ano.
Flávio Alves de Oliveira, 42, foi condenado a 104 anos por latrocínio (roubo seguido de morte) e flagrado com 300 kg de cocaína em Santos, deixou a prisão em São Paulo pela porta da frente.
Segundo o
colunista do site UOL, Josmar Jozino, ele é apontado pela polícia como
integrante do PCC e criminoso de altíssima periculosidade, Oliveira foi acusado
com outros cinco réus de roubar e matar três pessoas da mesma família em Vargem
Grande do Sul, em 28 de janeiro de 2006. O bando invadiu a residência de José
de Carvalho Manzano, na madrugada, e roubou produtos eletrônicos, telefones
celulares, R$ 10 mil em dinheiro e um veículo Mitsubishi.
Manzano e os
filhos de 22 anos, 14 anos e 9 anos foram amarrados, colocados em um carro e
levados para um matagal no quilômetro 183 da rodovia SP-344, em Mogi Guaçu, e
baleados na cabeça.
Apenas a criança
sobreviveu. O crime foi planejado por três presos da Penitenciária de Casa
Branca (SP). Os prisioneiros tinham informações privilegiadas sobre a rotina
dos Manzano.
Em 14 de março de
2008, a juíza Maria Helena Steffen Toniolo, da Vara Criminal de Vargem Grande
do Sul, condenou os réus em primeira instância. Oliveira recebeu a maior pena:
104 anos.
A defesa dele
recorreu da sentença e a pena foi reduzida para 30 anos. Em 17 de abril de
2020, o preso foi beneficiado com o regime aberto.
Preso por Tráfico
Quatro meses
depois, em 21 de agosto de 2020, dois homens foram presos em flagrante por
policiais civis com 300 kg de cocaína na garagem de sua casa, no bairro do
Macuco, em Santos.
Em 5 de fevereiro
de 2021, o juiz auxiliar da 3ª Vara Criminal de Santos Leonardo de Mello
Gonçalves absolveu o réu por entender que a prova colhida contra ele não era
suficiente para condená-lo e deixava dúvidas quanto à autoria do delito.
Com a absolvição
no processo de tráfico e associação para o tráfico, ele teve o seu alvará de soltura
cumprido no dia 8 de fevereiro, deixando o Centro de Detenção Provisória (CDP)
III de Pinheiros, na Capital, pela porta da frente, sem nada dever ao Poder
Judiciário.
SAIBA MAIS: JUSTIÇA ABSOLVE DUPLA ACUSADA DE TRAFICAR MAIS DE 300 KG DE DROGAS POR FALTA DE PROVAS EM SANTOS
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