Segundo
o MPF, a quadrilha baseada no RN já traficou oito toneladas da droga para o
"velho continente", além de outras seis que foram encontradas em
posse do grupo
A
Justiça Federal do Rio Grande do Norte condenou Juan Barreto Cardoso Pardal,
Maurício Passos de Oliveira e Vitor da Silva pelos crimes de tráfico
internacional de drogas e associação para o tráfico internacional de drogas.
Os três
são paulistas e, segundo as investigações, fazem parte de uma quadrilha que já
transportou toneladas de cocaína para o exterior utilizando portos, incluindo o
de Natal. A sentença imposta a eles foi de cumprimento de pena em regime
semiaberto por oito anos, cinco meses e dez dias, além do pagamento de multa no
valor de R$ 43.632,00, cada um.
A prisão
No dia 9 de fevereiro deste ano, os homens foram presos por volta das 23h, nas
proximidades da Ponte Newton Navarro, às margens do Rio Potengi. A Polícia
Militar (PM) encontrou com eles 383,7 kg de cocaína que seriam embarcadas em um
navio atracado no Porto de Natal com destino à Europa. Detidos em flagrante, os
homens permaneceram presos 270 dias, dos quais serão descontados da sentença. A
decisão é assinada pelo juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior.
A ação
criminosa, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), era parte de uma
rede de tráfico de drogas que utilizava o Porto de Natal para transportar
cocaína para a Europa. Segundo o MPF, a quadrilha baseada no RN já traficou
oito toneladas da droga para o "velho continente", além de outras
seis que foram encontradas em posse do grupo - 5,15 toneladas na cidade de
Areia Branca, litoral norte potiguar- em julho deste ano. No resultado da
investigação, o órgão ministerial apresentou denúncia contra 54 pessoas
envolvidas no esquema.
SAIBA MAIS: OPERAÇÃO MARITIMUM DESARTICULA ORCRIM ESPECIALIZADA NO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS
Esse
processo ainda está tramitando na Justiça Federal do RN e nele também constam
os nomes de Juan Barreto Cardoso Pardal, Maurício Passos de Oliveira e Vitor da
Silva. Da ação que os três já foram condenados, publicada na última no dia 9 de
novembro, é descrito que a prática criminosa para destinar entorpecentes pelos
navios cargueiros utilizaria um método inovador.
De
acordo com o MPF, o modus operandi tradicional da quadrilha funcionava com o
recrutamento de motoristas de caminhão interessados no esquema, que consentiam
a contaminação (termo pelo qual é conhecido o ato de incluir as drogas em meio
a cargas lícitas) de contêineres de frutas transportados ao porto.
O
principal método usado é o Rip On/Rip Off, que consiste na quebra do lacre do
contêiner para inserção da droga (Rip On) e posterior colocação de outro lacre,
sem conhecimento do exportador/importador da carga lícita. Na descarga, há o
movimento inverso e o contêiner é reaberto para retirada da droga (Rip Off).
No dia
da prisão dos paulistas, no entanto, o método seria outro. Os policiais
militares iniciaram a abordagem contra os homens após observaram um veículo
manobrando para colocar uma lancha no Rio Potengi e outros dois carros nas
proximidades. Quando os agentes emitiram voz de comando, os suspeitos
empreenderam fuga, mas os três foram detidos. Foram apreendidos no local um
gancho de ferro e 14 bolsas, com cordas em seu entorno, contendo tabletes de
cocaína. Com o material, a quadrilha iria içar a droga para o navio.
Maurício
Passos afirmou à Polícia que receberia R$ 15 mil para pilotar a lancha até o
navio. Ele tinha comprado a embarcação em Guamaré menos de um mês antes do dia
da prisão. Da lancha, a droga seria levada até o navio de carga, que
descarregaria os produtos adicionados em Natal nos portos de Le Havre, na
França, Rotterdam, na Holanda, e Algeciras, na Espanha, entre outros lugares.
A
caminhonete que foi utilizada para transportar a lancha foi adquirida por Juan
Barreto. Conforme registro da venda, o automóvel foi comprado com R$ 50 mil em
dinheiro vivo de entrada, que foi levado por ele em uma sacola, segundo o
vendedor.
Durante
o período de prisão em flagrante até o julgamento pela Justiça Federal, os três
homens detidos permaneceram presos. Um pedido de habeas corpus chegou a ser
impetrado para que eles fossem liberados, porém a Justiça decidiu por manter as
prisões com fundamento na garantia da ordem pública, aplicação da lei penal e
na própria conveniência da instrução processual. No caso de Juan Barreto foi
acrescentado que ele já respondia a outro inquérito policial, também por tráfico
de entorpecentes na Bahia.
Investigações apontaram ramificação
em todo o País
De
acordo com o MPF, o grupo criminoso sediado no Rio Grande do Norte seria
liderado por João Paulo Ribeiro, conhecido como “Bokinha” ou “BK”. A
organização criminosa era formada em sua maioria por paulistas, mas ultimamente
estava concentrada no Rio Grande do Norte, com ramificações nos portos de
Santos/SP, Salvador/BA, Fortaleza/CE e Belém/PA.
Eles
aproveitavam contêineres com diversos tipos de produtos e os “contaminavam”.
Além de entrar nos portos já com os contêineres “contaminados”, em pelo menos
uma das vezes o grupo tentou levar a droga diretamente para um navio, a partir
de uma lancha, modalidade conhecida como içamento.
Para
apresentar denúncia contra 54 pessoas, o MPF concluiu que a organização trabalhava
a partir de, pelo menos, três núcleos: um funcionando na Região Metropolitana
de Natal (com a base operacional em São José de Mipibu); outro em Areia Branca
(onde prepondera a modalidade de içamento); e um terceiro formado por pessoas
ligadas à empresa Global Log, responsável pela logística necessária para o
envio de drogas para a Europa, buscando junto a empresas de carga, contêineres
nos quais pudesse inserir a cocaína, além de negociar com os operadores
internacionais.
Na
denúncia, de autoria do procurador da República Fernando Rocha, os envolvidos
são acusados de crimes como tráfico internacional de drogas e constituição e
participação em organização criminosa voltada para a prática do crime de
tráfico internacional de drogas e lavagem de capitais.
Ao todo,
foram identificadas as apreensões de oito toneladas em cargas de cocaína
atribuídas ao grupo, seja à caminho ou já dentro de portos do Brasil, assim
como ao chegar nos portos europeus.
Além
disso, no dia 13 de julho deste ano, a Polícia Federal (PF) encontrou mais seis
toneladas em posse da quadrilha, sendo 5,15 toneladas na cidade de Areia
Branca, litoral norte potiguar (outros 960 kg estavam em Santos/SP e 39 kg em
Salvador/BA). Essa foi a maior apreensão de drogas já realizada no Rio Grande
do Norte.
A
apreensão fez parte da operação ‘Maritimum’, deflagrada pela PF, para
desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional
de drogas e lavagem de dinheiro, no mês de julho. Ao todo, sete pessoas foram
presas no estado.
Megatraficante foi preso na Hungria
em junho
Em junho
deste ano, um homem considerado como um dos maiores traficantes de drogas do
Brasil e do mundo foi preso Polícia da Hungria, na capital Budapeste. Sérgio
Roberto de Carvalho, 63, o Major Carvalho, chegava a comandar operações
internacionais utilizando vários portos do Brasil, incluindo o Porto de Natal.
Preso no dia 21 de junho, ele estava foragido desde 2018.
No
Brasil, o narcotraficante, conhecido como "Pablo Escobar Brasileiro",
foi condenado em 2019 a 15 anos e três meses de prisão por usar laranjas em
empresas de fachada para movimentar R$ 60 milhões.
Investigações
da Polícia Federal apontam que o major Carvalho comandava uma grande
organização criminosa responsável pelo envio de 45 toneladas de cocaína para
Europa, avaliada em R$ 2,25 bilhões, a partir de 2017.
Fonte: Tribuna do Norte
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