A
droga, avaliada em cerca de R$ 80 milhões, foi apreendida em terra lusitana
somente dois meses depois da prisão ocorrida em solo cearense
Antes de ser
preso em uma casa de luxo no Ceará, o traficante internacional e chefe de uma
facção criminosa de origem carioca Rodrigo Lupércio Sebastião, conhecido como
'Chocolate', enviou 320 kg de cocaína, escondidos em uma carga de açaí, para
Portugal. A droga, avaliada em cerca de R$ 80 milhões, foi apreendida em terra
lusitana somente dois meses depois da prisão ocorrida em solo cearense.
SAIBA MAIS: POLÍCIA JUDICIÁRIA DE PORTUGAL APREENDE COCAÍNA EM CARREGAMENTO DE AÇAÍ CONGELADO
A ordem de
'Chocolate' para enviar o entorpecente foi descoberta em uma investigação
conjunta realizada pelo Departamento de Inteligência Policial (DIP), pela
Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD), pela Delegacia
de Narcóticos (Denarc) e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas
Organizadas (Draco), setores da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), a partir da
extração de dados de aparelhos celulares apreendidos com o suspeito, autorizada
pela Justiça Estadual.
O paranaense
Rodrigo Lupércio, de 45 anos, e a esposa foram presos em razão de mandados de
prisão preventiva, na posse de três carros de luxo que valem cerca de R$ 1,4
milhão e de ouro e joias avaliados em R$ 150 mil, em um condomínio de luxo em
Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no dia 13 de abril deste ano.
A mulher foi solta no dia seguinte, para cumprir prisão domiciliar e cuidar de
duas filhas menores de idade e autistas. Enquanto o homem segue encarcerado no
Sistema Penitenciário cearense. A defesa dos acusados nega o cometimento dos
crimes.
A reportagem
apurou, com fontes da PC-CE, que a análise das conversas dos celulares do preso
revelou aos investigadores uma teia de crimes cometidos por ele fora do Estado,
como negociações de drogas e de armas de fogo de grosso calibre. Morando há
cerca de dois anos no Ceará, 'Chocolate' preferia muitas vezes se deslocar para
outro estado brasileiro, para fechar os negócios ilícitos. Foi por isso que ele
esteve no Pará, poucos dias antes de voltar para casa e ser capturado.
DROGA SAIU DO PARÁ COM DESTINO A PORTUGAL
Em solo paraense,
Rodrigo Lupércio fez pesquisas sobre embalagens de açaí e deu pistas de que
enviaria uma carga em um container refrigerado, que sairia do Porto de Vila
Conde (Barcarena/PA) em uma rota internacional: escala no Panamá (América
Central) e destino final em Portugal (Europa). A Polícia Federal (PF) e a Drug
Enforcement Administration (DEA) - agência norte-americana de combate ao
narcotráfico - foram acionadas.
A DEA interceptou
o container em Cristóbal, no Panamá, e inspecionou a carga de açaí, com ajuda
de um cão farejador, mas não encontrou nenhum ilícito. Depois de semanas, a
droga chegou no último dia 24 de junho ao Porto de Sines, em Portugal, onde a
Polícia Judiciária já estava avisada sobre a suspeita de tráfico internacional
de drogas.
O container
passou por um scanner, que localizou os 320,45 kg de cocaína escondidos na
carga de polpa de açaí. Dois brasileiros (um empresário paraense de 24 anos e
um estudante mineiro de 26 anos) foram presos em flagrante, no momento em que
receberiam a droga. Um terceiro brasileiro (empresário paranaense de 27 anos),
que seria o responsável pelo transporte da carga, também é suspeito de
participar do crime.
TENENTE DA POLÍCIA MILITAR É PRESO
O desdobramento
da apreensão de 320 kg de cocaína na carga de açaí levou a mais duas prisões de
brasileiros em Portugal, nos dias seguintes, de acordo com fontes da Polícia
Civil do Ceará. Entre eles está um tenente da Polícia Militar do Pará.
O policial
militar e o comparsa são suspeitos de "integrar uma organização criminosa
que se dedica à introdução de grandes quantidades de cocaína no continente
europeu", informou a Polícia Judiciária ao portal G1 Pará.
A Corregedoria
Geral da Polícia Militar do Pará descreveu, em nota, que "vai acompanhar
as investigações dos órgãos competentes e que adotará as medidas necessárias
que o caso requer" e que "não compactua com nenhum desvio de ética de
quaisquer de seus integrantes".
LEIA TAMBÉM: TENENTE DA PM-PA É UM DOS PRESOS POR TRÁFICO DE DROGAS LIGADO A 'ESCOBAR BRASILEIRO' EM PORTUGAL
O QUE DIZ A DEFESA DE 'CHOCOLATE'
A defesa Rodrigo
Lupércio Sebastião, representada pelo advogado Marcelo Brandão, nega o
cometimento dos crimes. "Nunca encontraram uma grama de droga com ele
(cliente), nem droga exportada por ele", sustenta o defensor, que também
nega o envio da droga em carga de açaí para Portugal.
Segundo Brandão,
o cliente foi condenado por roubo a banco em outro Estado, cumpriu a pena e se
mudou para Fortaleza para recomeçar a vida, como vendedor de veículos de luxo.
Ele vendia esses
carros (apreendidos). Nenhum carro é dele, e os donos estão requerendo os
carros. Ele não tem nenhum apartamento, nem riqueza. A Polícia conseguiu os
mandados de busca e apreensão e não achou nada, nem dinheiro foi apreendido”,
disse o advogado de defesa.
Marcelo Brandão
afirma que a defesa de Rodrigo Lupércio está trabalhando na sua absolvição e
que irá tentar a sua liberdade, para voltar à vida com a esposa e as filhas,
"que estão doente e precisam dele".
Fonte: Diário do
Nordeste
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