A
extradição seguiu intensa cooperação entre os Escritórios Centrais Nacionais
(ECNs) da Interpol nos dois países
A Polícia Federal
(PF) realizou na terça-feira (5/7) a extradição do italiano Rocco Morabito, conhecido
como “o rei da cocaína”, preso em maio do ano passado pela PF, em ação de
cooperação policial internacional entre Brasil e Itália.
Ele deixou o
Brasil em uma aeronave do governo italiano, que decolou de Brasília, onde
estava preso, acompanhado por policiais italianos pertencentes ao projeto
INTERPOL Cooperação Contra 'Ndrangheta (I-CAN).
Condenado a 30
anos de prisão, o traficante de drogas italiano é ligado à Famiglia Montalbano,
associação mafiosa. Investigações mais recentes da PF indicam a ligação dele
com a organização criminosa “Ndrangheta”, uma das maiores e mais poderosas organizações
criminosas do mundo.
Morabito é
considerado um dos principais traficantes internacionais de drogas e um dos
fugitivos mais procurados do mundo, segundo o Ministério do Interior italiano.
A extradição segue uma intensa cooperação entre os Escritórios Centrais
Nacionais (BCNs) da INTERPOL no Brasil e na Itália.
Ele foi procurado
pelas autoridades italianas durante 23 anos. Morabito foi preso em um hotel de João Pessoa, na Paraíba, em maio de 2021, por meio de uma operação
conjunta entre a Polícia Federal brasileira e os Carabinieri italianos com
apoio da INTERPOL.
Morabito estava
programado para ser extraditado do Uruguai depois de ter sido preso no país em
uma operação de 2017 liderada pela Divisão de Operações Especiais e Unidade de
Investigação dos Carabinieri italianos. Em 2019, no entanto, ele escapou da
prisão de um presídio em no Uruguai e um Aviso Vermelho da INTERPOL foi emitido
contra ele.
Em maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou o pedido de extradição de Morabito, feito pelo governo italiano, e autorizou a transferência do criminoso
para o país natal.
“Morabito é
considerado um dos maiores traficantes internacionais de drogas e um dos
fugitivos mais procurados no mundo”, informou na Interpol.
“A extradição de
Rocco Morabito envia uma mensagem poderosa: por mais forte que seja a rede
criminosa de grupos mafiosos, nossa rede policial global é mais forte”, disse
Giovanni Bombardieri, promotor-chefe da Promotoria Antimáfia de Reggio
Calabria.
“Os agentes de
'Ndrangheta aproveitam imensos recursos financeiros para evitar enfrentar a
justiça, mas mobilizando a aplicação da lei por meio da INTERPOL, vamos
encontrá-los e garantir que eles prestem contas por suas ações no final.”
Projeto I-CAN
A prisão de
fugitivos ligados a essa máfia é um objetivo central do projeto Interpol
Cooperation Against ‘Ndrangheta (I-CAN), que já ajudou a prender mais de 25
fugitivos em todo o mundo desde seu lançamento em 2020.
Com origem na
região italiana da Calábria, a 'Ndrangheta é considerada o grupo mafioso mais
extenso e poderoso da Itália, com atividades em todos os continentes e fortes
laços com o comércio de cocaína com destino à Europa a partir da América do
Sul.
“A 'Ndrangheta
não é apenas uma questão italiana; eles representam uma ameaça global e têm
explorado ligações com grupos do crime organizado na América do Sul para se
enriquecer”, disse Márcio Nunes de Oliveira, diretor-geral da Polícia Federal
brasileira. “Esse baú de guerra criminoso é então reinvestido em uma série de
atividades legítimas e ilegais, poluindo ainda mais a economia global.”
O Brasil é um dos
13 países participantes do projeto I-CAN da INTERPOL, conectando unidades policiais
especializadas além-fronteiras para compartilhar inteligência e fazer parceria
em operações de combate à 'Ndrangheta.
“Não importa o
quão alto eles estejam no submundo do crime, nenhum membro da máfia está acima
da lei”, disse Jürgen Stock, secretário-geral da INTERPOL. “A extradição de
Rocco Morabito é um exemplo concreto de como a cooperação multilateral entre os
BCN da INTERPOL pode levar até os criminosos organizados mais poderosos à
justiça.”
Financiado pelo
Departamento Italiano de Segurança Pública, o projeto I-CAN aumenta a
conscientização e a compreensão global sobre a 'Ndrangheta e seu modus
operandi, transformando inteligência em prisões e desmantelando suas redes e
operações. Leia mais sobre o I-CAN em nosso site.
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