O
Espaço de Concentação das Organizações da Sociedade Civil considera que o
acórdão confirma que o Supremo Tribunal de Justiça está refém da criminalidade
organizada
Sociedade civil
guineense afirma estar "estupefacta" com decisão da Câmara Criminal
do Supremo Tribunal de absolver, alegados cabeças de uma rede de narcotráfico.
"Põe em causa a credibilidade da Guiné-Bissau", dizem.
"Era
inimaginável que a instância máxima da justiça guineense fosse capaz de tomar
uma decisão completamente desenquadrada da realidade dos factos subjacentes ao
processo, que põe em causa os esforços de combate à criminalidade organizada
transnacional e que desprestigia a imagem e a credibilidade do país no que diz
respeito à seriedade do discurso sobre o combate à droga", refere, em
comunicado, o Espaço de Concentação das Organizações da Sociedade Civil.
A Câmara Criminal
do Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau absolveu dos crimes de
narcotráfico Braima Seidi Bá e Ricardo Ariza Monges, que se encontram em fuga
desde 2019, quando foram apreendidas mais de 1.800 toneladas de cocaína, mas
mantém as penas aos restantes arguidos detidos no âmbito da operação
"Navarra".
Arguidos condenados
A decisão consta
num acórdão ao recurso interposto pelo Ministério Público de outra decisão de
recurso do Tribunal de Relação, que tinha já diminuído as penas dos vários
arguidos condenados no âmbito daquela apreensão.
"Esta
decisão legalmente infundada veio dar corpo às advertências do Espaço de
Concertação sobre o risco de o poder judicial, particularmente o Supremo
Tribunal de Justiça, se transformar num instrumento, facilmente manipulável por
vários grupos de interesses instalados", alertou a sociedade civil,
lembrando que o processo de eleição do novo presidente da mais alta instância
judicial guineense foi feito "à margem da lei".
No comunicado, o
Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil considera que o
acórdão confirma que o Supremo Tribunal de Justiça "está refém da
criminalidade organizada na Guiné-Bissau" e exige ao Ministério Público
que recorra da decisão à plenária do Supremo Tribunal de Justiça.
"Sinais clarividentes de
instrumentalização da justiça"
A sociedade civil guineense denuncia igualmente os "sinais clarividentes de instrumentalização da justiça para fins políticos e económicos, pondo em causa os alicerces da democracia e do Estado de Direito".
A sociedade civil
da Guiné-Bissau apela também à "comunidade internacional e a todas as
corporações policiais externas que colaboraram na investigação e apreensão de
droga da operação Navarra para não desanimarem e continuarem empenhadas no combate
ao tráfico de droga" no país.
Em setembro de
2019, a Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau apreendeu 1.869 kg de cocaína,
a maior apreensão feita no país, e 12 pessoas, entre nacionais e estrangeiros,
foram condenadas pelo Tribunal Regional de Bissau em 2020, incluindo Braima
Seidi Bá e Ricardo Ariza Monges, que acabaram por ser julgados à revelia por se
encontrarem em fuga desde então.
A PJ mantém na
secção de procurados, da sua página na Internet, as fotografias de Braima Seidi
Bá e de Ricardo Ariza Monges.
Fonte: Deutsche Welle
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.