Três
detidos em Valência em abril de 2021 deram origem a uma investigação
internacional que resultou na detenção de 27 narcotraficantes e na apreensão de
quatro toneladas de droga
Três detidos no
Porto de Valência, em abril de 2021, quando retiravam 300 kg de cocaína num caminhão, como o Levante-EMV anunciou com exclusividade na sua época, foi o
início de um grande golpe no narcotráfico com o desmantelamento de uma
organização liderada por dois poderosos narcotraficantes brasileiros, presos em
seu país. Trata-se da Operação Turia, levada a cabo por agentes das equipas periféricas
da UCO da Guarda Civil, neste caso o ECo de Alicante e Pontevedra, com a
detenção de 7 pessoas em Valência e Barcelona e mais 20 no Rio de Janeiro,
Brasil. A rede é acusada de importar 3.900 kg de cocaína de alta pureza em
contêineres, metade deles, 2.021 kg, através do Porto de Valência.
A investigação
divulgada agora começou precisamente com a apreensão desses 300 kg e de três
homens detidos em abril de 2021, quando saíram do Porto de Valência com o
estoque camuflado em um caminhão. Os presos foram o caminhoneiro, um
“socorrista” (especialista em abrir contêineres para recuperar mochilas com
drogas) e um “notário” da organização, ou seja, um homem de confiança que
fiscaliza o processo. A cocaína estava camuflada dentro de um contêiner com
carga legal, no caso, cereais em grão, oriundo do Porto de Santos, no Brasil.
Essa chegada
ocorreu apenas um mês depois que outros três homens foram presos no porto
valenciano quando também saíram com 300 kg de cocaína em um caminhão após uma
entrada bizarra na área portuária, típica de um roteiro de Berlanga, que acabou
por entregá-los. A droga também estava escondida em um contêiner, este contendo
açúcar, vindo do mesmo porto brasileiro, embora, inicialmente, as fontes da
investigação consultadas por este jornal afirmem que não há provas para imputar
aquele embarque a eles também.
A investigação já
então iniciada pela equipa da Guarda Civil de Alicante contra o crime
organizado (ECO), já em contato com os seus colegas do ECO de Pontevedra, permitiu
apurar as ligações internacionais daquele evento ocorrido em Valência, que
colocou em curso, esta ambiciosa operação policial internacional, com total
envolvimento da Guarda Civil em conjunto com as autoridades brasileiras,
norte-americanas (principalmente a DEA) e belgas, além da Europol.
Graças a essa
investigação conjunta, na qual os dados coletados por cada país foram
compartilhados ao longo de sucessivos encontros, foi possível conhecer e
identificar os principais líderes dessa importante rede criminosa, de Dubai ao
Brasil, e a apreensão de mais de 3.900 kg de cocaína só na Espanha, todos eles
realizados pela Guarda Civil, em conjunto com a Agência Fiscal através das
Alfândegas.
De fato, para
aquele esconderijo de abril de 2021, um 'gancho perdido' (sistema pelo qual os
traficantes de drogas introduzem cocaína em grandes mochilas dentro de um
contêiner com carga legal sem que os proprietários saibam, para o qual a
resgatam no porto de destino antes que seja despachado ao seu legítimo
proprietário), teve enormes coincidências não só com o de março, mas também com
outros três carregamentos capturados no outono seguinte também no Porto de
Valência, o que confirmou que todos foram enviados pelos próprios
narcotraficantes.
As remessas
interceptadas no final de 2021 foram confiscadas em Valência em 21 de setembro
(450 kg), 19 de outubro (535 kg) e 28 de dezembro (736 kg). Somam-se a esses
embarques outros 1.900 kg interceptados no Porto de Barcelona, 1.000 em janeiro
de 2021 e mais 900 em janeiro deste ano.
Tiroteios com traficantes de drogas no Brasil
A fase final da
operação foi realizada simultaneamente na Espanha e no Brasil. Em Barcelona, os agentes
prenderam cinco supostos membros da organização e, além da cocaína, um deles confiscou 300 pés de
maconha em um cultivo 'indoor' durante uma das cinco buscas domiciliares
realizadas em Barcelona. Além disso, diversos veículos de última geração,
aparelhos celulares criptografados de grande interesse para a investigação,
joias e o bloqueio de mais de 20 contas bancárias de diversas empresas ligadas
a esse grupo criminoso, criadas para facilitar a importação da droga e a
transferência de dinheiro para o Brasil através de Dubai.
Simultaneamente,
a Polícia Federal (PF), do Brasil, na qual chamou a operação de “Operação Turfe” e da qual participaram
agentes da UCO transferidos para aquele país, prendeu 20 suspeitos de tráfico
de drogas, incluindo os dois principais líderes, e realizou 30 buscas
domiciliares, algumas delas produzindo intensos tiroteios com traficantes de
drogas antes de sua prisão. Os principais detidos são qualificados pela Europol
com o termo militar de High Value Targets (HVT, na sigla em inglês: Alvos de
alto valor).
Toda a
investigação foi supervisionada pelo Tribunal Central de Instrução 1 do
Tribunal Superior Nacional e pela Procuradoria Especial Antidrogas, informou a
UCO.
Fonte: levante-emv
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