Para
os promotores do Gaeco "ficou evidente que os três policiais se firmaram
na atividade do tráfico internacional de drogas
A
Corregedoria da Polícia Civil apura o envolvimento de policiais da 6ª Delegacia
de Combate à Facções Criminosas do Deic (Departamento Estadual de Investigações
Criminais) com o desvio de cocaína apreendida com integrantes do PCC (Primeiro
Comando da Capital).
Em outra
investigação do Ministério Público Estadual, outros três policiais civis da 2ª
Delegacia de Crimes contra o Patrimônio do Deic são acusados por tráfico
internacional de drogas. Dois deles foram presos no ano passado, mas já estão
soltos.
Segundo
a assessoria de imprensa da SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública),
apurações preliminares já estão em andamento na Corregedoria e um grupo de
policiais - incluindo investigadores e delegados - foi afastado do
departamento. A quantidade não foi informada.
As
investigações acontecem em meio à troca de comando no Deic. O delegado Fábio
Pinheiro deixa o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e assume
o lugar de Ismael Rodrigues, que passa a ser o novo titular da 4ª Delegacia
Seccional (Norte).
Uma das
apurações preliminares foi aberta após a divulgação de um áudio em grupos de
WhatsApp de policiais, supostamente gravado por integrantes do PCC, contendo
acusações contra um investigador da 6ª Delegacia de Combate às Facções Criminosas.
O autor
da gravação divulga até os dados pessoais do investigador e anuncia que ele
teve a morte decretada pelo PCC por ter desviado 1,5 tonelada de cocaína da
facção criminosa. O áudio diz que o policial não agiu sozinho e que todos os
envolvidos serão aniquilados.
Essa é a
segunda vez nos últimos cinco meses que policiais civis são acusados de desviar
droga do crime organizado. Há denúncias de que em agosto do ano passado
investigadores e seus dois informantes roubaram duas toneladas de cocaína em um
depósito no Guarujá (Baixada Santista.
A última
grande apreensão de drogas feita por policiais da 6ª Delegacia de Combate às
Facções Criminosas aconteceu no dia 28 de dezembro do ano passado. Foram
praticamente duas operações simultâneas, sendo uma em Barueri, na Grande São
Paulo e outra na Praia Grande, Baixada Santista.
Em
Barueri, policiais disseram ter encontrado 300 kg de cocaína, seis fuzis
calibres 5,56, sete coletes à prova de bala e 135 projéteis, além de telefones
celulares. Os agentes prenderam Sandro Melo de Sousa, 33, e Gilberto Martins
Bezerra de Sousa, 43.
Na
segunda operação, em Praia Grande, os investigadores deram voz de prisão para
Raimundo Naziozeno da Silva, 44. Segundo policiais do Deic, ele dirigia um
caminhão com um fundo falso onde estavam escondidos 100 tabletes de cocaína.
A
reportagem não conseguiu falar com a advogada de Raimundo Silva, mas publicará
a versão da defesa assim que houver o contato. Os presos Sandro e Gilberto
Sousa não tinham constituído defensores até a conclusão deste texto.
SAIBA MAIS: APREENSÃO DE COCAÍNA ABAIXO DA MÉDIA FAZ JUIZ REGISTRAR SUA 'ESTRANHEZA' EM SENTENÇA
Tráfico internacional
Segundo
o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão
subordinado ao Ministério Público, três investigadores do Deic tentaram
interceptar 500 kg de cocaína com narcotraficantes para mandar a droga para a
Antuérpia, na Bélgica, via porto de Santos.
O plano
dos policiais não deu certo. Documentos do Gaeco aos quais a reportagem teve
acesso mostram que os 500 kg de cocaína foram apreendidos em 26 de outubro de 2020 no Porto de Santos. A droga estava escondida em meio a um carregamento de
açúcar.
Os três
policiais civis foram acusados de sequestrar Bruno Fernando Lima Flor, o
Armani, responsável pela célula jurídica do PCC, formada, segundo o Gaeco, por
ao menos 25 advogados. O sequestro aconteceu em 24 de julho de 2020, na zona
leste de São Paulo.
Os
investigadores usaram uma sala do Deic como cativeiro de Bruno e, a princípio,
exigiram R$ 300 mil para libertá-lo. Dois dos três policiais acusados também
por tráfico internacional de drogas foram presos por esse crime em 18 de junho
de 2021.
Os
telefones celulares deles foram apreendidos e periciados. Promotores do Gaeco
encontraram nos equipamentos analisados várias mensagens de WhatsApp em grupos
formados pelos três investigadores. Nelas haviam várias comunicações entre eles
sobre o envio de drogas para a Europa.
A
documentação do Gaeco diz que havia mensagens sobre remessas de drogas
escondidas em latas para a Europa e também fotografias de itinerários de navios
partindo do Porto de Santos para a Antuérpia. Em um dos diálogos um policial
diz que "é preciso estufar as latas".
De
acordo com o Gaeco, a cocaína era escondida em latas (contêineres) para
despistar ações das autoridades, garantindo assim a chegada do entorpecente até
o continente europeu.
Para os
promotores do Gaeco "ficou evidente que os três policiais se firmaram na
atividade do tráfico internacional de drogas estabelecendo uma rota para o
entorpecente, que era apanhado na região de fronteira com o Mato Grosso e
escondido em caminhão em meio à carga de açúcar".
No
relatório do Gaeco ao qual a coluna teve acesso, os promotores afirmam que
"a rota da droga percorre os estados do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais
até chegar às rodovias paulistas e desembocar no Porto de Santos, sendo de lá
transportada por navios para a Europa".
Fonte: Josmar Jozino - Colunista do UOL
Investigação
obtida pelo Jornal da Band revela que três servidores podem estar usando a
mesma estrutura que os criminosos
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