Trabalhadores
atearam fogo em pneus para impedir o acesso ao porto de Capuaba, em Vila Velha
Todas as
atividades portuárias no Espírito Santo foram paralisadas no dia 20 de dezembro,
entre as 7 e 13 horas, em protesto dos trabalhadores de diversas categorias
contra o processo de privatização dos portos, em andamento pelo governo
federal. O ato foi o primeiro, em nível nacional, depois da decisão da plenária
dos sindicatos do setor, realizada este mês em Brasília, puxada pela venda da
Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), a primeira a ser privatizada.
O movimento foi
encabeçado pelo Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo
(Suport-ES) e demais entidades que compõem a Intersindical Portuária. Os
trabalhadores portavam faixas de protesto em defesa dos empregos, do mercado de
trabalho e da manutenção do porto público.
A entrada do
porto de Capuaba, em Vila Velha, foi fechada, impedindo a movimentação de
caminhões e carretas. Os trabalhadores colocaram fogo em pneus para dificultar
o trânsito e, ao mesmo tempo, fizeram pronunciamento denunciando "a
covardia" do governo e os prejuízos à economia do Estado que será
consolidado com a privatização da Codesa. O protesto, além de Capuaba, atingiu
os portos de Vitória e Barra do Riacho, em Aracruz, norte do Estado.
"Está tudo
parado, desde a guarda, o Ogmo [Órgão Gestor de Mão de Obra], o setor
administrativo, e vamos manter o movimento para chamar a atenção do governo
para essa covardia que é a entrega dos portos para o privado", disse Antônio
Cândido, presidente do Sindicato da Guarda Portuária do Espírito Santo
(Sindguapor-ES), ao anunciar outras paralisações.
Nova paralização
A próxima será no
dia 28 de janeiro, com duração de 12 horas; em fevereiro de 18 horas; e assim
por diante, acrescenta o dirigente sindical. Para ele, o "governo do
Estado não tem mostrado esforços contra a privatização", cujo modelo será
testado no Espírito Santo e depois aplicado em outros portos, a começar pelo de
São Paulo. Antônio Cândido comentou ainda que, da bancada federal, somente o
deputado Helder Salomão (PT) participava do ato, prometendo fazer pressões em
Brasília a fim de mudar o quadro.
"O porto tem
lucro e emprega centenas de trabalhadores que serão demitidos com a
privatização", comenta Antônio Cândico, e destaca: "A Portaria
84/2021 que exclui a Guarda Portuária, que será substituída por vigilantes da
iniciativa privada, que ocuparão seus postos. Isso inclui áreas de fronteira,
que serão entregues na mão de quem eles quiserem".
A privatização
dos portos, a ser iniciada com a venda da Codesa, irá gerar desemprego, fuga de
cargas para outros estados, aumento de tarifas, perda de arrecadação municipal
e estadual, entre outros impactos, no entendimento de Antônio Cândido, idêntico
a de especialistas, que já se manifestaram contra o modelo de privatização
adotado pelo governo Bolsonaro.
O calendário de
luta foi aprovado na Plenária Nacional das Três Federações — Federação Nacional
dos Portuários (FNP), Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e Federação
Nacional dos Conferentes e Consertadores de Carga e Descarga, Vigias
Portuários, Trabalhadores de Bloco, Arrumadores e Amarradores de Navios, nas
Atividades Portuárias (Fenccovib) -, realizada em Brasília nos últimos dias 7 e
8 de dezembro.
Fonte: Século Diário
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