Ela era
coordenadora da Comissão Estadual de Segurança nos Portos, Terminais e Vias
Navegáveis do Estado de São Paulo (CESPORTOS-SP)
A
delegada Luciana Fuschini Nave assumiu a chefia da Delegacia da Polícia Federal
em Santos. A Portaria da nomeação foi publicada no Diário Oficial da União
(DOU), no dia 31 de agosto.
Luciana
tomou posse na Polícia Federal (PF) em 2002, sendo lotada na Delegacia de
Santos desde então. Ela presidiu investigações de grande relevância em diversas
áreas de atribuição da Polícia Federal.
Nos
últimos anos, ela chefiava o Núcleo de Imigração e era coordenadora da Comissão
Estadual de Segurança nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis do Estado de São
Paulo (CESPORTOS-SP), com destaque por sua atuação e promoção da integração
entre órgãos parceiros e entidades privadas.
A sucessão na PF II
* Texto de Jose Roberto Sagrado da Hora, publicado no Jornal A Tribuna – Santos-SP
A
Delegacia de Polícia Federal em Santos tem nova chefia. Publicado no Diário
Oficial desta semana, 31/08, a nomeação da Delegada Luciana Fuschini Nave
homenageia a cidade e o porto de Santos, os santistas nascidos e moradores,
distingue os funcionários da Polícia Federal, lotados na própria delegacia,
retoma os valores internos do exercício da policia judiciária, da antiguidade e
do reconhecimento de trajetórias individuais.
Operacional,
foi a Delegada Luciana quem apreendeu os mais de 1.200 tabletes de cocaína
embalados em sacos de carvão vegetal encontrados nos terminais Mesquita e
Rodrimar no porto de Santos/SP em agosto de 2005. A maior apreensão de drogas
no porto, até então. Assumiu o Plantão da Delegacia, ainda na praça da
República, sozinha, em meio à greve de Policiais Federais e aos ataques contra
alvos policiais do grupo criminoso paulista, em 2006, primeiro semestre.
Atuante,
era daquelas policiais federais, mulher e mãe, que podia ser encontrada nos
vôos (o jato ERJ 145 da PF), para os quais eram convocados policiais federais
sem destino revelado instruídos a portar apenas uma muda de roupa para pernoite
em algum quartel do exército. De repente, Goiânia/GO, por exemplo. Perspicaz,
presidiu o inquérito que apurou o furto de equipamentos de informática
reservados para inauguração da nova sede na delegacia na rua Riachuelo.
Recuperou os equipamentos, encontrou o responsável e o encaminhou à justiça.
Destemida,
defendia a importância estratégica da delegacia dentro do organograma do órgão
e como peça chave para a implementação de qualquer plano de segurança pública
frente aos muitos projetos de esvaziamento da repartição local, orquestrados
por sucessivas gestões desinteressadas pela atividade fim da PF e
descomprometidas com a região e suas demandas.
Companheira
e desprendida assumia a defesa dos colegas policiais perseguidos por opinião,
em substituição aos omissos órgãos classistas que não cumpriam sua missão. Este
perfil essencialmente marcado pela presidência de investigações e postura
crítica da condição vivenciada pelo delegado, nos últimos anos, dentro da
instituição, paralisou a carreira da Delegada Luciana Fuschini e de tantos
outros.
Esta
nomeação sinaliza uma verdadeira revolução na política de escolha de policiais
para os cargos de comando da PF. Enfim, mais um Delegado (no caso, Delegada)
que não pertence à irmandade que dirigiu a polícia federal nos últimos anos,
trocando comandos entre si como na brincadeira de “Escravos de Jó”. As
sucessões na PF e a carreira de Delegado de Polícia Federal destravaram
positivamente com o sacudir de árvores promovido pelo governo Bolsonaro.
A
Delegacia de Polícia Federal em Santos/SP foi criada para exercer todas as atribuições
legais e constitucionais que a Polícia Federal recebeu, nas regiões da Baixada
Santista e Vale do Ribeira, de Bertioga ao sul até a divisa do Estado de São
Paulo até a divisa com Estado do Paraná. Uma descentralizada da Polícia Federal
e não da Superintendência em São Paulo, capital. Inclua-se nesta
responsabilidade o maior porto do país, o Polo Industrial de Cubatão/SP, o
pré-sal, áreas de preservação ambiental e até algumas aldeias indígenas
existentes em nosso litoral.
Para
missões de tanta envergadura e importância econômica para o pais, a Delegacia
recebera efetivo suficiente, equipamentos, tais como o mais equipado Núcleo de
Polícia Marítima (NEPOM) do pais, lugar de destaque nas consultas e formulações
de planos nacionais e estaduais de Segurança Pública, área para construção de
sede adequada com afetação para uso exclusivo inscrito em cartório registro de
imóveis, localizado no bairro do Jabaquara aos fundos da Santa Casa de
Santos/SP e, sobretudo orçamento próprio
como unidade gestora 200362.
Com
efeito, a relevância da região para o PIB e o desenvolvimento nacionais fez com
que a União instalasse entre nós representações de órgãos federais com o mesmo
porte ou maior que muitas capitais. A Policia Federal, no entanto, em movimento
contrário aos interesses regionais e ao combate ao narcotráfico e contrabando
desenvolveu um processo de enfraquecimento institucional da delegacia e de
desdouro aos servidores locais que passou pela devolução à União da área
destinada para nova sede e terminou com Portaria n° 5410-DG/DPF, de 01 de junho
de 2015 que cassou a autonomia administrativa e financeira da Delegacia de
Policia Federal em Santos/SP.
A
dinâmica silenciosa de desvigorar a Delegacia Federal de Santos que não
mereceu, à época, a atenção da sociedade organizada e das autoridades locais e
nem da imprensa, pode agora estar com os dias contados. Com a Delegada Luciana
encontraremos comprometimento com a região. Isto já foi demonstrado, por
exemplo, quando da mudança de sede na Pça da República para um prédio reformado
na rua Riachuelo (onde está até hoje) conseguindo arrastar para a cerimônia de
“inauguração” que ela organizou o Ministro da Justiça Tomas Bastos e as
respectivas autorizações para e a utilização das instalações do CONCAIS, em
zona primária.
A
Delegada Luciana, nasceu e construiu sua história pessoal e profissional na
cidade de Santos. Ativa, voluntariosa e capaz, acumulou nos últimos dois anos
as funções de polícia Judiciária, a Chefia do núcleo de imigração em Santos/SP
com a coordenação da Cesportos – A Comissão Estadual de Segurança Pública nos
Portos, Terminais e Vias Navegáveis,
A
missão será difícil. Ela precisará dos esforços de todos na Delegacia e de toda
a comunidade envolvida. Não é simples recuperar o ambiente interno de entusiasmo
e nem superar a comoção nacional causada pela luta contra a pandemia.
Reunir
pessoas em torno de uma causa é sua outra característica, no entanto. Ninguém
pode duvidar de quem conseguiu a adesão de todo efetivo policial para campanha
de doação de medula óssea, em outro momento difícil para a Delegacia.
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